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Antonio Caño: “É uma época fascinante para o jornalismo”

Diretor do EL PAÍS analisa na Feira de Guadalajara a atual situação da profissão

J. M. Ahrens
O diretor do EL PAÍS, Antonio Caño, com a diretora da rádio W, Gabriela Warkentin.
O diretor do EL PAÍS, Antonio Caño, com a diretora da rádio W, Gabriela Warkentin.SAÚL RUIZ

“É uma época fascinante para o jornalismo.” O diretor do EL PAÍS, Antonio Caño, analisou no domingo a atual situação da profissão e dos meios de comunicação, numa concorrida palestra na Feira Internacional do Livro de Guadalajara (México). “Fala-se do fim do jornalismo, mas, sempre que algo importante ocorre, são os jornais que contam. É um ofício necessário”, afirmou Caño, respondendo a perguntas da prestigiosa jornalista Gabriela Warkentin, diretora da emissora Rádio W.

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Em sua fala, o diretor do EL PAÍS destacou os excelentes resultados obtidos pelo site elpais.com, que, com mais de 13,5 milhões de usuários únicos, ocupa o primeiro lugar mundial entre os jornais digitais em espanhol, com crescimento de 22% em outubro, o último mês contabilizado. “É um grande momento para o jornal, temos tanta ou mais influência do que nunca. Obtivemos um acertado desenvolvimento na Internet, com quatro edições: Espanha, América, Brasil e Catalunha. Somos líderes na imprensa de qualidade e rigor”, afirmou Caño. O EL PAÍS também ocupa a posição de liderança entre os jornais impressos na Espanha, onde, além do mais, houve um abrandamento na tendência de queda das vendas – um fenômeno difundido na Europa e nos Estados Unidos. “A experiência do leitor é diferente em papel e no digital, são avenidas de aproximação diferentes, mas complementares”, disse.

A experiência do leitor é diferente em papel e no digital, são avenidas de aproximação distintas, mas complementares.” Antonio Caño, diretor do EL PAÍS

Em qualquer dos formatos, um dos valores essenciais do jornal, segundo o diretor do EL PAÍS, é a sua organização e hierarquização do conteúdo, uma bússola que auxilia a navegação diária, seja no México, na Espanha ou no Brasil, e que gira sobre eixos como o bom senso e a serenidade. Caño, com longa trajetória como correspondente em Washington, citou os jornais norte-americanos como exemplos de publicações bem feitas, da manchete às legendas de fotos. “Um jornal é um diálogo permanente com os leitores. Quando faço uma capa, penso em um leitor típico, alguém a quem busco perceber entre os milhões de leitores que temos. Eu gostaria de fazer um jornal mais otimista, não no sentido de julgar de forma positiva o que os políticos fazem, mas sim de expor um horizonte que convide os leitores a pensarem de uma forma mais criativa e atrevida”, explicou.

Respondendo às perguntas do público, o diretor do EL PAÍS defendeu o papel das redes sociais como um meio de comunicação e uma ferramenta cheia de possibilidades. “Sou jornalista e penso que em 140 caracteres podem ser ditas muitas coisas. A extensão de uma reportagem não é garantia de qualidade. Com os novos tempos, estamos obrigados a sair”, indicou. Embora tenha manifestado respeito por todos os jornais, ele alertou para o perigo acarretado por publicações que fingem ser de qualidade, mas encobrem métodos da imprensa sensacionalista para mentir e exagerar impunemente.

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