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A Espanha pedirá fundos a Bruxelas para reduzir o impacto do veto russo

O Ministério da Agricultura e os produtores querem retirar os excedentes do mercado para sustentar os preços

Laura Delle Femmine
Caixas de pimentões em um mercado russo.
Caixas de pimentões em um mercado russo.B. CZERWINSKI (AFP)

Medidas urgentes e de choque. A ministra da Agricultura, Isabel García Tejerina, anunciou nesta segunda-feira, depois de se reunir com associações de produtores de frutas e hortaliças, que pedirá à Comissão Europeia a retirada da produção excedente dos setores afetados pelo veto russo à exportação. O objetivo é que, depois da proibição da entrada de alimentos na Rússia, o produto excedente não afunde os preços no mercado. As frutas e verduras retiradas, que a ministra da Agricultura espanhola sugere sejam financiadas com "fundos de gestão de crise da ajuda comunitária da PAC", seriam destinadas a bancos de alimentos ou à indústria de transformação, para afastar uma eventual espiral de queda generalizada dos preços.

A proposta do Ministério da Agricultura encontrou o apoio da indústria, que repetiu que a proibição imposta pelo Kremlin à UE e aos EUA no último dia 7 de agosto é "grave e dramática". Tejerina afirmou que a proposta será apresentada na próxima quinta-feira no comitê de gestão extraordinário criado na UE, e lembrou que a ameaça para o setor alimentar espanhol não vem apenas da impossibilidade exportar para a Rússia, mas pela proibição imposta a todo o mercado europeu.

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"A Comissão tem consciência de que esta é uma situação que abrange o âmbito comunitário e como consequência as medidas devem ser adotados no mesmo", destacou. Ela não descartou a possibilidade de que os países membros possam sugerir a adoção de medidas complementares. Tejerina lembrou que o impacto das restrições à exportação está na casa dos 337 milhões de euros (cerca de um bilhão de reais) para a Espanha, e que as exportações dos setores afetados alcançaram 107 milhões de euros (326 milhões de reais) entre janeiro e maio de 2014.

As associações de produtores, por sua vez, elogiaram a rapidez da intervenção do Ministério da Agricultura, e enfatizaram a necessidade de se atuar com urgência. "A retirada tem que ser a primeira medida de choque para evitar um efeito dominó de queda dos preços", insistiu Miguel Blanco, da COAG —Coordenadora de Associações de Agricultores e Pecuaristas—, acrescentando que a UE deveria acolher os produtos procedentes dos países comunitários de maneira preferencial em relação a mercadorias de outras origens.

O setor também concorda que Bruxelas é quem deve assumir a responsabilidade de encontrar uma saída para a crise. "Se foi uma decisão política que nos colocou em cheque, tem que haver uma decisão política para sair. E que seja de choque", resumiu o presidente da COAG, à espera de medidas que serão tomadas depois da reunião convocada para a próxima segunda-feira, dia 18, entre o Ministério da Agricultura e as associações de produtores.

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