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Estado Islâmico ataca hotel que aloja o poder político em Trípoli

Três terroristas matam três guardas, cinco estrangeiros e um refém e se suicidam

Forças de segurança e veículos de emergência líbios cercam o hotel Corinthia de Trípoli.Foto: reuters_live | Vídeo: REUTERS-LIVE!
Javier Casqueiro

Um grupo de terroristas do ramo líbio do Estado Islâmico irrompeu a tiros na recepção do hotel de luxo Corinthia, em Trípoli, na manhã de terça-feira, matou três guardas de segurança, ativou um ou dois carros-bomba no estacionamento e depois se entrincheirou durante várias horas nos andares mais altos do prédio, até que finalmente os agressores se suicidaram explodindo cinturões explosivos quando viram-se cercados. Antes, conseguiram assassinar nove pessoas: os três vigilantes, cinco estrangeiros e um dos reféns.

O hotel Corinthia é um dos poucos de primeiro nível ainda em atividade na capital da Líbia, onde normalmente reside o primeiro-ministro do Governo local não reconhecido internacionalmente, e também muito ocupado por turistas estrangeiros, homens de negócio e diplomatas. No momento, está 90% vazio por conta da situação de instabilidade e caos há meses vivida pelo país, com dois Governos, dois Parlamentos e as milícias armadas disputando o controle das cidades.

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Um membro do Estado Islâmico na Líbia reivindicou o ataque no Twitter, que começou às 9h da manhã (5h de Brasília), quando os terroristas provocaram as explosões no estacionamento e invadiram atirando contra os guardas de segurança na recepção do hotel.

O portal SITE, que noticia assuntos ligados a grupos islâmicos, informou através das redes sociais que o Estado Islâmico atribui este ato como uma vingança pela morte de Abu Anas al Liby, um dirigente da Al Qaeda vinculado aos atentados contra as embaixadas dos Estados Unidos no Quênia e na Tanzânia em 1998, e que morreu em janeiro em um hospital de Nova York.

O hotel é normalmente a residência utilizada pelo primeiro-ministro do denominado Governo de Salvação da Líbia, Omar Al Hasi, não reconhecido internacionalmente, para viver na capital. Fontes de sua equipe esclareceram que o político estava dentro do edifício quando o ataque começou, mas foi evacuado a tempo. Seu governo relacionou o ataque com o objetivo de matar o ministro, por parte de representantes do antigo regime de Muammar al-Gaddafi, que dominou a Líbia ditatorialmente por 42 anos. O hotel é um edifício que encontra-se atualmente muito vigiado e com fortes medidas de segurança.

Tuitada do correspondente do Financial Times da Líbia na qual estão fotos do suposto agressor.

A situação esteve extremamente confusa durante toda a manhã a respeito das vítimas do ataque. A maioria das fontes, veículos de comunicação e agências presentes asseguram que após o tiroteio no saguão morreram três vigilantes armados do hotel. A Reuters citou depois o diretor de uma unidade das forças especiais, Mahmud Hamza, para fixar a cifra de mortos em oito, cinco deles estrangeiros (duas mulheres). A Efe mencionou fontes de segurança líbias para situar o número de mortos em seis. A AFP, por sua parte, certificou finalmente que as vítimas são nove: os três guardas, cinco estrangeiros (duas mulheres) e um dos reféns.

O número total de feridos atendidos no hospital local elevou-se no final para 24. O Ministério do Interior do Governo local assegura que já efetuou uma prisão.

Durante toda a manhã, desde às 9 horas locais e até depois das 15h (11h de Brasília), os três terroristas andaram armados pelo interior do hotel e se trancaram com reféns em um dos andares mais altos do prédio.

O porta-voz do escritório local de segurança, Esam al Naas, explicou para a agência oficial WAL e outros veículos de informação que alguns empregados do hotel ficaram levemente feridos e que a própria instalação sofreu pequenos estragos em seu interior e sua fachada. Comentou também que as forças de segurança estavam desalojando o imóvel andar por andar e que os terroristas tinham reféns sob custódia no 23° andar. As câmeras de segurança internas do hotel registraram as imagens dos terroristas andando pelos corredores de diversos andares.

No final da manhã, Esam al Naas confirmou a AFP que o sequestro terminou quando as forças de segurança cercaram os terroristas no 24° andar do prédio e estes explodiram os cinturões explosivos que vestiam. Nesse andar abriga-se normalmente a sede da missão diplomática do Catar na Líbia, mas estava desocupado no momento.

O ataque gerou várias cenas de pânico em todo o recinto e as autoridades isolaram a área.

Esse atentado já foi rapidamente condenado pelos dirigentes da União Europeia em Bruxelas, que lamentaram o que consideram um boicote ao processo de paz que há semanas e meses vêm tentando abrir sem sucesso, sob o auspício da missão especial da ONU (UNSMIL), dirigida pelo diplomata espanhol Bernardino León. Esse processo foi retomado na segunda em Genebra, com representantes dos partidos e das entidades cívicas e sociais respaldadas internacionalmente “em um clima de grande cordialidade”, mas ainda sem os políticos do Congresso Geral Nacional com sede precisamente em Trípoli e que apoia o Governo de Omar Al Hasi.

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