Coalizão ataca o Estado Islâmico na fronteira turca
Aviação dos EUA apoia os curdos da Síria na luta pela estratégica cidade de Kobane
A estratégica cidade síria de Ayn el Arab (Kobane, em curdo), bem na fronteira com a Turquia, pode cair nas mãos dos jihadistas do Estado Islâmico (EI), após semanas intensas de combate com a milícia local curda, as Unidades de Proteção Popular (YPG, na sigla em curdo), que a defendem cada vez mais de forma desesperada. Trata-se de uma batalha desigual, na qual as armas leves do arsenal curdo enfrentam os tanques e a artilharia pesada empregados pelo EI na ofensiva.
Por isso, aviões da coalizão internacional contra o EI intervieram para frear os jihadistas e bombardearam no sábado um edifício e dois veículos blindados do Estado Islâmico perto dessa cidade, segundo informou o Comando Central dos Estados Unidos. "Apesar da continuidade dos duros enfrentamentos das últimas 24 horas entre nossas forças e os combatentes terroristas do EI, infelizmente as forças aéreas da aliança internacional não bombardearam os pontos onde o EI se reúne", lamentou Redur Xelil, porta-voz das YPG, em um comunicado.
Os ataques da coalizão não impediram que a milícia jihadista também bombardeasse pela primeira vez a localidade, ferindo várias pessoas, segundo informou o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (SOHR, na sigla em inglês). Quatro projéteis de morteiro lançados pelos jihadistas caíram no lado turco e causaram dois feridos, confirmaram as autoridades locais.
Os jihadistas mataram 40 combatentes curdos nos últimos cinco dias, quando também realizaram um ataque suicida em Ayn el Arab com um caminhão-bomba que se fez passar por um veículo humanitário, de acordo com o SOHR. Os combates se prolongaram pela noite de sábado até o domingo, informaram fontes distintas.
Os jihadistas estão a poucos quilômetros da cidade e mantêm abertas três frentes, a oeste, a sul e a leste. Seu avanço levou mais de 160.000 pessoas a cruzar como refugiadas para o lado turco da fronteira, ao norte, segundo dados do Governo de Ancara, enquanto entre 2.000 e 4.000 curdos fizeram o caminho inverso para se unir às YPG, de acordo com moradores da região. Se o EI tomar a cidade fronteiriça, a ONU alertou que o número de pessoas a caminho da Turquia poderia subir para 400.000, em um país que já acolhe cerca de 1,5 milhão de refugiados sírios.
A milícia jihadista declarou um califado sunita nos territórios sob seu controle na Síria e no Iraque, nos quais impôs um regime radical segundo sua própria interpretação da lei islâmica.
Turquia sugere que poderia enviar tropas à Síria
"A Turquia fará o que for necessário na tarefa que corresponda a fazer parte [da coalizão]. Dizer que a Turquia não vai tomar uma posição militar é incorreto. Outros países que vão proteger as nossas fronteiras? Não, seremos nós que vamos nos proteger", afirmou o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.
"Não se pode destruir uma organização terrorista [o EI] só com ataques aéreos, uma parte integral é a força no terreno", acrescentou Erdogan, em declarações aos jornalistas que o acompanham em seu avião no voo de volta após participar da Assembleia Geral da ONU, em Nova York. Está previsto que em 2 de outubro o Parlamento turco debata e aprove uma moção que daria permissão ao Exército nacional para realizar operações nos territórios da Síria e do Iraque.
Para aumentar seu envolvimento na luta internacional contra o EI, a Turquia queria que a coalizão aprovasse o estabelecimento de uma zona tampão no lado sírio da fronteira e de uma zona de exclusão aérea nesta mesma área, onde Ancara queria realocar e dar assistência humanitária a parte dos seus 1,5 milhão de refugiados sírios.
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