Del Bosque reconstruirá ‘La Roja’
Apesar do descalabro na Copa, a federação continua confiando no técnico para dirigir a seleção
A Federação Espanhola (RFEF) divulgará publicamente no dia 24 de julho que Vicente del Bosque continuará como treinador da seleção, depois de uma reunião da associação do futebol espanhol. “Se eu for me tornar um problema para o futebol espanhol, com a maior naturalidade deixarei o cargo se for preciso”, disse o técnico, depois da eliminação da Roja na Copa do Brasil, onde a Espanha não passou da fase de grupos, fato que não ocorria desde 1998, na França.
Na reunião da RFEF serão apresentadas para aprovação as suas contas e os orçamentos anuais, além de ficar definido o calendário esportivo da próxima temporada. Mas o mais importante é que a assembleia dará seu beneplácito à gestão esportiva de Ángel María Villar, cuja pedra fundamental é representada por Del Bosque e a sua liderança. O técnico está decidido a reconstruir uma equipe ferida depois de sua prematura eliminação no Brasil.
O treinador enfrentará a mudança geracional da equipe sem revolução
Del Bosque, cujo contrato expira em 30 de junho de 2016, quando termina a próxima Eurocopa, receberá o reconhecimento de todas as divisões do futebol espanhol. Implicitamente já o tem, porque Villar, o presidente; o secretário-geral, Jorge Pérez, e María José Claramunt, diretora da seleção, são unha e carne com o técnico. Todos compartilham a ideia de abrir a porta a Del Bosque para que se transforme em diretor esportivo da federação, na hipótese de querer encerrar sua fase no banco da seleção.
O CALENDÁRIO
4 de setembro. França x Espanha. Amistoso.
8 set. Espanha x Macedônia.
9 de outubro. Eslováquia x Espanha.
2 out. Luxemburgo x Espanha.
15 de novembro. Espanha x Belarus.
18 nov. Espanha x Alemanha.
27 de março 2015. Espanha x Ucrânia.
14 de junho. Espanha x Belarus.
5 setembro. Espanha x Eslováquia.
8 set. Macedônia x Espanha.
9 de outubro. Espanha x Luxemburgo.
12 out. Ucrânia x Espanha.
Do técnico não se esperam decisões drásticas na convocação da equipe a partir de setembro, e nem estão lhe exigindo isso porque em Las Rozas não se considera que exista necessidade alguma de recomeçar do zero. Nos gabinetes esportivos se dá como certo de que é sincera a análise do treinador, que fala em assumir culpas baseando-se em razões puramente esportivas para justificar a eliminação de uma equipe que chegou ao Brasil como campeã, cheia de sonhos, e regressou para casa abalada pelos resultados. Portanto, ninguém parece achar motivos para que Del Bosque passe o recibo aos 23 selecionados para o Mundial ao chegar o momento de nova convocação, além da questão esportiva.
Ao lado de Del Bosque, que tem 63 anos, continuarão à frente da Roja seu braço direito, Grande, o preparador físico Miñano e Ochotorena como preparador de goleiros, além dos olheiros que vêm trabalhando para eles desde que El Bigotón chegou ao cargo em 2008. Nenhum se distanciou do "plano Del Bosque", que aposta na continuidade da ideia e da base do grupo, em vez de numa revolução considerada “injustificada” apesar de ter assumido que precisam enfrentar uma mudança geracional, já que jogadores como Xavi, Villa e Alonso não pensam em continuar e ainda será preciso ver o que ocorrerá no caso de Casillas, que não se manifestou publicamente sobre o assunto, ou no de Torres, que expressou sua vontade de seguir participando enquanto o chamarem. Del Bosque ficará mais atento do que nunca ao momento dos jogadores e prestará atenção na sub-21 para reconstruir o grupo.
A federação espanhola homenageará os jogadores que estão de saída do grupo
Na interpretação do treinador, ideia compartilhada em 100% com os responsáveis da federação, foi feita uma análise injusta e de culpabilidades exageradas para justificar um fracasso amplificado pela recordação de seis anos de sucessos. O fracasso custa caro em termos de prestígio e economicamente é prejudicial para a federação, mas não deve colocar em dúvida, dizem, o que demonstrou ter sido um modelo ganhador. “Os culpados quem busca é a polícia, aqui estamos há 30 anos buscando soluções”, argumentam nos gabinetes da federação, onde se dá por certo de que de gota em gota se transbordou o copo e, por pura lei da vida, a Roja evaporou.
Del Bosque voltará a sentar-se no banco em 4 de setembro contra a França no Saint-Denis, em um amistoso, e no dia 8 a Espanha jogará contra a Macedônia em Valência, na primeira partida oficial desde que venceu a Austrália em Curitiba –a sua única vitória na Copa do Mundo.
Nessas partidas, a RFEF, que anunciará na semana que vem a manutenção de Del Bosque, pretende homenagear os jogadores que alcançaram mais de cem jogos (Iker, Xavi, Zubizarreta, Ramos, Alonso, Torres, Raúl, Iniesta e Puyol) e David Villa, maior goleador da Roja.
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