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Coalizão ataca o Estado Islâmico na fronteira turca

Aviação dos EUA apoia os curdos da Síria na luta pela estratégica cidade de Kobane

Fumaça após explosão na cidade fronteiriça de Kobane.
Fumaça após explosão na cidade fronteiriça de Kobane.Carsten Koall (Getty Images)

A estratégica cidade síria de Ayn el Arab (Kobane, em curdo), bem na fronteira com a Turquia, pode cair nas mãos dos jihadistas do Estado Islâmico (EI), após semanas intensas de combate com a milícia local curda, as Unidades de Proteção Popular (YPG, na sigla em curdo), que a defendem cada vez mais de forma desesperada. Trata-se de uma batalha desigual, na qual as armas leves do arsenal curdo enfrentam os tanques e a artilharia pesada empregados pelo EI na ofensiva.

Por isso, aviões da coalizão internacional contra o EI intervieram para frear os jihadistas e bombardearam no sábado um edifício e dois veículos blindados do Estado Islâmico perto dessa cidade, segundo informou o Comando Central dos Estados Unidos. "Apesar da continuidade dos duros enfrentamentos das últimas 24 horas entre nossas forças e os combatentes terroristas do EI, infelizmente as forças aéreas da aliança internacional não bombardearam os pontos onde o EI se reúne", lamentou Redur Xelil, porta-voz das YPG, em um comunicado.

Os ataques da coalizão não impediram que a milícia jihadista também bombardeasse pela primeira vez a localidade, ferindo várias pessoas, segundo informou o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (SOHR, na sigla em inglês). Quatro projéteis de morteiro lançados pelos jihadistas caíram no lado turco e causaram dois feridos, confirmaram as autoridades locais.

Os jihadistas mataram 40 combatentes curdos nos últimos cinco dias, quando também realizaram um ataque suicida em Ayn el Arab com um caminhão-bomba que se fez passar por um veículo humanitário, de acordo com o SOHR. Os combates se prolongaram pela noite de sábado até o domingo, informaram fontes distintas.

Os jihadistas estão a poucos quilômetros da cidade e mantêm abertas três frentes, a oeste, a sul e a leste. Seu avanço levou mais de 160.000 pessoas a cruzar como refugiadas para o lado turco da fronteira, ao norte, segundo dados do Governo de Ancara, enquanto entre 2.000 e 4.000 curdos fizeram o caminho inverso para se unir às YPG, de acordo com moradores da região. Se o EI tomar a cidade fronteiriça, a ONU alertou que o número de pessoas a caminho da Turquia poderia subir para 400.000, em um país que já acolhe cerca de 1,5 milhão de refugiados sírios.

A milícia jihadista declarou um califado sunita nos territórios sob seu controle na Síria e no Iraque, nos quais impôs um regime radical segundo sua própria interpretação da lei islâmica.

Turquia sugere que poderia enviar tropas à Síria

"A Turquia fará o que for necessário na tarefa que corresponda a fazer parte [da coalizão]. Dizer que a Turquia não vai tomar uma posição militar é incorreto. Outros países que vão proteger as nossas fronteiras? Não, seremos nós que vamos nos proteger", afirmou o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.

"Não se pode destruir uma organização terrorista [o EI] só com ataques aéreos, uma parte integral é a força no terreno", acrescentou Erdogan, em declarações aos jornalistas que o acompanham em seu avião no voo de volta após participar da Assembleia Geral da ONU, em Nova York. Está previsto que em 2 de outubro o Parlamento turco debata e aprove uma moção que daria permissão ao Exército nacional para realizar operações nos territórios da Síria e do Iraque.

Para aumentar seu envolvimento na luta internacional contra o EI, a Turquia queria que a coalizão aprovasse o estabelecimento de uma zona tampão no lado sírio da fronteira e de uma zona de exclusão aérea nesta mesma área, onde Ancara queria realocar e dar assistência humanitária a parte dos seus 1,5 milhão de refugiados sírios.

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