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“Tenha cuidado, eles estão aqui”

Dammartin-en-Goële, onde estão entrincheirados os suspeitos, está cercada pela polícia

Guillermo Altares
Polícia cerca a área industrial, onde se encontram os suspeitos do ataque ao "Charlie Hebdo".
Polícia cerca a área industrial, onde se encontram os suspeitos do ataque ao "Charlie Hebdo".DOMINIQUE FAGET (AFP)

Serge Sitruk, esta manhã, foi acordado pelo som de tiros. O homem se levantou assustado. Sua esposa também tinha ouvido vários tiros um pouco antes. “Tenha cuidado porque eles estão aqui, em Dammartin”, alertou ela. Referia-se aos supostos autores do atentado contra o semanário Charlie Hebdo. “Em seguida, começaram a chegar policiais e helicópteros na área. E cercaram a cidade. Os agentes nos disseram para fechar as cortinas e ficar em casa”, explica, desconcertado, a poucos metros de sua casa em Dammartin-en-Goële, a cerca de 45 quilômetros a noroeste de Paris. Ele só saiu para passear com seu cachorro. E apenas alguns minutos.

Uma forte operação policial e de segurança mantém cercado um edifício a poucos quilômetros de sua casa, na zona industrial desta cidade, onde permanecem entrincheiradas duas pessoas identificadas “com quase certeza” como os autores do ataque de quarta-feira em Paris, no qual morreram 12 pessoas. Os irmãos Cherif e Said Kouachi, suspeitos do atentado, teriam entrado em uma pequena gráfica familiar e, de acordo com algumas fontes, podem ter um refém. No entanto, ainda não há confirmação oficial de que haja pessoas presas dentro do edifício.

A área residencial de Dammartin-en-Goële, onde Sitruk vive há dois anos, está deserta. Nenhum sinal de seus 8.000 habitantes. Um vazio ainda mais notável em um dia cinzento, de muitas nuvens. As lojas, as cortinas e a maioria das persianas das casas estão fechadas. A cidade dormitório, perto do aeroporto Charles de Gaulle – onde trabalha a maioria dos moradores – está cercada por policiais fortemente armados. Não se pode entrar ou sair. Apenas a imprensa, e em um comboio escoltado, pode entrar por suas ruas. As aulas nas escolas já tinham começado quando foi iniciado o dispositivo de segurança, e as crianças e professores, que tinham ficado confinados dentro das escolas por horas, estão sendo evacuados.

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Didier Chevalier, vice-prefeito de Othis, um dos municípios próximos, explica que a empresa que estão entrincheirados os suspeitos se chama CTD e é uma pequena gráfica familiar com não mais do que seis trabalhadores. Chevalier, que conhece bem a empresa, pois a prefeitura trabalha com eles há um ano, explica que normalmente começam a trabalhar às 9h da manhã. Por isso, embora não tivesse nenhuma informação oficial, acreditava que no momento do ataque havia poucas pessoas no edifício.

Chevalier e Sitruk observam que o ocorrido em Dammartin-en-Goële pegou a todos desprevenido. A operação de busca dos irmãos Kouachi estava acontecendo a uns 30 quilômetros da área.

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