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Encontrado na casa do promotor Nisman perfil genético distinto ao dele

Juíza ordena comparação da amostra com DNA de quem emprestou a pistola ao promotor

Francisco Peregil
Várias pessoas carregam pôsteres durante uma manifestação diante do Congresso da Argentina, no dia 4 de fevereiro.
Várias pessoas carregam pôsteres durante uma manifestação diante do Congresso da Argentina, no dia 4 de fevereiro.Rodrigo Abd (AP)

A polícia científica encontrou na residência do promotor Alberto Nisman um perfil genético distinto do dele. Ainda não se sabe se corresponde a alguma das pessoas que afirmaram tê-lo visitado no sábado, dia 17 de janeiro, um dia antes de sua morte. Por enquanto, a juíza Fabiana Palmaghini, encarregada da investigação, ordenou na manhã da terça-feira comparar a amostra com o DNA de Diego Lagomarsino, o técnico de informática que emprestou a pistola ao promotor.

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Naquele sábado, Diego Lagomarsino entrou em duas ocasiões na casa de Nisman, conforme confessou em uma entrevista coletiva. Na primeira ocasião, sempre segundo Lagomarsino, Nisman lhe pediu uma pistola porque disse que já não confiava nem em seus guarda-costas. E na segunda vez que entrou no apartamento, ao redor das oito da noite do sábado, Lagomarsino entregou-lhe a arma. "Disse a ele: 'Olhe, é uma arma velha, é uma 22, do que você vai se defender com isso?", relatou o técnico de informática no dia 28 de janeiro. "Ele me disse: 'Não se preocupe, é para colocar no porta-luvas se porventura vem um maluco com um pau e me chama de traidor, filho de puta'. Disse a ele: 'Mas, Alberto, isso não assusta ninguém'. E me disse: 'É o único favor que te peço e você não me faz?"

A investigação sobre a morte de Nisman avança à medida que se conhecem os resultados das distintas perícias solicitadas pela juíza e pela promotora Viviana Fein. Na segunda-feira se soube, por exemplo, que Nisman ligou várias vezes ao ex-agente secreto Antonio Stiuso um dia antes de morrer. Stiuso foi, durante mais de três décadas, um dos principais funcionários da Secretaria de Inteligência, subordinada à Casa Rosada, até que a presidenta Cristina Fernández mandou aposentá-lo em dezembro passado.

O agente aposentou-se com 61 anos, quatro antes da idade que determina a lei na Argentina. Cristina Kirchner apontou-o como responsável de uma operação na qual, por meio da denúncia de Nisman — que acusou a presidenta de acobertar terroristas iranianos responsáveis pelo atentado contra uma associação judaica em 1994 — e sua posterior morte se pretenderia desgastar seu Governo. A promotora Fein o convocou para depor na qualidade de testemunha na semana passada. Naquele momento não foi possível que ele prestasse depoimento, mas é provável que o encontro de Stiuso com a promotora aconteça nesta semana.

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Por outro lado, as últimas provas periciais dadas a conhecer na segunda-feira revelam que o orifício e a trajetória da bala resultam “compatíveis” com uma “lesão auto infligida”. Ou seja, Nisman pode ter se suicidado. A munição entrou cerca de três centímetros acima da orelha, uma distância não habitual entre os suicidas, mas tampouco improvável.

Os legistas que fizeram a autópsia não encontraram sinais de luta no corpo. Também indicaram que o disparo foi realizado a uma distância não superior a um centímetro da cabeça. Com isso, concluíram que não se infere “participação de terceiras pessoas”. Não obstante, a juíza e a promotora continuam investigando também a hipótese do assassinato e a do suicídio sob possível ameaça. Mais de 70% dos argentinos acreditam que Nisman foi assassinado, conforme mostram várias pesquisas divulgadas uma semana depois de sua morte.

Na próxima semana são esperados os resultados de várias provas periciais que podem lançar mais luz sobre um caso que abalou os estamentos políticos e jurídicos do país.

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