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“Tenho medo de morrer”, diz refém do Estado Islâmico em carta aos pais

Família do norte-americano Peter Kassig divulga mensagem escrita no cativeiro

Em busca dos reféns do EIFoto: atlas

Os pais do norte-americano Peter Kassig, um veterano do Exército que viajou ao Oriente Médio para ajudar refugiados e foi sequestrado pelo grupo extremista sunita Estado Islâmico, publicaram no domingo uma carta escrita por ele no cativeiro. Nela, ele afirma ter medo de morrer, mas diz estar convicto das suas crenças, depois de ter se convertido ao islamismo.

Os pais de Kassig, Ed e Paula, pediram que seja respeitado o nome que o filho adotou, Abdul Rahman Kassig, e acrescentaram que vários amigos deles relataram que sua aproximação com o Islã começou antes do sequestro, embora, aparentemente, a conversão só tenha ocorrido entre outubro e dezembro de 2013, ao compartilhar cela com um sírio devoto, segundo a nota divulgada pela família.

Citando uma carta datada de junho, os pais de Kassig afirmaram que ele reza cinco vezes por dia e leva a sério as práticas religiosas, incluindo a adoção de um novo nome. “Consideramos isso como parte do longo caminho espiritual do nosso filho”, acrescentaram.

Nas partes da carta que foram divulgadas ao público, Kassig agradece aos seus pais e reconhece que não foi fácil educá-lo. “Obviamente tenho muito medo de morrer, mas a pior parte é não saber, é se perguntar, ter esperança, e me perguntar se eu deveria mesmo ter alguma esperança”, escreveu.

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“Se eu de fato morrer, acredito que pelo menos vocês e eu poderemos procurar refúgio e consolo em saber que fui embora por ter tentado aliviar o sofrimento e ajudar os necessitados”, acrescentou. Na carta, ele salientou que se encontra “em uma situação dogmaticamente complicada aqui, mas em paz com a minha crença”.

Os pais de Kassig publicaram no sábado um vídeo pedindo clemência a seus captores e a libertação de seu filho. “Imploramos a seus captores que mostrem clemência e utilizem seu poder para libertar nosso filho”, afirmaram.

Kassig, de 26 anos, viajou ao Oriente Médio há anos como soldado, retirou-se por motivos médicos, mas decidiu retornar como voluntário para ajudar as pessoas afetadas pela guerra. Os pais dele detalham que seu filho trabalhava em uma organização humanitária fundada por ele mesmo, a Special Emergency Response and Assistance, quando foi capturado a caminho de Deir Ezzor, no leste de Síria, há um ano.

Peter Kassig foi identificado no vídeo divulgado pelo Estado Islâmico na sexta-feira, que mostra a suposta decapitação do voluntário britânico Alan Henning, um taxista com dois filhos que realizava tarefas humanitárias na Síria. Nas imagens, Kassig aparece ao lado de um homem vestido de negro, que ameaça executá-lo se o Reino Unido e os Estados Unidos continuarem atacando e bombardeando as posições da milícia sunita no Iraque e na Síria. Os jihadistas divulgaram vídeos do assassinato dos jornalistas americanos James Foley e Steven Sotloff e do voluntário britânico David Haines. O cidadão francês Hervé Gourdel foi decapitado no fim de setembro por um grupo radical próximo ao EI no norte da Argélia.

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