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Os grupos gays celebram que os Reis da Espanha vão recebê-los pela primeira vez

Dom Felipe e dona Letizia recebem representantes de federações de diversidade sexual A reunião acontece em um encontro com 300 representantes de organizações sociais

Natalia Junquera

"Os Reis nos receberam em sua primeira semana (de reinado), enquanto que a vice-presidenta do Governo nem respondeu as duas vezes que pedimos para nos reunir com ela." Assim comemorou Boti García, presidenta da Federação Espanhola de Lésbicas, Gays, Transexuais e Bissexuais (FELGTB), o convite feito por dom Felipe e dona Letizia para a audiência com quase 300 representantes de 190 ONGs e coletivos sociais hoje no palácio de El Pardo. "Para nós é muito importante que o Chefe de Estado nos receba e poder pedir que defenda os direitos dos homossexuais dentro e fora do país, onde ser homossexual inclusive é motivo de pena de morte", acrescentou García, que admitiu ter ficado muito surpresa pelo convite de La Zarzuela.

"Esta é uma excelente forma de começar um reinado", declarou José María Núñez Blanco, presidente estatal da fundação Triángulo, que defende a igualdade de gays, lésbicas e transexuais. "Agradecemos muito o interesse, a empatia e a receptividade dos Reis, especialmente da Rainha." Em sua opinião, o fato de serem convidados a uma de suas primeiras audiências depois da proclamação na última quinta lança à sociedade "uma mensagem de normalidade e integração". "Acreditamos que quando [dom Felipe] falou em diversidade em seu primeiro discurso como rei, embora todo mundo tenha interpretado como uma mensagem territorial, também estava falando das diversidades de orientações sexuais", comentou. Núñez classificou de "histórica" o convite a El Pardo, cujo anterior "inquilino", recordou, referindo-se a Franco, reprimiu com dureza os homossexuais durante a ditadura através de leis como a de “Vagabundos e Meliantes”, que enviou muitos à prisão. O presidente da fundação Triángulo presenteou aos Reis uns contos infantis que ensinam a tolerância com o coletivo homossexual. "Também convidamos a que conheçam nossos filhos".

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"Temos um interesse especial em que um de nossos primeiros atos como Reis seja este encontro com uma representação ampla, embora necessariamente incompleta, de representantes de organismos públicos, organizações não-governamentais, associações e pessoas, que em todos os campos se dedicam com esforço e generosidade a ajudar aos mais fracos e vulneráveis, aos que mais necessitam." Vocês são a foto da solidariedade na Espanha", disse dom Felipe aos quase 300 representantes de entidades sociais. "A crise econômica que afetou nosso país nos últimos anos e que ainda afeta tantas pessoas e famílias nos demonstra até que ponto é importante o que vocês fazem e até onde puderam chegar com suas convicções, sua sensibilidade social e também com seu profissionalismo. Por isso, nesta ocasião tão particular, a Rainha e eu queremos expressar nosso agradecimento e o de todos os cidadãos. Vocês são um exemplo magnífico, um referente para todos e uma mostra da vitalidade da sociedade espanhola que, frente a dificuldades sabe se superar e colocar à frente seus princípios para cooperar, ajudar e aplicar com acertos seus conhecimentos em benefício dos demais."

Os convidados, entre os quais havia membros da Cruz Vermelha, Unicef, associações de ajuda a mulheres maltratadas, de vítimas de doenças raras, deficientes ou coletivos que luta pela abolição da prostituição, dedicaram aos Reis um longo aplauso no Palácio de El Pardo. O presidente da Unicef Espanha entregou a dom Felipe e dona Letizia seu último relatório e conversou com os Reis sobre as escandalosas cifras de pobreza infantil no país: "Mais de dois milhões e meio de crianças vivem abaixo do nível de pobreza", denunciou. O padre Ángel celebrou que os Reis tenham inaugurado seu reinado reunindo "a várias pessoas de diferentes religiões e orientação sexual" que representam milhares de pessoas que a cada dia ajudam os mais fracos e que demonstram que na Espanha "não existe uma crise de valores".

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