_
_
_
_
eleições 2014

Acompanhe o segundo debate eleitoral

Os sete candidatos se enfrentam no segundo debate eleitoral em São Paulo. Dilma começa questionando Marina

Os candidatos no debate desta segunda-feira.
Os candidatos no debate desta segunda-feira. PAULO WHITAKER (REUTERS)

Os sete candidatos à presidência da República se enfrentaram na tarde desta segunda-feira no segundo debate eleitoral, transmitido pelo SBT. Ele acontece logo depois da última pesquisa eleitoral divulgada na última sexta, que mostra que a candidata Marina Silva (PSB) poderia derrotar a presidenta Dilma Rousseff (PT), em um eventual segundo turno.

Os demais candidatos são: Aécio Neves, do PSDB, Pastor Everaldo, do Partido Social Cristão (PSC), Luciana Genro, do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Levy Fidelix, do Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB), e Eduardo Jorge, do Partido Verde (PV). Veja a seguir os principais pontos que estão sendo debatidos neste momento.

O primeiro embate aconteceu entre Dilma Rousseff e Marina Silva. A presidenta questionou de onde Silva pretende retirar os 140 bilhões de reais de suas promessas. A resposta foi: "Faremos esforços para voltar a ter eficiência no gastos públicos. Aumentar o Orçamento com a eficiência dos tributos. A sociedade paga muito alto para que as escolhas que são feitas sejam feitas na direção errada. Vamos fazer as escolhas corretas". Rousseff considerou que a pergunta não foi respondida.

Penitenciárias

Eduardo Jorge questionou, então, Dilma Rousseff sobre a situação das penitenciárias. Como em 12 anos de Governo do PT colhemos algo tão terrível? Ela respondeu: "A situação é, de fato, uma barbárie", disse a candidata. "Estou propondo mudar a Constituição para que o Governo Federal possa junto com os Governos estaduais atuar na garantia da Segurança Pública. Uma Segurança Pública fragmentada só interessa ao crime organizado, que atua coordenadamente em todo o território nacional". Disse ainda que pretende adotar o modelo de integração das polícias estaduais e federais com apoio das forças armadas para reprimir o tráfico de drogas. Eduardo Jorge replicou: "Não adianta pôr a culpa no Governo estadual. O erro é só investir na privação da liberdade, não investir no semiaberto, no aberto, de forma rigorosa para aumentar a capacidade de reintegração". Ele disse ainda que é preciso resolver a situação dos presos provisórios:  "40% dos 700.000 presos brasileiros são presos provisórios, não foram julgados, ficam lá meses sem serem julgados".

Aposentados

Luciana Genro questiona Aécio Neves sobre a situação da previdência. "O Fernando Henrique criou o fator previdenciário e desvinculou o reajuste dos aposentados com o salário mínimo, inclusive chegou a chamar os aposentados de vagabundos na época. O PT, que foi contra essa política, quando era oposição, depois que chegou ao poder manteve essa injustiça. Essa maldade contra os aposentados é uma política que te unifica com o PT? Ele respondeu: "O Governo do presidente Fernando Henrique pode não ter acertado em tudo, mas foi crucial. Foi o último grande Governo reformulador que nós tivemos nas últimas décadas no Brasil. Em relação aos aposentados, foi criado o fator previdenciário e estamos discutindo com o sindicato dos aposentados formas de garantir um reajuste mais digno que garanta o poder de compra dessa categoria essencial ao desenvolvimento. Já apresentamos uma proposta de incluir, além do reajuste já estabelecido, também um reajuste a mais". Genro disse que a proposta dos tucanos são "migalhas". Ele respondeu que pretende controlar a inflação, reajustar o salário mínimo, gerar empregos de boa qualidade e preservá-los do impacto inflacionário.

Saneamento básico

Marina Silva pergunta para o pastor Everaldo sobre como ele pretende enfrentar o problema do saneamento básico, que atinge metade dos municípios. Ele respondeu: "Essa situação que nós vivemos de falta de saneamento é uma coisa drástica, mas a família tem sido atacada em todos os sentidos, e nós do PSC defendemos com clareza aquilo que acreditamos, que a família precisa ser preservada e no caso da violência nós vamos falar daqui a pouco sobre esse assunto". Ela replicou: "Estamos priorizando o tratamento do esgoto para que através de parcerias com a iniciativa privada, para que através de alternativas como foram aquelas que implementei quando era ministra do Meio Ambiente, com o pagamento pelo esgoto tratado, a gente possa atender essa demanda que melhora a vida das cidades". O pastor diz que pretende fazer um novo pacto federativo.

Segurança Pública

Pastor Everaldo pergunta a Levy Fidelix sobre as propostas dele para a segurança pública. Para ele, o principal problema é o baixo salário dos policiais. "E eu creio que acima de tudo temos que resolver essa questão pondo mais dinheiro, melhorando as penitenciárias". Ele também critica a proposta do pastor de privatizar a Petrobras. "A Petrobras é monopólio nacional. O subsolo brasileiro não pode ser colocado à sanha do privativismo". 

