Tribunal egípcio condena oito à prisão após simulação de casamento gay
Sentenciados foram acusados de “libertinagem” e “promoção do vício”
Um tribunal do Cairo sentenciou a três anos de prisão por “libertinagem” e “promoção do vício” oito homens que apareciam em um vídeo que simulava um casamento gay. As imagens, gravadas em abril a bordo de um navio no rio Nilo, foram divulgadas no Youtube em agosto, e se tornaram um verdadeiro sucesso. Esse é o mais recente exemplo da campanha de repressão à comunidade homossexual lançada pelas autoridades egípcias que chegaram ao poder após o golpe de estado contra o presidente islâmico Mohamed Morsi.
Um dos homens negou em entrevista telefônica a um canal de televisão privado egípcio que o vídeo retratava um casamento gay e assegurou que o anel era um simples presente de aniversário. Entretanto, em uma declaração pública feita em setembro, a procuradoria afirmava que era a encenação de um casamento, e qualificava o material de “humilhante, deplorável e ofensivo a Deus”. Após a detenção de vários dos protagonistas da gravação, a procuradoria ordenou a realização de diversos exames físicos, que revelaram que os acusados não tinham mantido relações homossexuais.
A homossexualidade não está tipificada como delito no Egito. Entretanto, as autoridades, amparando-se na moral conservadora da sociedade, há anos utilizam termos vagos como “libertinagem” para perseguir judicialmente a comunidade gay. Segundo os grupos de defesa dos direitos das minorias sexuais, a perseguição policial se acentuou no último ano, e ao menos 80 pessoas foram presas.
“O Governo parece querer utilizar a perseguição da comunidade homossexual para aumentar sua popularidade entre os setores mais conservadores da sociedade egípcia, e rebater as acusações dos muçulmanos de ser um regime anti-islâmico”, diz Ibrahim, um dos responsáveis pela ONG Egypt LGBTQ, que prefere não revelar seu nome completo por questões de segurança. A nova estratégia do Executivo presidido por Abdelfatah al-Sisi para prender homossexuais consiste em preparar armadilhas marcando encontros em redes sociais como Facebook ou Grindr. Em vista disso, o próprio Grindr aconselha seus usuários no Egito a ter extrema a cautela antes de revelar a própria identidade.
Durante o ano de governo de Mohamed Morsi, um dos líderes da Irmandade Muçulmana, não houve uma especial intensificação da perseguição às minorias sexuais. “Já da época de [Hosni] Mubarak, ocorreram altos e baixos na repressão dos gays em função das necessidades políticas do Governo”, explica Ibrahim. O caso mais célebre na perseguição à comunidade homossexual no Egito aconteceu em 2001, quando 52 homens foram presos por participarem de uma festa em um navio chamado Queen. O caso teve grande repercussão internacional, provocando a condenação unânime das organizações de direitos humanos.
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