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O preço de um longo caminho

O Congresso da Colômbia calcula que serão necessários 45 bilhões de dólares para a paz

Santos na Espanha com o rei Felipe VI, durante sua viagem para conseguir apoio ao processo de paz na Colômbia.
Santos na Espanha com o rei Felipe VI, durante sua viagem para conseguir apoio ao processo de paz na Colômbia.GERARD JULIEN (AFP)

Na Colômbia, o desafio não é mais apenas concretizar a paz com a guerrilha das FARC, mas financiar o pós-conflito se as negociações – iniciadas há dois anos – terminarem com êxito. Por isso, agora a grande pergunta é: de onde sairão os recursos? Uma preocupação compartilhada pelo Congresso, as organizações sociais, a oposição liderada pelo senador Álvaro Uribe e também o Governo, que nestes dias está concentrado em conseguir toda a ajuda que puder da comunidade internacional.

Na recente Assembleia Geral da ONU em Nova York, o presidente Juan Manuel Santos fez um primeiro chamado. “Chegou a hora de dizer em que se traduz esse apoio”, disse. Estava se referindo ao respaldo político, mas também ao econômico. Político, porque estão chegando tempos difíceis, já que a negociação com as FARC começará logo a discutir que tipo de justiça será aplicada aos guerrilheiros e como ocorrerá o desarmamento. E econômico, porque os desafios do pós-conflito são enormes, não apenas pela reintegração dos guerrilheiros, mas porque é preciso garantir a presença do Estado nas zonas que historicamente foram afetadas pelo conflito, assim como a segurança dos cidadãos.

O Governo ainda não tem a cifra exata de quanto custará o pós-conflito, porque tudo depende dos acordos feitos com as FARC, quando terminarem as negociações em Havana. Embora tenham avançado em três dos cinco pontos da agenda – desenvolvimento rural, participação política e narcotráfico –, continua valendo a premissa de que “nada está fechado até que tudo esteja fechado”. Mas os analistas coincidem que é preciso acelerar esses cálculos.

A Comissão de Paz do Congresso considera que durante os próximos dez anos serão necessários 45 bilhões de dólares (112 bilhões de reais) em investimentos para a paz. Essa quantidade, segundo a senadora da Aliança Verde, Claudia López, inclui a construção das “instituições mínimas” que garantam justiça e segurança pública, assim como regular a propriedade, uso e exploração da terra. Também será preciso grandes investimentos em saúde, educação, estradas, água, moradia e desenvolvimento rural.

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O ministro da Fazenda, Mauricio Cárdenas, também deu pistas sobre o possível financiamento para o pós-conflito. Cárdenas soma, às doações da comunidade internacional, fórmulas como o endividamento e mais impostos. “A paz vai custar, sem dúvida, mas a guerra custa muito mais”, disse em várias ocasiões. Por enquanto, o Governo se reuniu com o Departamento Nacional de Planejamento, DNP, para projetar quanto custariam os projetos para executar os acordos que já foram pactados.

A equipe negociadora do Governo em Cuba também tentou acalmar os ânimos dos que exigem respostas pontuais ao financiamento do pós-conflito, assegurando que o país tem a capacidade fiscal para se comprometer a realizar essas transformações. Mas essa capacidade, explicou, implica revisar as prioridades do gasto público, um esforço tributário adicional, o apoio do setor privado e, claro, da comunidade internacional.

Na semana passada, o Governo e a União Europeia deram luz verde a projetos focados na construção da paz por 17 milhões de dólares, que serão executados nos próximos dois anos em quatro regiões da Colômbia. Também foi anunciado um crédito por dez anos de até 100 milhões de dólares com o Banco Alemão de Desenvolvimento, KfW, para a reparação das vítimas do conflito, a reintegração dos guerrilheiros e o desenvolvimento rural. Esta seria a primeira vez que a Alemanha apoia um país em sua política de construção de paz mediante um crédito programático.

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