Confrontos perto do Maracanã deixam ao menos dez feridos
Manifestações que acabaram reprimidas pela polícia criticavam a prisão de ativistas no dia anterior e os gastos com a realização do Mundial
Os 26.000 agentes mobilizados e dispersados pelo Rio de Janeiro para garantir a segurança nas ruas durante a final da Copa do Mundo não puderam evitar novos protestos perto do estádio do Maracanã, onde era realizada a final entre Alemanha x Argentina, neste domingo. Uma série de manifestações que reuniu mais de 200 pessoas criticava, sobretudo, a prisão de ativistas no dia anterior e os gastos e a forma com que o próprio Mundial foi realizado no país.
Fora do perímetro de segurança do Maracanã, na praça Saens Peña, no bairro da Tijuca, ativistas e policiais entraram em confronto e a Polícia Militar lançou gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral para dispersar a multidão. Na ação também interveio uma unidade de cavalaria da PM, cujos oficiais utilizaram cacetetes contra os manifestantes, deixando ao menos dez feridos, três deles jornalistas, a cerca de dois quilômetros do estádio.
Segundo o sindicato dos Jornalistas do Rio, a intervenção da polícia foi marcada por especial truculência contra os profissionais de comunicação e o número de feridos pode ser ainda maior.
Houve correria e a estação de metrô Saens Peña foi fechada por temor de que a violência se estendesse às plataformas. A polícia bloqueou os acessos à praça durante três horas. Os agentes praticaram ao menos quatro detenções e alguns moradores do bairro se queixaram por não serem liberados para ir a suas casas e também da violência generalizada.
Como tantas outras durante o último ano, a mobilização foi convocada pelas redes sociais, desta vez pelo grupo "Nossa Copa é Na Rua". Durante o início do ato, as manifestações distribuíram panfletos e portaram cartazes com mensagens contrárias à Copa em diferentes idiomas. Era possível ler slogans como "Copa de Sangue".
Segundo relatos do coletivo Mídia Ninja, teriam sido realizadas prisões arbitrárias pela PM, além de agressões como ao documentarista canadense Jason O'hara, que teve a sua câmera roubada por um policial militar, sofreu muitas agressões nos braços e está ferido na perna, ainda de acordo com o coletivo, que relatou ao menos mais três casos envolvendo esses profissionais.
O grupo de manifestantes começou a caminhar a partir da praça Afonso Pena rumo à Saens Peña, no bairro da Tijuca, para então tentar se aproximar do estádio. Ao chegarem à Saens Peña, no entanto, foram recebidos pelo forte operativo de segurança montado.
No sábado, 19 ativistas foram presos durante uma operação da Polícia Civil, com base na acusação de crime de formação de quadrilha formada, segundo a Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro (OAB-RJ), que demonstrou preocupação com essas detenções.
“Considerando-se que uma manifestação foi convocada para amanhã (domingo), as prisões parecem ter caráter intimidatório”, afirmou a entidade, em nota.
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.