Sonegação de impostos

Levy Fidelix pergunta para Luciana Genro sobre a questão da sonegação de impostos. Ela ataca os três primeiros colocados na pesquisa. "Pois é, os três irmãos siameses não vão à raiz dos problemas, porque eles só querem seu voto para ganhar eleição e governar com os mesmos de sempre". Diz que pretende regulamentar o imposto sobre as grandes fortunas.

Bolsa Selic

O candidato do Partido Verde, Eduardo Jorge, disse que os bancos no Brasil são sustentados pela “Bolsa Selic”, em referência à taxa de juros estabelecida pelo Banco Central, que são elevados para controlar a inflação. “Nós não estamos de acordo de que o controle da inflação seja feito através da ‘Bolsa Selic’”, disse Jorge, quando questionado pelo candidato do PSDB, Aécio Neves, se ele concordava que o atual Governo havia fracassado com a política econômica. Jorge disse que a proposta do PV era reduzir as taxas para patamares civilizados e deixar que os bancos concorram pelo crédito dos consumidores. Neves, por sua vez, aproveitou para criticar o resultado do PIB, que teve queda de 0,6% no segundo trimestre. “É preciso que nós possamos traduzir ao telespectador, a telespectadora, o que significa o Brasil crescer negativamente, menos 0,6% no segundo trimestre. Significa que os tão alardeados empregos estão indo embora”, disse ele, lembrando que nos últimos três meses na indústria de São Paulo foram 15.000 postos de trabalho a menos.

Na segunda parte do debate, jornalistas fizeram questionamentos aos candidatos.

Verba para palestras

Fernando Rodrigues, do portal UOL, perguntou para Marina Silva sobre o fato de ela ter recebido 1,6 milhão de reais em palestras, mas não ter revelado quais foram as empresas que pagaram esse dinheiro. "Essa confidencialidade combina com a promessa de transparência?". Ela respondeu:  "Quero separar minha vida privada da minha vida política. Confidencialidade é exigência das empresas que me contratam. Vivo honestamente daquilo que faço: levar a mensagem de sustentabilidade pelo Brasil. É porque quero renovar a política que nunca me submeti à lógica de ter cargo público para sobreviver. Dei mais de 200 palestras gratuitas por conta da minha militância ambiental." Convidada a comentar, Dilma respondeu: "Eu considero que quando se assume um cargo público a transparência é uma necessidade". Marina respondeu: "A Receita Federal é testemunha de que pago todos os meus impostos com transparência. Deveriam ter feito comparativo com outros políticos, como FHC e o Lula, que também fazem palestras. Por que dois pesos e duas medidas?"

Recessão

Questionada sobre o desempenho de seu Governo e a baixa aprovação, a presidenta Dilma Rousseff disse que a queda na atividade econômica é momentânea, motivada pela seca, menos dias úteis e um cenário internacional complicado. “Não estamos em recessão, a inflação está próxima de zero”, disse Rousseff. Ela lembrou que o Brasil está entre os cinco países que mais recebem investimentos no mundo, e disse que os Estados Unidos, Japão e Alemanha estão vivendo altos e baixo. “O fato é que a crise [mundial] ainda não acabou. A nossa diferença é que não enfrentamos a crise tirando empregos ou o poder de compra do trabalhador”, disse. Marina Silva, do PSB, fez a réplica dizendo que a presidenta não consegue reconhecer erros para corrigi-los. “Temos inflação alta, crescimento baixo e juros altos”, disse Marina. “Quando a economia vai mal, é culpa do cenário internacional”, disse.

Aborto

Eduardo Jorge é questionado sobre sua postura favorável ao aborto e à legalização das drogas. E sobre posições discrepantes que assumiu nas campanhas de 2010 e 2014. "Em 2010, foi uma coligação minha com a Marina. Essas sempre foram bandeiras do PV. Como médico do sistema público, defendo ambas há mais de 25 anos. É preciso alcançar e ajudar os usuários, o que hoje não fazemos. Fui eu o primeiro a discutir o assunto de que as mulheres brasileiras que fazem a interrupção da gravidez, consideradas criminosas, não poderiam continuar desse jeito". Marina responde: "O debate do aborto deve ser feito com cuidado. Envolve questões morais, éticas e até espirituais. Não satanizo quem defende liberação das drogas ou o aborto, o que quero é o debate".

