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Israel rejeita negociar enquanto o Hamas continuar lançando foguetes

A delegação palestina pede para recuperar o controle do paço de fronteira de Rafah

Soldado israelense olhando em direção a Gaza.
Soldado israelense olhando em direção a Gaza.A. COHEN (REUTERS)

Os delegados israelenses não voltarão ao Cairo para negociar um cessar-fogo permanente com os palestinos enquanto continuarem as hostilidades em Gaza e no sul de Israel. Segundo as declarações de um de seus representantes ao jornal israelense Haaretz, eles se negam a “negociar sob o fogo de foguetes”.

Na sexta-feira pela manhã expirou o último cessar-fogo, que tinha durado três dias, nos quais Israel e os palestinos negociaram por meio de mediadores internacionais sem chegar a um acordo. A delegação palestina, que representa todas as facções de Gaza e da Cisjordânia, se negou a prolongar a trégua porque Israel está rejeitando suas exigências mínimas, segundo afirmaram na sexta-feira. Apesar disso, os palestinos continuarão no Egito nos próximos dias.

Neste sábado, Israel lançou mais de 30 ataques aéreos sobre Gaza, que mataram pelo menos cinco pessoas, segundo o porta-voz do Ministério da Saúde da Faixa de Gaza. As milícias palestinas lançaram 27 foguetes e granadas de morteiro contra Israel, que não feriram ninguém nem causaram danos materiais consideráveis nas localidades ao sul do país. Desde que a trégua expirou, morreram pelo menos 10 palestinos em Gaza. Na última sexta-feira, dois israelenses ficaram feridos por projéteis palestinos.

Nas quatro semanas de hostilidades em Gaza morreram mais de 1.930 palestinos sob as bombas de Israel, que contabilizou 67 mortes desde que a campanha começou.

Enquanto os mediadores egípcios procuraram neste sábado uma base de acordo entre as facções palestinas para deter o lançamento de foguetes e restabelecer os contatos com Israel, os Governos da Alemanha, França e Reino Unido convocaram, em um comunicado conjunto, “um cessar-fogo imediato” de ambas as partes.

Do Cairo chegaram notícias de um suposto acordo entre os mediadores egípcios e a delegação palestina que, segundo a agência France Presse, propõe aos israelenses que a Autoridade Nacional Palestina e o Cairo retomem o controle do paço de fronteira de Rafah, que une o sul da Faixa de Gaza com o Egito. Segundo essas informações, o Hamas adiaria sua exigência de um porto para a Faixa de Gaza. Diversos meios de comunicação árabes e israelenses adiantavam neste sábado à tarde a possibilidade de uma nova trégua nas próximas horas.

O diário Haaretz publicou que Israel propôs aos palestinos reduzir as condições do bloqueio a Gaza. Entre outras ofertas, o Executivo israelense pensa em aumentar a região na qual seus barcos de guerra permitem o trabalho dos barcos de pesca palestinos. A pesca é uma das atividades tradicionais da Faixa de Gaza. As patrulhas israelenses impedem os palestinos de se afastar da costa mais de três milhas náuticas, cerca de 5,5 quilômetros. Os pescadores se queixam de que a área é insuficiente para cobrir suas necessidades. São uma das categorias mais pobres na depauperada Gaza.

Além disso, os israelenses sugerem aumentar o número de vistos de saída para os moradores de Gaza, que dependem de licença israelense para visitar seus parentes na Cisjordânia. Também propõem aumentar o trânsito de mercadorias, mas sem levantar o bloqueio sobre Gaza por terra, mar e ar.

A operação militar israelense sobre Gaza começou em oito de julho. No dia 17 daquele mês começou a invasão terrestre, que disparou o número de vítimas. Deixou cerca de 65.000 palestinos sem casa, segundo a ONU. As bombas israelenses destruíram ou danificaram mais de 10.000 moradias em toda a Faixa, cerca de 70% a mais do que na operação militar de 2009. A metade dos palestinos de Gaza carece de água corrente devido aos bombardeios. A ONU calcula que mais de 1.400 dos mais de 1.930 mortos palestinos eram civis. Do lado israelense, dos 67 mortos, 64 eram soldados.

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