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O centro e o oeste da Venezuela, afetados por um apagão de duas horas

Uma avaria interrompeu o serviço de eletricidade, segundo informa a companhia estatal de energia

Um apagão de mais de duas horas afetou na sexta-feira à tarde pelo menos dez províncias da Venezuela e a capital, Caracas. Ao cair da noite já havia sido restabelecido o fornecimento de energia na maior parte da cidade do país, embora ainda se vissem sequelas de sua interrupção, com milhares de pessoas nas ruas tentando encontrar um meio de transporte para voltar para casa. O Metrô de Caracas suspendeu suas operações. O mesmo fizeram os trens metropolitanos de Maracaibo, Valencia e Los Teques, capitais dos estados de Zulia, Carabobo e Miranda. De acordo com diversos relatos, o corte do serviço de eletricidade ocorreu em toda a zona costeira do país e nas regiões dos Andes e Guayana.

Segundo o ministro da área, Jesse Chacón, a falha teve origem pouco depois das três da tarde na subestação La Arenosa, no estado de Carabobo (centro da Venezuela), pela qual passam as linhas de alta tensão que distribuem a corrente produzida nas centrais hidrelétricas do sul ao restante do país.

Eventos similares em setembro e dezembro do ano passado, que deixaram sem eletricidade boa parte do país, também tiveram origem nessa subestação.

Desde 2010 o sistema elétrico venezuelano enfrenta uma emergência permanente que, na época, o presidente Hugo Chávez atribuiu aos danos causados pela seca produzida pelo fenômeno climático El Niño. No entanto, especialistas e críticos ligados à oposição apontaram a falta de investimentos, planejamento e manutenção como o motivo de uma crise que continua não resolvida.

Em diversas localidades do país os apagões de várias horas são parte do cotidiano. Na quinta-feira, oito torres de alta tensão desabaram no estado de Monagas (leste da Venezuela) em consequência de ventos de furacão que açoitaram a área, sempre de acordo com a versão de Chacón. O presidente Nicolás Maduro devia declarar estado de emergência na região, principal bacia petrolífera do país.

Mas o Governo apela com frequência ao fantasma da sabotagem para explicar as deficiências do serviço de eletricidade. Ao assumir o poder em 2013, Maduro chegou a declarar “guerra elétrica”. Militarizou a segurança do setor, que passou em sua totalidade ao controle do Estado, e pôs a questão entre as prioridades de sua gestão.

O apagão da sexta-feira voltou a dar oportunidade a Maduro para renovar sua tese de conspiração. “Muito olho no sistema elétrico”, alertou o mandatário ao ministro Chacón, em uma transmissão televisionada nessa noite do Palácio Presidencial de Miraflores, em Caracas. “A direita acredita que atacando o sistema elétrico vai afetar o país, mas já foi restabelecido na maior parte. Não poderão com nosso povo, nem com guerra elétrica.” Ele ordenou uma investigação “a fundo, com objetividade direta” de um incidente qua qualificou como “estranho”, pois ocorreu em um horário de baixo consumo e afetou as linhas de transmissão de alta voltagem.

Horas antes Maduro havia ficado em evidência durante o apagão. Justo na hora da interrupção do fornecimento de energia elétrica, o sucessor de Chávez presidia, com transmissão por cadeia nacional de rádio e televisão, um ato de premiação de comunicadores governistas homenageados com o Prêmio Nacional de Jornalismo, que na Venezuela é concedido pelo governo. O Dia do Jornalista é celebrado no país sul-americano em 27 de junho, data de aniversario da fundação por Simón Bolívar do Correo del Orinoco, uma publicação da causa independentista, em 1818. Por minutos, a luz se foi do Palácio Miraflores. A falha impediu que os venezuelanos terminassem de ver a transmissão.

No começo da noite alguns grupos de manifestantes protestavam em Chacao e nos arredores da Praça Altamira –esta última, o epicentro dos distúrbios estudantis iniciados em fevereiro– por causa das falhas no serviço de eletricidade.

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