Violência contra as mulheres

Pastor Everaldo é questionado sobre uma acusação de que teria agredido uma mulher e qual a posição dele sobre a violência contra as mulheres. "A Justiça considerou improcedente a acusação por unanimidade. Nunca agredi uma mulher. Minha política sempre será em favor à família, que é um bem maravilhoso. Se a família vai bem, a cidade, o Estado e o Brasil vão bem." Ele continuou: "Quero reafirmar meu compromisso com a família tradicional. Nenhuma sociedade é mais forte que seus laços familiares, por isso defendo o casamento entre homens e mulheres. Sou contra o aborto, sem necessidade de plebiscito. Eu sou claro e coerente nas minhas defesas."

Pré-sal

Dilma Rousseff questiona Marina Silva sobre sua proposta de não priorizar a exploração do pré-sal. Ela respondeu: "O mundo inteiro está numa corrida na busca de novas fontes de energia. O Brasil tem um grande potencial de geração de biomassa, de energia eólica, solar, inclusive negligenciadas durante o seu Governo. Nós queremos combinar as duas coisas". Em seguida, ela atacou a Petrobras: "O maior perigo para o pré-sal é o que foi feito com a Petrobras, uma empresa que perdeu o seu valor, e que foi usada politicamente para reduzir o risco da inflação de forma inadequada". Dilma disse que o pré-sal é o maior patrimônio brasileiro. "Ele deve ser mais explorado para fazer mais creche. É mais de um trilhão de reais. O petróleo não pode ser demonizado".

Mudanças no programa de Governo

Marina Silva é confrontada por Luciana Genro pelas mudanças que fez em seu programa de Governo, após sua divulgação. "Não dá, Marina, tem que se escolher lado. O lado dos bancos ou dos trabalhadores. Não durou 24 horas, Marina, e quatro tweets do pastor Malafaia, teu compromisso com a comunidade LGBT, de combate a homofobia nas escolas". Ela se defendeu: "A mudança do programa de Governo foi em função de um erro. Nós defendemos as liberalidades individuais e queremos combater toda e qualquer forma de discriminação a quem quer que seja."

Economia

Dilma e Marina se enfrentam novamente. Desta vez, na área da economia. "Você prometeu que o país ia crescer, que a inflação ficaria controlada e que os juros seriam baixos. O que deu errado no seu Governo?", disse Marina. A presidenta respondeu: "O que deu certo no meu Governo foi que tiramos as pessoas da pobreza. Muitas coisas ainda teremos que continuar fazendo. Há uma contradição entre querer política macroeconômica, que envolve desemprego e aumento de impostos, e fazer política social. O cobertor é curto. Sem apoio político, sem discussão e sem negociação, a senhora não consegue aprovar os projetos para o Brasil. Eu apostei na governabilidade. Sem apoio no Congresso, não é possível governar". Marina acusou Dilma de ter dificuldade de assumir os problemas de seu Governo: "Dizer que está tudo colorido, não ajuda a resolver os problemas" e ouviu como resposta uma indireta de que Marina tem dificuldade em se comprometer. "Presidente precisa saber o que vai fazer no dia seguinte. É preciso saber de onde vem o dinheiro. Tem muita coisa pra fazer no Brasil ainda, eu sei disso."

Mobilidade urbana

Levy pergunta para Aécio como ele pretende resolver os problemas das grandes metrópoles que sofrem com a mobilidade urbana. "No mundo, é responsável da união, às vezes em parceria com os municípios, cuidar da mobilidade. O atual Governo demonizou parcerias com o setor privado. Temos que fazer um planejamento de mobilidade e sustentabilidade. Aqui em São Paulo, [o governador Geraldo] Alckmin tem projetos maravilhosos. Parcerias são essenciais para que esses projetos saiam do papel."

Segurança pública - parte 2

Aécio questiona Dilma sobre os investimentos feitos na segurança pública. "Apenas 3% do Orçamento dos Estados vem da União. Você considera segurança responsabilidade da União?". Dilma afirmou que o candidato "tem memória fraca" e que o Governo federal investiu nos presídios de Minas Gerais. Também se referiu à resposta anterior de Aécio, sobre mobilidade urbana. "A sua memória é tão fraca que no caso do transporte público o senhor esquece que nós temos parceria com o Governo do Estado de Minas (...) Além disso, o monotrilho aqui de São Paulo que todos vocês se referem só foi viabilizado, porque o Governo Federal colocou financiamento para que fosse realizado."

Corrupção

Everaldo pergunta para Levy sobre os casos de corrupção. "Nunca se prendeu tanto nesse país. Na realidade nunca se prendeu tanto porque nunca houve tanta corrupção como tem acontecido nesses últimos anos", disse ele. Levy relaciona a corrupção ao financiamento de campanha. "Você veja bem as candidaturas dos nossos opositores, que estão gastando, investindo, quantas empreiteiras, quantos bancos estão colocando ali dinheiro? Pra onde vai esse dinheiro? Quem está dando esse dinheiro, vai querer receber no futuro."

Após quase duas horas de debate, os candidatos fazem suas considerações finais e se despedem.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_