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COPA DO MUNDO 2014 | MÉXICO

Os ex-rivais brasileiros e mexicanos, unidos contra a Holanda

Após o duelo na primeira fase, os torcedores mexicanos recebem o apoio dos brasileiros contra os holandeses e apostam na trajetória imprevisível da sua equipe para surpreender

Torcedores mexicanos nos arredores do CT do Santos.
Torcedores mexicanos nos arredores do CT do Santos.BOSCO MARTÍN

“Mandem a Holanda embora!”, “Vamos México, para cima da Holanda!”, “Eliminem os holandeses!”. Bastaram poucos minutos para que o grupo de cinco torcedores da região mexicana de Querétaro (centro) devidamente identificados com a camisa e bandeiras de sua seleção se desse conta de que a rivalidade na primeira fase da Copa ficou para trás. Os inúmeros gritos de incentivo vinham de brasileiros que passavam de carro ou a pé pelo local onde ocorreria o treinamento da equipe, em Santos, no litoral do Estado de São Paulo.

“Não temos do que reclamar, os brasileiros são muito simpáticos”, dizia o engenheiro Miguel Gutierrez, de 27 anos, quase que abafado pelos gritos de um funcionário da companhia de limpeza urbana municipal que os acompanhava no trajeto do outro lado da rua. Valia o esforço para tentar se aproximar do meia Héctor Herrera, que apontou como o destaque atual da seleção mexicana. “Ele joga como o (inglês) Gerrard, é aguerrido, versátil defensivamente e ofensivamente e está na equipe ideal da FIFA”, dizia o torcedor, que tinha pelo caminho ainda o calor de mais de 30 graus na última quarta-feira pela manhã.

Algoz dos brasileiros em dois Mundiais, inclusive no último, em 2010, a Holanda é apontada como uma das grandes favoritas ao título este ano, principalmente após golear na estreia a atual campeã Espanha por 5 x 1. Enfrentá-los não está nos planos ideais de nenhuma seleção na Copa –uma vitória mexicana tornaria o Mundial do Brasil ainda mais disputado por equipes das Américas. “Eles (os holandeses) têm melhores jogadores que nós, mas podemos estar em um bom dia e eles não. Chegamos até aqui também pela qualidade dos nossos atletas”, acrescentava Gutierrez.

Na expectativa de assistir no domingo em Fortaleza ao primeiro jogo de sua seleção no estádio neste Mundial, o grupo de Querétaro que percorreu os cerca de 70 quilômetros que separam a cidade de São Paulo –onde está hospedado–, e Santos, local escolhido como base para o México no Mundial, logo foi ganhando reforços. Aos poucos eles viraram dez, quinze, e começaram a fazer barulho do lado de fora do portão onde já ocorria a preparação da equipe, no centro de treinamento Rei Pelé, do Santos, time que revelou, além do próprio Pelé, Neymar.

Podemos esperar qualquer coisa. Os jogos tendem a ser muito nervosos, sofridos Diego Márquez, 29, engenheiro

Além do apoio local contra a Holanda, o que também parecia unanimidade no grupo é o sentimento de que tudo pode acontecer em se tratando da tricolor –como é conhecida a seleção mexicana pelas cores que defende: o verde, o branco e o vermelho. “Podemos esperar qualquer coisa em campo. Os jogos tendem a ser muito nervosos, sofridos. Até que chegue um 3 x 0 não relaxamos ou aproveitamos uma partida”, comentava o também engenheiro Diego Márquez, de 29 anos, mais um torcedor do grupo de Querétaro.

“A maioria previa uma briga direta com a Croácia pelo segundo lugar do grupo”, emendava. No fim, o México acabou fazendo não apenas esse duelo contra os croatas, como também com o Brasil pela liderança da chave A, principalmente após o empate por 0 x 0 entre ambos na segunda rodada. Acabaram empatados em número de pontos no fim da primeira fase, mas a seleção do técnico Luiz Felipe Scolari e Neymar levou vantagem nos critérios de desempate –teve cinco gols de saldo, contra três dos rivais.

A própria classificação mexicana para a Copa foi um exemplo da imprevisibilidade que marca a seleção do país. Nas eliminatórias, a equipe escapou de ser eliminada graças a uma virada nos acréscimos do segundo tempo dos Estados Unidos –que já tinham carimbado o passaporte para o Mundial no Brasil –contra o Panamá, que jogava em casa. Na repescagem, o México bateu a Nova Zelândia e, enfim, conquistou a sonhada –e, por vezes, surpreendente– vaga na Copa.

Agora, os torcedores mexicanos recorrem ao inesperado mais uma vez. “O Uruguai também passou pela repescagem para a Copa de 2010 e chegou às semifinais do torneio. A Holanda sabe defender bem e contra-ataca de forma muito rápida. Mas não é uma equipe invencível”, avisa o engenheiro Márquez. Talvez ele tenha razão. Afinal, no domingo, a imprevisível tricolor estará em campo.

Antes da batalha, a descontração

A seleção mexicana retomou os seus treinamentos nesta semana na cidade de Santos, no litoral do Estado de São Paulo, em um clima de descontração, antes do confronto decisivo contra a Holanda pelas oitavas de final da Copa do Mundo, no próximo domingo, na Arena Castelão, em Fortaleza (Nordeste brasileiro).

Na primeira parte do treino regenerativo da última quarta-feira, aberta à imprensa, os jogadores e a comissão técnica comemoraram já no gramado do centro de treinamento Rei Pelé o 26º aniversário do lateral-esquerdo Miguel Layun, uma das peças-chave da equipe no Mundial e que defende a equipe do América, da Cidade do México.

Layun foi “vítima” do chamado corredor polonês –quando um jogador se vê obrigado a passar por um túnel formado pelos próprios atletas e recebe as felicitações em forma de tapas e boladas. Do lado de fora do centro de treinamento, os torcedores presentes também homenagearam o jogador pela data.

“Muito obrigado a todos pelas felicitações, arrancamos da melhor maneira na Copa”, disse o atleta, via Twitter.

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