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Policiais mexicanos perseguem e disparam contra um estudante alemão

Os agentes de Guerrero, onde desapareceram 43 alunos há duas semanas, dizem que confundiram o veículo em que viajava o jovem com o de sequestradores

Juan Diego Quesada
Um comboio de policiais federais e militares em Iguala.
Um comboio de policiais federais e militares em Iguala.L. O. T. (EFE)

Um grupo de estudantes que tinha passado o fim de semana em Acapulco, na costa do Pacífico mexicano, regressava no domingo para a Cidade do México a bordo de uma caminhonete quando, pelo caminho, foram alvejados pela polícia do Estado de Guerrero, no sul do país. Um jovem alemão terminou ferido por uma bala. O ataque aconteceu na cidade de Chilpancingo, a pouco mais de 14 quilômetros de Ayotzinapa, a escola em que estudavam os 43 jovens cujo desaparecimento chocou o México.

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A rapidez com que os policiais atiraram ocorre em um momento especialmente delicado. Os estudantes de magistério foram sequestrados há mais de duas semanas pela polícia municipal de Iguala – outra cidade próxima – com a colaboração dos Guerreros Unidos, um cartel local. As autoridades dessa zona do país estão agora mesmo sob o escrutínio da opinião pública por seus conchavos com o crime organizado. Os disparos a queima-roupa contra um veículo no qual viajavam alunos do Instituto Tecnológico de Monterrey (TEC), uma das universidades privadas de maior prestígio, só aumenta esta sensação de impunidade dos agentes, que atuam como se estivessem no Velho Oeste e não tivessem que prestar contas de nada.

Por enquanto existem duas versões do ocorrido. A primeira afirma que a polícia ministerial andava seguindo alguns sequestradores que nesse momento iam receber um resgate. Os jovens, três mexicanos, dois franceses e o alemão, ficaram no meio do fogo cruzado entre policiais e criminosos. A caminhonete deles recebeu vários tiros na parte traseira. A outra versão é que os agentes mandaram os estudantes pararem na autoestrada, na altura de um pedágio, mas estes não obedeceram. A partir daí começou uma perseguição. Os policiais dizem que começaram a disparar no veículo depois de escutar um barulho que confundiram com a detonação de uma arma.

Kim Fritz Kaiser, um alemão de 25 anos, recebeu um tiro. Os policiais encurralaram as vítimas em um posto de gasolina. Os jovens, aturdidos pelo que estava acontecendo, desceram do carro e se esconderam no banheiro. “Eles me cobriram o rosto com minha camiseta e me perguntavam por que tínhamos fugido e onde estavam as armas”, disse um dos rapazes à revista Proceso. Depois que os policiais perceberam que tinham universitários nas mãos, o rapaz ferido foi transportado a um hospital. O consulado alemão foi informado do ocorrido.

A Promotoria de Guerrero divulgou nesta segunda-feira que os responsáveis pelos disparos foram detidos e estão sendo investigados. Um policial ministerial morreu nesta operação, mas não foram divulgados mais detalhes. Na conta oficial do Instituto Tecnológico de Monterrey no Twitter, foi divulgado que o jovem alemão encontra-se internado em um hospital da Cidade do México. O estudante está evoluindo favoravelmente.

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