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Merkel vê a zona do euro forte para superar uma saída da Grécia

Revista diz que Berlim dá como certo o abandono da moeda comum se Syriza vencer pleito

A chanceler alemã, Angela Merkel, com o primeiro-ministro grego, Antonis Samaras.
A chanceler alemã, Angela Merkel, com o primeiro-ministro grego, Antonis Samaras.EFE

Quando a crise do euro estourou cinco anos atrás, na Grécia, e causou o temor de que a zona do euro pudesse chegar ao fim, a chanceler Angela Merkel tomou duas decisões que conseguiram afastar o perigo. Em um tom categórico e que não admitia discussões, disse que a Grécia deveria continuar pertencendo à zona do euro e, ao mesmo tempo, impôs uma rígida política de economia fiscal aos seus participantes, uma medida que ainda continua em vigor.

Cinco anos depois e diante do risco do partido esquerdista Syriza surgir como vencedor nas eleições presidências que ocorrerão em 25 de janeiro, Merkel mudou radicalmente de opinião a respeito do futuro do país helênico, e acredita que a zona do euro pode sobreviver se um futuro Governo grego liderado por Alexis Tsipras decidir abandoná-la.

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A mudança radical de postura da chanceler, uma medida da qual seu ministro das Finanças, Wolfgang Schäuble, também compartilha, foi revelada no domingo pela revista Der Spiegel, que assegura que os dois aceitarão a saída da Grécia, no caso do futuro Governo grego decidir por isso, uma possibilidade que já foi batizada em Berlim como “Grexit”.

Tanto Merkel como Schäuble estimam que a zona do euro fez progressos sólidos desde a pior fase da crise do euro, em 2012, consideram que os riscos são limitados e acreditam que uma saída da Grécia seria contornável. “O perigo de contágio é limitado pois se considera que Portugal e a Irlanda estão reabilitados”, diz a revista, que cita uma fonte não identificada do Governo.

A publicação destaca também que a zona do euro já conta com o fundo de resgate europeu, o chamado Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEDE), que o qualifica como um mecanismo “efetivo” de resgate e que já se encontra disponível para fazer frente a eventuais crises. Do seu lado, os grandes bancos estão protegidos pela união bancária.

Por isso, agora em Berlim e Bruxelas deixou de predominar a chamada teoria do dominó que advertia “do perigo do fim da união monetária, se um membro caísse”, diz a revista. Agora predomina a chamada ‘teoria da corrente’, que funciona da seguinte forma: “se o elo mais frágil da corrente cair, o resto da corrente torna-se mais sólida”.

O Governo alemão, que considera quase inevitável uma saída da Grécia se o partido de esquerda Syriza ganhar as eleições, também chega à conclusão de que já não pode continuar cedendo às pressões da Grécia, diante do perigo de que novas concessões animem países como a França e a Itália a deixar de lado suas reformas e deem mais argumentos para a Frente Nacional da França, ao movimento Cinco Estrelas liderado por Beppe Grillo na Itália ou o Podemos, na Espanha.

Merkel, segundo a Der Spiegel, decidiu ignorar a nova ameaça vinda da Grécia, enquanto seu ministro das Finanças já advertiu Atenas sobre as consequências de distanciar-se do caminho das reformas econômicas. “Se a Grécia tomar outro caminho será difícil. As eleições não modificam os acordos conseguidos com o Governo grego e cada novo Governo deverá cumprir os acordos feitos pelo anterior”, disse Schäuble, na segunda-feira.

O artigo da revista, que teve ampla repercussão nas edições digitais da imprensa alemã, não foi comentado pelo Governo e pelo Ministério das Finanças.

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