Holanda liberta e expulsa o general chavista detido em Aruba
O Ministério da Justiça de Aruba anuncia o fim da detenção de Hugo Carvajal, que está em uma lista de captura dos EUA
O Ministério da Justiça de Aruba (ex-colônia da Holanda e ainda ligada ao país europeu em matéria de relações exteriores) informou que Hugo Carvajal, ex-chefe de inteligência venezuelana incluído em uma lista de busca e captura dos EUA, foi posto em liberdade neste domingo com a ordem de abandonar a ilha.
Quem divulgou inicialmente a informação foi o próprio Governo da Venezuela. O chanceler Elías Jaua leu à tarde em Caracas uma nota diplomática do Reino dos Países Baixos na qual o Governo holandês aceita o argumento de que a detenção do general reformado Carvajal na ilha caribenha violou as disposições do tratado consular entre os dois países e anuncia sua libertação.
Carvajal, apelidado de El Pollo (O Frango), foi chefe da inteligência militar venezuelana por vários anos e um dos colaboradores mais próximos do falecido comandante Hugo Chávez. Na noite de quarta-feira, foi detido no aeroporto de Aruba, Estado para o qual foi nomeado cônsul-geral da Venezuela em janeiro, embora ainda aguardasse a aprovação do país anfitrião.
Os Estados Unidos incluem o general Carvajal na chamada Lista Clinton do Departamento do Tesouro, que impõe sanções – como o congelamento de bens – a estrangeiros vinculados ao tráfico de drogas. A Justiça americana, que abriu processos federais e estaduais contra Carvajal, solicitava sua captura e extradição.
Os EUA incluem o general na Lista Clinton, que impõe sanções a estrangeiros vinculados ao tráfico de drogas
Até a noite deste domingo, as autoridades americanas não haviam comentado publicamente o desenlace do incidente.
Jaua, ministro das Relações Exteriores e dirigente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), leu a nota da chancelaria holandesa diante de mais de 900delegados reunidos na sessão plenária do terceiro congresso da organização governista, realizado no Teatro Teresa Carreño de Caracas. Os assistentes explodiram em alegria e entoaram o estribilho de “Victória Popular!”.
Embora inicialmente tenha sido divulgado que o próprio presidente venezuelano, Nicolás Maduro, estaria a bordo de um avião enviado em seguida para recolher Carvajal em Aruba – a apenas 25 minutos de voo de Caracas –, Jaua, que definiu a gestão pela libertação de Carvajal como “uma batalha pela dignidade”, esclareceu que foi o vice-chanceler Calixto Ortega o encarregado de trazer de volta o militar. “Isto demonstra que a legalidade é a base para a convivência civilizada dos povos do mundo”, concluiu Jaua.
A decisão da Holanda – país responsável pelos assuntos de defesa e relações externas de sua antiga colônia nas Índias Ocidentais – pode tropeçar ainda com as posições manifestadas até o momento pelo procurador-geral de Aruba, Peter Blanken. Ele tem insistido que Carvajal não dispunha de foro diplomático no momento de sua detenção e esta, portanto, estaria dentro da lei. Na sexta-feira, um juiz local ratificou a detenção do militar venezuelano e determinou que ele ficasse na prisão de San Nicolás, no sudoeste da ilha.
Por sua vez, o primeiro vice-presidente do PSUV e presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, também um oficial reformado, referiu-se ao general como “um irmão da vida” e anunciou que pedirá uma investigação para determinar quem, da Venezuela, “motivou o sequestro do companheiro Carvajal”.
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