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O toque de recolher para conter o ebola provoca confrontos na Libéria

Dois bairros permanecem em quarentena por conta do surto; quatro moradores estão feridos A Organização Mundial da Saúde elevou para 1.350 o número dos mortos pelo vírus

Um soldado enfrenta um morador de West Point.
Um soldado enfrenta um morador de West Point.John Moore (Getty Images)

As forças de segurança de Monróvia, a capital da Libéria, empregaram gás lacrimogêneo nesta quarta-feira para dispersar uma multidão que lançava pedras e que tentava abandonar um bairro que foi colocado em quarentena pelo surto de ebola. Existem pelo menos quatro moradores feridos, informa a AFP. As autoridades impuseram na terça-feira o toque de recolher em todo o país – entre as 21h e as 6h (hora local) – e colocaram o bairro de West Point, fortemente atingido pelo vírus, sob quarentena. A Organização Mundial da Saúde (OMS) elevou para 1.350 o número de mortos na Guiné, Serra Leoa, Libéria e Nigéria, 121 a mais do que na terça.

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Os confrontos começaram quando policiais e militares bloquearam as ruas do bairro com mesas, cadeiras e arame farpado. Os moradores asseguram que não receberam nenhuma advertência do bloqueio, que os impediu de trabalhar ou comprar alimentos. “Simplesmente demos com o bloqueio esta manhã. Saímos de casa e não podíamos ir para parte alguma”, explicou Alpha Barry, de 45 anos. “Não tenho comida e estamos assustados”, acrescentou Barry, que é da Guiné e tem quatro filhos menores de 13 anos.

A delegada de West Point, Miatta Flowers, foi evacuada por forças de segurança depois que sua casa foi rodeada por manifestantes. Uma turba saqueou um centro de acolhimento temporário de West Point para supostos casos de ebola no fim de semana. Isso facilitou a fuga de 17 pacientes, que já foram localizados e estão sendo tratados em outro centro, segundo informou o Governo.

As autoridades também colocaram em quarentena o bairro de Dolo Town, situado no condado de Margibi, a uma hora da capital. “Isso significa que não ocorrerão entradas nem saídas destas áreas”, disse a presidenta da Libéria, Ellen Johnson-Sirleaf, que decretou o fechamento de todos os locais de lazer, incluindo os clubes de vídeo.

Forças de segurança bloqueiam o bairro de West Point, em Monróvia.
Forças de segurança bloqueiam o bairro de West Point, em Monróvia.Abbas Dulleh (AP)

Segundo a dirigente liberiana, as medidas “buscam salvar vidas e deixar mais efetivos e rápidos os esforços do Governo para combater a enfermidade”. A presidenta se felicitou por “alguns sucessos” na luta contra o surto, mas reconheceu, visivelmente irritada, que o país está longe de ter controlado a extensão do vírus por conta da negação do problema e da resistência em abandonar os enterros tradicionais e seguir os conselhos dos médicos e do Governo.

Por país, segundo as cifras que a OMS divulgou em seu comunicado de terça-feira, a Libéria é o que tem mais vítimas mortais (466), seguido da Guiné (394) e Serra Leoa (365). As tentativas das autoridades para conter o surto deixaram em quarentena e praticamente isoladas “por volta de um milhão de pessoas”.

Uma doutora se converte na quinta vítima mortal na Nigéria

AGÊNCIAS

Uma médica nigeriana, que tratou o norte-americano morto por ebola no final de julho em Lagos, morreu vitimada da mesma doença, elevando para cinco o número de vítimas mortais no país.

Ameyo Stella Adadevoh morreu nesta terça-feira depois de contrair o vírus ao atender Patrick Sawyer, que viajou da Libéria para a Nigéria e se converteu na primeira vítima mortal do vírus em território nigeriano.

“Os outros dois pacientes (de ebola) que estão atualmente sob tratamento em centros de isolamento estão estáveis”, explicou o ministro de Saúde, Onyebuchi Chukwu. As autoridades sanitárias seguem de perto a situação para evitar que o vírus se expanda no país mais povoado da África.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) comunicou que a transmissão do vírus está contida na Nigéria, onde se registraram 15 casos de contágio.

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