Estados Unidos confirmam segundo caso de contágio pelo ebola no Texas
Mais uma enfermeira que atendeu o liberiano vítima do vírus no país contrai a doença
Os Estados Unidos registraram o segundo caso de ebola contraído dentro país: uma enfermeira do Hospital Presbiteriano de Dallas, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Enfermidades (CDC), foi infectada pelo vírus. O diagnóstico foi confirmado na quarta-feira, um dia depois da mulher viajar em um voo dentro do Estado do Texas, o que fez com que as autoridades iniciassem um procedimento para tentar localizar os demais 132 passageiros.
A trabalhadora da saúde, identificada como Amber Vinson, de 29 anos, atendeu o liberiano Thomas Eric Duncan, que morreu de ebola em 8 de outubro no Hospital Presbiteriano da cidade, onde foi internado depois de retornar de uma viagem à Libéria, segundo o departamento de Estado de Saúde e Serviços Sociais do Texas. Após a confirmação desse segundo contágio nos Estados Unidos, o presidente Barack Obama suspendeu uma viagem dentro do país e decidiu se reunir com as agências que coordenam a resposta contra o ebola em seu gabinete.
O caso de Vinson soma-se ao da enfermeira Nina Pham, de 26 anos, que está internada no mesmo hospital desde 12 de outubro, depois de ter sido contaminada. Vinson permanece isolada, segundo fontes governamentais do Estado. “A paciente recebe todos os cuidados de que necessita”, afirmou Rawlings, em uma entrevista coletiva. O chefe do condado de Dallas, Clay Jenkins, reconheceu também que existe uma grande probabilidade de que ocorram novos contágios. “Estamos preparando planos de contingência para mais casos e essa é uma possibilidade bem real”, disse.
O Hospital Presbiteriano, em sua conta do Twitter, comunicou que analisa a possibilidade de transferir a enfermeira para o hospital Emory, em Atlanta (Geórgia). Nesse hospital foram atendidos Nancy Writebol e Kent Brantly, dois dos três cidadãos norte-americanos repatriados que sobreviveram ao ebola nos EUA, após contrair a doença na Libéria.
As autoridades informaram ainda que, no último dia 14 de outubro, Amber Vinson viajou no voo 1143 da Frontier Airlines, de Cleveland para Dallas/Forth Worth, com 132 passageiros a bordo. A companhia aérea Frontier Airlines confirmou que foi notificada pelo CDC na madrugada de quarta-feira. A companhia explicou que o avião aterrissou em 14 de outubro por volta das 20h (22h de Brasília) e esse foi seu último voo do dia. A empresa informou ainda que, antes deste voo, a enfermeira já havia viajado anteriormente no voo 1142 Dallas/Forth Worth para Cleveland, em 10 de outubro.
O Centro de Controle assegurou que as pessoas que apresentarem risco potencial serão supervisionadas.
As duas enfermeiras fazem parte da equipe de quase 70 pessoas que atenderam Duncan. “Estou bem e quero agradecer a todos por seus pensamentos positivos e orações. Fui abençoada com o apoio de minha família e amigos, além de ter sido tratada pela melhor equipe de médicos e enfermeiras do mundo”, disse Pham na terça-feira, em uma declaração.
Segundo o informe diário do hospital Presbiteriano de Dallas, a enfermeira se encontra em “boas condições”. Barclay Berdan, diretor executivo da Texas Health Resources, encarregada da administração do hospital, assegurou que “os médicos e enfermeiras responsáveis por seus cuidados se mantém com esperança”.
Na mesma manhã, a rede de televisão norte-americana ABC confirmou que Pham recebeu uma transfusão de sangue do médico Kent Brantly, que conseguiu sobreviver à doença há dois meses com um tratamento de soros experimentais. A família da enfermeira já recebeu mais de 28.000 dólares (68.000 reais) em doações, através de um site feito por uma de suas melhores amigas, Sarah Strittmatter, que disse que o dinheiro será usado para diferentes gastos.
“Tudo o que Nina tem foi destruído em um esforço para prevenir a contaminação. Sua família não está trabalhando durante essa crise e precisa do apoio”.
Ainda que o hospital tenha confirmado que o custo do tratamento será pago por eles, a amiga da enfermeira detalhou que existem gastos como empréstimos estudantis, prestações de automóveis, renda, veterinário, transporte de familiares e hotéis, que não estão sendo custeados.
Segundo fontes da área de saúde do Texas, “os números de possíveis contatos aumentaram de maneira significativa em 14 de outubro, passando de 38 para 114”. Esse salto se deve ao fato de ter sido incorporado à relação de pessoas vigiadas um grupo de trabalhadores que, até o final de semana passada – após do diagnóstico de Nina Pham – era supervisionado em seus domicílios.
Outras 11 pessoas que tiveram uma “exposição” aos trabalhadores infectados têm um acompanhamento médico mais intensivo. Segundo declarações dos trabalhadores do Centro de Controle e Prevenção, os EUA deveriam reconsiderar mudanças nos protocolos para enfrentar o vírus. “Precisamos reconsiderar a forma com a qual enfrentamos o controle de infecção de ebola, porque até mesmo um só contágio é inaceitável”, frisou na segunda-feira Tom Frieden, diretor do centro.
Alguns especialistas propuseram que sejam designados hospitais especializados em cada região para tratar casos, ao invés de tratar os pacientes na clínica em que chegarem. O diretor, porém, não quis dar uma resposta e se limitou a afirmar que estão considerando “todas as possibilidades”.
Trabalhadores da área de saúde
O Centro de Controle e Prevenção também está avaliando as normas de segurança para proteger as equipes de saúde que tiveram contato com pessoas com o ebola, depois do contágio de Nina Pham. A enfermeira garantiu não ter quebrado o protocolo necessário para se proteger da doença. O diretor do órgão, Thomas Frieden, disse que estão sendo avaliados passos adicionais, como borrifar produtos químicos que impeçam o contágio antes que o pessoal deixe as zonas de isolamento.
A confirmação de contágio de duas enfermeiras do hospital Presbiteriano causou tensão entre os demais funcionários, que reivindicam mais rigor nos métodos de segurança.
O maior sindicato de enfermeiras do país, o National Nurses United, pressiona por maior proteção para o pessoal de saúde. Uma pesquisa própria, que até terça-feira reunia 2.300 enfermeiros em mais de 780 estabelecimentos de 46 estados, apontou que em 85% dos casos o hospital não deu nenhuma informação sobre o ebola que permita perguntas e respostas. 40% dos pesquisados disseram que seus hospitais não têm as proteções necessárias e 41% deles declararam que os hospitais não têm os protocolos adequados para implementar quartos de isolamento.
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