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Coluna
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A sombra de Barbosa

Algum dos candidatos presidenciais se atreverá a oferecer o ministério da Justiça ao magistrado Joaquim Barbosa?

Juan Arias

Onde estará o misterioso magistrado do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa? Nem sua sombra apareceu neste primeiro tempo do jogo das eleições. Nem votou, ao que parece.

Sua ausência física nessas eleições teria sido somente um jogo de espelhos já que através dos debates, sua obra do mensalão esteve presente dia após dia como emblema da corrupção política que agora passou para o campo da Petrobras?

Reaparecerá no segundo turno? E como? Me dizem que existem políticos que rezam para que sua ausência se prolongue até o final das eleições. Que temem que sua sombra acabe aparecendo para revolver as águas eleitorais que não precisam de maior agitação.

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Quem o conhece, assegura, entretanto, que o magistrado não é alguém que tenha decidido aposentar-se da possibilidade de entrar na política.

Esse magistrado, que continua recebendo aplausos aonde quer que vá e tem um grande apelo popular, é mais perigoso dentro ou fora do jogo?

É algo que os dois candidatos que agora disputam a última partida da temporada eleitoral, deveriam levar em conta antes que a sombra de Barbosa apareça de repente revolvendo as águas já tão agitadas daquela que foi chamada a eleição mais imprevisível da democracia.

Os dois candidatos, Dilma Rousseff e Aécio Neves, estão organizando seus possíveis novos governos. Aécio já mostrou a importante carta do ministro da Economia de seu hipotético governo. Também se assegura que Dilma se prepara para surpreender com o anúncio do titular da pasta de Economia de seu possível segundo Gabinete governamental. E se algum dos candidatos tiver a ideia de oferecer, por exemplo, a cadeira da Justiça para Barbosa?

Acabo de ver o mapa feito pela Globo News da sopa de letras que refletem os temas mais comentados por estes dias nas redes sociais. A palavra que se destacava com maior relevo era a de SEGURANÇA PÚBLICA. Pelo menos nas redes sociais é o tema mais atual e que mais preocupa a população junto com os transportes, a educação e a saúde.

Que Barbosa é um dos magistrados brasileiros mais preparados no tema da justiça, formado em universidades estrangeiras de grande prestígio, seus próprios colegas do Supremo afirmam. Ninguém até agora pôde acusá-lo de ilegalidades ou corrupção. Que é genioso? Que não tem papas na língua? Que é intransigente com a corrupção? Que tem um temperamento que às vezes o faz perder a calma? Talvez, mas existe quem se pergunta: “E se esse seu estilo temperamental fosse de um magistrado branco e não negro como Barbosa, seria julgado negativamente como ele?

Não acontece com ele, pela cor de sua pele, o que a Presidente Dilma afirmou por sua condição de mulher? Ela já explicou mais de uma vez para os jornalistas que se a dureza que lhe atribuem no trato com os subordinados, incluindo os ministros, fosse a de um Presidente varão, talvez vissem isso como normal ou como motivo de orgulho: seria, no máximo, um Presidente “com pulso”.

É bem provável que se o Ibope ou o Datafolha perguntassem aos brasileiros se gostariam de Barbosa como Ministro da Justiça, o consenso fosse muito alto.

E se Dilma ou Aécio se adiantassem para oferecer-lhe, desde já, esse ministério fundamental, antes da votação do dia 26, para reformar essa justiça tão criticada e maltratada; para acabar com a violência pública, algo que atemoriza e preocupa cada vez mais os brasileiros, assim como para resolver de uma vez esse terrível câncer das prisões brasileiras das quais o que menos se pode dizer é que estão fora do controle do governo?

Uma coisa não faltaria ao popular magistrado: pulso para enfrentar temas tão graves, tão atuais e que nenhum governo poderá seguir deixando que apodreçam sem fazer nada.

Alguém se atreverá a tentar colocar esse guizo no gato?

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