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OTAN discute medidas para deter os jihadistas no Iraque e na Síria

Obama e Cameron pressionam para uma intervenção armada com o apoio da Aliança

Lucía Abellán
Combatentes curdos em Buyuk Yeniga, Iraque.
Combatentes curdos em Buyuk Yeniga, Iraque.A. JADALLAH (Reuters)

O regime de terror imposto pelos islamitas radicais no Oriente Médio alarma a OTAN tanto ou mais que a Rússia, ainda que a estratégia para detê-los ainda seja difusa. O avanço do chamado Estado Islâmico, que instalou um califado repressor em zonas do Iraque e da Síria, comandou boa parte das reuniões bilaterais que mantiveram os líderes da organização atlântica na quinta-feira, assim como o jantar oficial que promoveram perto de Cardiff (País de Gales). A pressão cresce para que os países aliados intervenham na região, uma ideia que a Aliança Atlântica rejeita como organização. Os mandatários de Estados Unidos, Barack Obama, e do Reino Unido, David Cameron, instaram a Aliança a abandonar impulsos “isolacionistas”.

A OTAN mantém uma postura ambígua ante o avanço jihadista no Oriente Médio. Seu secretário-geral, Anders Fogh Rasmussen, aplaude as iniciativas individuais para neutralizar esse regime, mas evita se comprometer com uma ação conjunta. “Comemoro que os Estados tenham dado passos individuais para ajudar o Iraque. Comemoro a ação militar norte-americana para deter o avanço do Estado Islâmico. Celebro que outros países tenham contribuído de diversas formas. Creio que a comunidade internacional em seu conjunto tem a obrigação de impedir que o Estado Islâmico avance mais, mas no que diz respeito à OTAN, não recebemos nenhum pedido para um compromisso”, justificou Rasmussen na abertura da cúpula.

Esse pedido chegou pelos meios de comunicação —e também estava prevista para o jantar dos chefes de Estado e de Governo— personificado em Obama e Cameron. Ambos os líderes publicaram um artigo no diário britânico The Times no qual chamavam à colaboração aliada. A única coisa que a OTAN ofereceu até agora é cooperar com o Iraque sem intervir no conflito. Rasmussen lembrou que a OTAN já manteve uma missão de treinamento de forças iraquianas até 2011, que poderia ser retomada. “Se o Governo iraquiano solicitar, os aliados considerariam isso seriamente”, afirmou para a imprensa.

Essa ajuda agora é escassa e quase inviável com as estruturas do Estado iraquiano claramente ultrapassadas pelo desafio sunita do Estado Islâmico. Obama pretende muito mais quando pede apoio aos bombardeios que está fazendo na região. “Sabemos que se a comunidade internacional se unir poderemos seguir reduzindo a esfera de influência do EI até que se converta em um problema manejável. Trata-se de estarmos certos de que temos a estratégia correta, mas também de que temos a vontade internacional de fazê-lo”, afirmou o presidente norte-americano antes da cúpula.

Ao chegar à reunião, Cameron disse estar avaliando juntar-se à rodada de ataques aéreos dos Estados Unidos na região. “Deveríamos fazer o possível para ajudar quem quer construir um Iraque para todos os iraquianos”. O líder britânico é o único que até o momento considerou publicamente essa opção e preparou sua opinião pública com uma série de entrevistas aos principais meios de comunicação britânicos. O Reino Unido e os Estados Unidos são os países mais diretamente expostos ao horror islamita depois que a organização decapitou dois jornalistas norte-americanos sequestrados na Síria e ameaça fazer o mesmo com outro repórter britânico que está em cativeiro na região.

De maneira menos incisiva, a França também abriu a porta a uma maior intervenção no conflito porque os radicais sunitas representam “uma ameaça para toda a região e além dela”, segundo o presidente François Hollande.

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