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Rajoy quer acelerar aprovação de medidas contra a corrupção

Pressionado pelos barões do PP , o presidente da Espanha irá ao Congresso Anuncia reformas do a lei de ajuizamento, mais fiscais e mais inspetores de Fazenda

Carlos E. Cué

O presidente Mariano Rajoy decidiu, de acordo com suas próprias palavras, “tomar a iniciativa” na luta contra a corrupção e anunciou, na sexta-feira, medidas para lutar contra a “desmoralização” detectada entre os espanhóis, ainda que também tenha deixado claro que não pensa em adiantar as eleições e finalizará seu mandato. Fez o pronunciamento depois de se reunir, em Cáceres, durante um longo jantar na sexta, com os barões autônomos do PP. Nesse encontro, de acordo com alguns dos presentes, o ambiente estava bom mas todos demostraram uma grande preocupação pela irritação de seus eleitores, e Rajoy adiantou-lhes o que iria anunciar na sexta para tentar acalmar os ânimos internos. Depois de semanas nas quais até mesmo evitava a palavra corrupção e falava de “algumas poucas coisas”, Rajoy mudou de maneira notável seu discurso, que começou com uma espécie de autocorreção: “Não vou dizer se são muitos ou poucos casos. As pessoas querem respostas”.

Os anúncios

  •  Comparecimento. "No dia 27 comparecerei ao Congresso para defender a lei de controle dos partidos e o regime de altos cargos".
  • Agilizar a justiça. "Em 2014 o Governo aprovará a nova Lei de Julgamento Criminal para agilizar os procedimentos penais. Terá mecanismos para recuperar o defraudado, mais fiscais e mais inspetores tributários".
  • Não há progresso. "Quem acha que esta legislatura está terminando equivoca-se. Falta mais de um ano para as eleições. Há muito caminho por percorrer".

Para começar, o presidente, que recusou comparecer em uma plenária extraordinária sobre corrupção como a oposição lhe pedia, anunciou que comparecerá ao Congresso no dia 27 de novembro para defender as duas grandes leis anticorrupção que já prometeu há um ano e estão há meses paradas na Câmara. Além disso, prometeu que antes do final do ano o Governo aprovará uma reforma da lei de Ajuizamento Criminal para “agilizar os procedimentos penais, que são muito demorados”. É uma norma complexa que, no melhor dos casos, demorará meses para ser aprovada no Congresso. “A sociedade não pode esperar 10 anos para que os culpados sejam punidos e os inocentes também não podem esperar tanto tempo”, assegurou. Além disso, existirão “mecanismos para recuperar as quantidades fraudadas”, sem dar maiores informações, e “maiores esforços em meios e recursos, com novos escritórios de promotores já orçados e reforço nos quadros da inspeção tributária”.

Pressionado pelos dirigentes territoriais, que o informaram de que não pode continuar falando somente de economia, o presidente admitiu por fim o enorme desgaste do PP e assegurou que existe na Espanha uma grande “desmoralização e pessimismo” e uma desconexão com a política. “Precisamos devolver aos espanhóis a confiança na política e nas instituições. Do mesmo modo que estamos arrumando a economia, vamos mudar a política. É preciso entrar em sintonia com a sociedade”, explicou aos seus correligionários, que lhe agradeceram a visita.

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Rajoy anuncia então medidas legais, e promete ao PP colocar-se na frente da manifestação, mas não demonstra no momento nenhuma intenção de fazer mudanças no partido e no Governo como pedem alguns dirigentes. De fato, o presidente lançou uma mensagem interna e externa àqueles que acreditam que será obrigado a adiantar as eleições e não se candidatar. “Se engana quem acredita que este mandato está terminado. Ainda falta mais de um ano para as eleições. Temos muita estrada pela frente”.

O presidente, dessa forma, jogou para agradar seus pares, mas sabe que fora desse recinto a pressão é enorme e a deterioração de sua imagem e do partido é crescente. No momento, promete resistência. “Alguns já julgaram e condenaram nosso partido e até o sistema político. Nós vamos reivindicar o sistema político, as instituições e o PP. Nada vai nos desanimar”, disse.

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