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Cebrián: “Jornalistas continuarão sendo necessários na revolução digital”

Grandes veículos ibero-americanos discutem o futuro das comunicações em Veracruz

Cebrián: “Revolução digital ainda precisará de jornalistas”Foto: reuters_live | Vídeo: Efe / Reuters-Live
J.M.A.

Uma mudança de civilização está em pleno curso. E no olho do furacão se encontram os meios de comunicação, cuja sobrevivência dependerá de sua capacidade de adaptação. Nesse ambiente vertiginoso, tudo está aberto, mas o jornalismo e os jornalistas continuarão tendo seu lugar. Essa foi uma das conclusões do 3o Fórum da Comunicação realizado em Veracruz, no México, coincidindo com o início da 24a Cúpula Ibero-Americana. Compareceram à jornada de intensos debates o primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, e o presidente do México, Enrique Peña Nieto, assim como dirigentes dos principais grupos de comunicação da América Latina e da Espanha.

Em sua intervenção, Rajoy destacou o momento de incertezas que o mundo atravessa por causa da revolução digital. “Os governantes, os cidadãos e as estruturas econômicas precisam se adaptar. Sem dúvida, a modernidade é o destino das comunicações, mas ela não deixa de carregar riscos”, declarou, em um breve discurso no qual defendeu seu programa de reformas na Espanha. Peña Nieto se expressou em um sentido parecido. Para ele, os Estados devem evitar as ingerências arbitrárias e garantir que o universo da comunicação tenha “cobertura universal, pluralidade e livre acesso”.

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Na parte mais profissional do Fórum foi destaque a mesa-redonda da qual participaram o presidente do Grupo PRISA (que publica o EL PAÍS), Juan Luis Cebrián, o presidente do grupo argentino Clarín, Jorge Carlos Rendo, e o da espanhola Unidad Editorial, Antonio Fernández-Galiano. Cebrián, primeiro diretor do EL PAÍS, deu início ao debate ressaltando a dificuldade dos veículos de sobreviver em um universo cada vez menos intermediado, onde, graças ao impulso das redes sociais e à popularização da internet, as plataformas tradicionais já não alistam a opinião pública. “Temos que nos transformar, mas não há dúvidas de que os jornalistas continuarão existindo no futuro, pois as pessoas precisam de informação rigorosa e confiável”, disse Cebrián.

Temos que nos transformar. Por enquanto, nenhum veículo tradicional conseguiu isso" Juan Luis Cebrián, presidente do Grupo PRISA

O presidente da Unidad Editorial também apostou na permanência do jornalismo e dos jornalistas, e enfatizou a necessidade de se investir em talento e se adaptar a novos hábitos de leitura. No diálogo, ele defendeu o papel histórico dos jornais como parte do “aperfeiçoamento do sistema democrático”.

Em relação à questão de modelos, o presidente do Grupo Clarín levantou o problema da sobrevivência de seu principal veículo diante da hostilidade do Governo argentino. “Há uma agressão constante àqueles que não são partidários deles. O governo foi o primeiro a se dar conta da importância das redes sociais. Seu objetivo é chegar à população sem intermediários, para impor suas mensagens. Ele tem toda uma máquina preparada para isso”, afirmou Rendo.

Nos painéis, organizados pela Televisa e pela Secretaria de Comunicações espanhola, também foi debatido o modelo de negócios do setor. O vice-presidente da Telefónica, Julio Linares, alertou que não são os mais fortes que sobreviverão à revolução digital, mas sim os mais adaptados. “É preciso investir na rede. O mundo já é digital e a revolução já começou. O consumidor tem mais poder do que nunca, está sempre conectado. Mas é preciso ver se, nessa cadeia de valor, é possível obter lucros em função do esforço realizado. É preciso um mínimo de equilíbrio e uma certa sintonia entre investimentos e rendimentos. Do contrário, gera-se uma indústria vulnerável e se produzirá um abismo. E isso é um perigo”, advertiu Linares.

Em meio à enorme perturbação enfrentada pelos meios tradicionais, o presidente da norte-americana Univisión, Randy Falco, vislumbrou uma oportunidade. A audiência se tornou mais jovem e o espanhol, graças à difusão digital, está multiplicando seu impacto. “Um em cada seis norte-americanos são hispânicos, e no futuro teremos um em cada três. Isso é uma oportunidade”, disse ele.

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