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A França descarta que haja sobreviventes no avião acidentado no Mali

François Hollande não descarta nenhuma hipótese, mas tende a considerar as condições meteorológicas como causa do acidente

Foto: atlas | Vídeo: ATLAS

A França, o país mais afetado pela catástrofe do avião operado pela companhia espanhola Swiftair para a Air Algérie que caiu na madrugada de quinta-feira no Mali, lidera a operação de resgate dos destroços e a investigação dos fatos, ao lado de Espanha, Mali, Burkina Fasso e Argélia. Na aeronave acidentada viajavam 118 pessoas, das quais 54 eram francesas —três tinham dupla nacionalidade. Nenhuma deles sobreviveu ao acidente, segundo relataram as autoridades francesas no início da manhã. Quanto às causas, a prudência se impõe dois dias depois do ocorrido. O ministro das Relações Exteriores francês, Laurent Fabius, que esta tarde divulgou novos detalhes, só afirmou que, realmente, as condições meteorológicas eram ruins e que as conversas dos tripulantes com a torre de controle mencionavam isso. Esta manhã, a hipótese de acidente era a principal. À tarde, a constatação de que não havia nenhum passageiro suspeito no avião, segundo fontes do Ministério, reforçava a tese. No entanto, Fabius, assim como o ministro de Defesa Jean-Yves Le Drian, passou por alto sobre o assunto.

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Nem o ministro do Interior francês, Bernard Cazeneuve, nem o secretário de Estado dos Transportes, Frédéric Cuvillier, acreditavam hoje pela manhã que a tragédia se deva a um atentado. O presidente da República François Hollande insistiu depois que todas as hipóteses estavam abertas e pediu que se esperasse a análise dos especialistas, uma vez que desde manhã cedo a França está com uma das caixas pretas do avião. O titular da Defesa, porém, não esclareceu se é a que registra os dados da aeronave ou a última conversa da tripulação.

Outro dado relevante que corrobora a tese de acidente é o fato de que os destroços do avião, completamente destruídos, segundo mostrou a BFMTV nas primeiras imagens divulgadas, ficaram espalhados por um trecho pequeno de terreno. Fabius esclareceu: “Estão em um quadrado de 300 metros por 300 metros”. Se tivesse ocorrido uma explosão em pleno voo, os destroços teriam ficado espalhados em uma área muito mais extensa.

Segundo as testemunhas do local em que caiu a aeronave, na região malinesa de Gossi, perto da fronteira com Burkina Fasso, percebe-se forte cheiro de querosene, o que indicaria que os depósitos de combustível não se romperam no ar antes de chocarem-se contra o solo e que não queimaram por uma eventual explosão no voo.

Durante o trabalho de busca do avião, a França utilizou um drone do tipo Reader, que estava localizado em Níger, segundo afirmou inicialmente um general de Burkina Fasso, e depois confirmaram as autoridades francesas. Uma centena de soldados franceses foram enviados ao local imediatamente para começar a trabalhar com os destroços da nave e também se deslocaram até lá especialistas do Escritório de Investigação de Acidentes da França (BEA), informa Javier Casqueiro.

O Governo do Marrocos, por sua vez, comunicou esta manhã que a rede de televisão pública marroquina Medi1 TV foi a primeira a revelar as coordenadas GPS dos restos da aeronave, exatamente em Amguillis, a 110 km no Nordeste da cidade de Kidal no Mali (GPS: 19°06'54.0"N2 - °06'57.6"E). Fabius afirmou que amanhã pela manhã chegarão ao local novos reforços militares, majoritariamente franceses, mas também do Mali, Argélia e Burkina Fasso e o ministro Le Drian destacou a dificuldade de se chegar ao local por terra. Para percorrer os últimos 100 quilômetros de Gossi ao local do acidente leva-se quase nove horas de carros.

O drama atingiu fortemente a França, que no meio da manhã assegurou que o número de passageiros do avião era de 118, e não de 116, como se acreditava até então. Quase a metade deles provinha do país. Em Burkina Fasso há uma importante comunidade francesa (cerca de 4.000) que costuma usar esse voo para sair de férias. Pouco a pouco vão se conhecendo os detalhes das pessoas desaparecidas e acredita-se que havia várias famílias inteiras, ainda que os dados continuem confusos. Entre as vítimas, uma família de dez mebros, os Reynand, de Ródano Alpesa. Também teria desaparecido outra de sete pessoas, proveniente de Rouen (sul de Nantes). Cinco membros de outra família originária de Menet (em Auvergne, no centro da França) também teriam morrido na tragédia. Era um casal com seus dois filhos e a avó materna.

A França está preocupada com os familiares das vítimas. Colocou em andamento uma célula de crise para atendê-los, que recebeu 5.000 chamadas nas primeiras 24 horas e centros de acolhimento nos aeroportos de Paris (Orly e Charles De Gaulle), Lyon, Marselha e Toulouse. Hollande expressou suas condolências a todas as vítimas e parentes e receberá amanhã os familiares dos desaparecidos. O Ministério das Relações Exteriores garante ter entrado em contato com todos.

Se tivesse ocorrido uma explosão em pleno voo, os destroços teriam ficado espalhados em uma área muito mais extensa

O Ministério do Fomento espanhol mantém o gabinete de crise em funcionamento desde quinta-feira, depois da queda do voo que ia de Uagadugu para Argel. Os seis tripulantes eram espanhóis. Segundo afirmaram fontes do departamento dirigido por Ana Pastor, o gabinete se mantém em contato com as autoridades dos países sobrevoados pelo avião, assim como com o consulado e o Ministério de Relações Exteriores. Também continua em andamento o protocolo de atenção a familiares das vítimas, a quem se ofereceu apoio.

Um avião de transporte C295 das Forças Armadas espanholas participará do resgate dos corpos das vítimas falecidas no acidente, segundo anunciou a vice-presidenta do Governo, Soraya Sáenz de Santamaría. O ministro da Defesa, Pedro Morenés, ofereceu esse avião —localizado em Dacar— assim como outro avião Hércules que a Espanha tem em Libreville para o Governo francês em conversa mantida com seu colega, Jean-Yves Le Drian. A França só tinha pedido o avião C295.

François Hollande teve esta manhã uma nova reunião com os membros do Governo mais envolvidos na catástrofe: o primeiro-ministro Manuel Valls, os responsáveis por Relações Exteriores, Laurent Fabius; Defesa, Jean-Yves Le Drian, e Interior, Bernard Cazeneuve, assim como o secretário de Estado dos Transportes, Frédéric Cuvillier. “Todos estão trabalhando no assunto”, afirmou Hollande ao fim da reunião, às 11:00 da manhã.

Em Burkina Fasso há uma importante comunidade francesa (cerca de 4.000) que costuma usar esse voo para sair de férias

França, Argélia, Níger e Mali participaram da busca do avião. Pouco depois de decolar (entre meia hora e uma hora), o voo AH5015, procedente de Uagadugu (Burkina Fasso) e com destino a Argel desapareceu dos radares e perdeu contato com as autoridades de aviação civil argelinas.

O coordenador do gabinete de crise criado pelo Governo de Uagadugu, Gilbert Diendéré, confirmou na noite de quinta-feira que seus soldados encontraram restos do aparelho em uma região semideserta, a certa de 90 quilômetros ao sul de Gao, na região de Gossi. “Não havia sobreviventes. Alguém viu a queda e nos avisou, então mandamos uma missão, mas não conseguimos examinar bem porque já era de noite”, afirmou, citado pela imprensa internacional. O militar destacou que nesta sexta-feira começará a investigação e atribuiu as causas do acidente às más condições meteorológicas.

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