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Pelo menos 27 são presos na França e na Bélgica por suspeita de terrorismo

Promotoria belga afirma que os 12 detidos pretendiam “matar policiais” Capturados na França são acusados de dar “apoio logístico” aos terroristas

Autoridades belgas apresentam balanço da operação.Foto: reuters_live | Vídeo: REUTERS LIVE

A França, a Bélgica e Alemanha realizaram operações contra o terrorismo jihadista em que foram presas ao menos 27 pessoas nas últimas horas, das quais 12 em diversos locais da região de Paris. A suspeita é que, na França, os suspeitos presos tenham relação com os atentados da semana passada, segundo a rádio France Info. As outras pessoas foram detidas na Bélgica, durante operação iniciada nesta quinta-feira em que morreram dois supostos terroristas. Segundo o Ministério Público Federal belga, não há vínculo entre os presos na França e na Bélgica.

“Foram desmanteladas várias células terroristas cujo objetivo era matar policiais”, disse na manhã desta sexta-feira Thierry Werts, do Ministério Público Federal belga. O porta-voz do órgão, Eric Van der Sypt, afirmou na mesma ocasião que a Polícia Federal e as unidades antiterroristas “realizaram na tarde da quinta-feira 12 intervenções” em diferentes cidades do país.

Já as prisões na periferia da capital francesa foram efetuadas pelo grupo de operações especiais da polícia, a RAID, informou a France Info. Fonte da Justiça citada pela rede de TV Itele disse que os detidos são acusados de dar “apoio logístico” aos terroristas, com apartamentos, armas e veículos. Segundo a BFM TV, são pessoas com antecedentes de crimes comuns. Os investigadores buscam, na França e no exterior, cúmplices dos três terroristas mortos na sexta-feira passada, os irmãos Said e Chérif Kouachi, e Amedy Coulibaly.  Tanto os irmãos Kouachi quanto Coulibaly foram mortos na sexta-feira passada.

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As prisões ocorreram em Montrouge, Châtenay-Malabry, Epinay-sur-Seine, Fleury-Mérogis e Grigny. A última cidade, a 20 km a sudeste de Paris, concentra 8 das 12 detenções, de acordo com a BFM TV. Coulibaly morou em Grigny na infância e juventude.

Com relação a Coulibaly, segue-se especialmente a pista de sua mulher, Hayat Boumeddiene, que no dia 2 voou para Istambul, de onde logo passou para a Síria junto com Mehdi Sabry Belhoucinne, irmão de Mohamed, conhecido jihadista que em julho do ano passado foi condenado na França por sua participação numa rede de recrutamento de combatentes.

De fato, há elementos que mostram que o próprio Coulibaly esteve em Madri pelo menos em 1º e 2 de janeiro (como atesta seu celular) e, segundo o Le Figaro, encontrou-se na capital espanhola com Mohamed Belhoucinne, que viajava com sua mulher e seu filho. O jornal acrescenta que se considera que o último também tenha ido para a Síria.

Tensão em Paris

A estação de trem do Leste de Paris (Gare de l’Est) foi evacuada na manhã desta sexta-feira em razão de um ameaça de bomba. A região de Paris está no nível mais alto do plano antiterrorista Vigipirate, o que se traduziu nesta semana na alocação de 10.000 militares e 4.700 policiais adicionais em toda a França.

A operação que resultou nas prisões em Paris foi divulgada pouco antes do secretário de Estado norte-americano, John Kerry, ser recebido pelo presidente francês, François Hollande, para conversar sobre as 17 vítimas dos atentados -- sendo 12 pessoas no ataque ao jornal satírico Charlie Hebdo, uma policial e quatro reféns em um mercado judaico.

Hollande se encontrou com Kerry no Palácio do Eliseu às 8h30 (horário local), depois do norte-americano ter se reunido às 7h45 com seu par francês, Laurent Fabius. Oficialmente, o principal tema de conversa é a colaboração contra o terrorismo, o que implica em troca de informações sobre a investigação dos ataques sofridos pela França na quarta e na sexta-feira da semana passada.

O chefe da diplomacia dos EUA irá à Prefeitura de Paris ao meio-dia (10h de Brasília) para fazer uma declaração conjunta com a prefeita, Anne Hidalgo, em homenagem às vítimas, numa tentativa de fazer esquecer que nenhum alto dirigente norte-americano esteve na marcha que reuniu multidão em Paris no domingo passado, da qual participaram cerca de 50 líderes europeus e de outros continentes. Na quinta-feira, Kerry disse que com sua ida a Paris queria dar “um forte abraço” na França depois dos atentados.

Um dia depois da ação contra o Charlie Hebdo, o presidente dos EUA, Barack Obama, foi à embaixada francesa em Washington, onde redigiu uma mensagem no livro de honra, na qual, em nome de todos os norte-americanos, ressaltava sua “profunda simpatia e solidariedade depois desse terrível ataque terrorista”. “Avançamos juntos, convictos de que o terror não derrotará a liberdades e nossos ideais, que iluminam o mundo”, concluiu Obama em seu texto, antes de, em francês, dizer “Viva a França”.

Na Alemanha

Na Alemanha, a polícia revistou onze residências nos bairros de Wedding e Moabit, com um alto que índice de população muçulmana. As autoridades não divulgaram se encontram armas ou propaganda jihadista, mas afirmaram que três pessoas estão sendo investigadas. Um dos detidos foi identificado como Ismet D, de 41 anos, conhecido como “Emir de Wedding” e foi acusado de liderar um grupo islamista. O segundo detido, Ismet D., de 43 anos, foi financiado de apoiar logisticamente grupos dispostos a viajar à Síria. No sábado passado, um comando especial prendeu na cidade de Dinslaken,  Nils D., de 24 anos, que passou um ano na Síria. Três dias depois, a polícia capturou no aeroporto de Düsseldorf a Irfan D, um islamista com passaporte holandês e turco e contra o qual existia uma ordem de captura internacional.

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