Dilma Rousseff diz que a carta do Santander a clientes é “inadmissível”
Em uma sabatina com jornalistas, a presidenta diz que há um pessimismo com a economia do mesmo jeito que havia contra a Copa
A polêmica carta do banco Santander aos clientes de alta renda que insinuava que a melhora de Dilma nas pesquisas podia afetar o desempenho da Bolsa de Valores e do câmbio foi considerada "inadmissível" pela presidenta Dilma Rousseff.
Em entrevista a jornalistas da Folha de S. Paulo, do portal UOL, da emissora SBT e da rádio Jovem Pan, concedida nesta segunda-feira, a presidenta afirmou que um país não deve aceitar uma interferência de qualquer instituição financeira de qualquer nível.
"Sobre o Santander, eu acho inadmissível. Eu não sei o que farei, eu não vou especular. Eu sou presidenta da República, eu tenho de ter uma atitude mais prudente", afirmou. Segundo ela, o banco fez um pedido de desculpas bastante protocolar. "Eu conheço bastante bem o Emílio Botín [presidente mundial do Santander], eu pretendo inclusive conversar pessoalmente com ele", completou.
O incômodo da presidenta ficou patente nesta segunda durante, o III Encontro Internacional de Reitores "Universia", promovido pelo Banco Santander, no Rio de Janeiro. O tema pairou quase como um tabu pelos corredores do evento. Nenhum membro do Governo compareceu à jornada principal do evento no Rio, que reúne mais de mil reitores das principais universidades do mundo. Nem o vice-presidente da República, Michel Temer, nem o ministro da Educação. Até o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), cancelou sua presença no último minuto.
A orientação dada aos representantes do Santander presentes no Rio foi a de minimizar o incidente ou evitar falar dele diretamente. Fontes do Santander consultadas pelo EL PAÍS justificaram as notórias ausências dizendo que "ninguém do Governo do Brasil tinha confirmado totalmente sua presença; Estamos em período eleitoral, e imprevistos podem surgir". Sobre os motivos do incidente, as mesmas fontes reiteraram as explicações já dadas por Botín na abertura do evento, neste final de semana, de que não se tratava da posição do banco, e que "em uma organização onde trabalham 180.000 pessoas algo assim pode acontecer".
Para a presidenta Rousseff, as projeções negativas sobre a economia se comparam aos maus presságios que foram feitos sobre a realização da Copa do Mundo no Brasil até a véspera do evento. "No ano passado falaram a mesma coisa da economia, falaram que haveria apagão [de energia elétrica]. Há um pessimismo com a economia do mesmo jeito que havia contra a Copa", avaliou a presidenta.
Rousseff lembrou que ela foi aconselhada a fazer racionamento de energia, todos os meses do ano, "com consequência de queda de dois pontos do PIB", e nada disso ocorreu. "Há no Brasil um jogo de pessimismo inadmissível", disse ela.
Questionada sobre o aumento do desemprego, a presidenta se defendeu dizendo que o país tem "a menor taxa história de desemprego de todos os tempos. Hoje é 5,2. Sobre a inflação, a presidenta disse o índice ficará no teto da meta neste ano (6,5%).
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