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Copa do Mundo 2014

Scolari não queria a catimba chilena

A seleção de Sampaoli era a menos desejada pelo técnico brasileiro

L. J. M.
Scolari, durante o jogo entre Brasil e Camarões.
Scolari, durante o jogo entre Brasil e Camarões.VANDERLEI ALMEIDA (AFP)

Catimba é um termo popular arraigado no vocabulário do futebol brasileiro e usado para descrever duelos tensos, principalmente contra equipes uruguaias e argentinas. São duelos duros e marcados pela malandragem, em que os jogadores mais experientes costumam assumir o controle. Luiz Felipe Scolari considera que o Chile é capaz de tentar fazer um jogo catimbeiro, que poderia irritar uma equipe como a seleção brasileira. “Se eu pudesse escolher outra seleção para enfrentar nas oitavas de final, escolheria outra. O Chile tem a catimba, tem organização e qualidade, e além disso é uma seleção sul-americana”, advertiu Felipão.

O medo de Scolari com relação à equipe de Sampaoli não é de hoje. Durante a concentração, em Teresópolis, fosse em conversas privadas ou em entrevistas, ele já havia deixado claro que não queria este confronto: “Agora todo mundo fala do Chile, do quanto são bons, mas eu já falo com eles faz muito tempo. Não é uma coisa de agora”. Scolari tem na memória dois amistosos recentes com o Chile, nos quais comprovou que o ritmo intenso de jogo, a pressão, a qualidade individual de Alexis Sánchez, Valdivia ou o poderio de armação de Arturo Vidal podem comprar a vida do Brasil. Em abril de 2013 o Chile empatou por 2 a 2 no Mineirão e, em novembro do mesmo ano, o Brasil venceu por 2 a 1 no Canadá, com muitas dificuldades.

Scolari continua fiel à sua ideia de que a seleção está progredindo. “A natureza não dá saltos”, filosofou, enquanto analisava a primeira fase da seleção brasileira. “Agora começa o mata-mata e não podemos cometer alguns erros que tivemos porque não há chance para corrigi-los. Precisamos melhorar o passe no meio-campo, às vezes ficamos ansiosos e nos falta um pouco mais de pressão”, analisou. “Contra Camarões, em geral gostei da equipe, apesar dos altos e baixos. Eles chegaram nos superar em alguns momentos e isso não pode mais acontecer a partir de agora”, advertiu.

Será um jogo muito tático, eles pressionam muito e nós, também. Haverá uma batalha de muita luta pelos espaços no meio-campo Luiz Gustavo

Os jogadores brasileiros também não gostaram da ideia de enfrentar o Chile, que quer uma vingança da Copa do Mundo da África do Sul, quando foi derrotado por 3 a 0, também nas oitavas de final; porém naquele jogo os chilenos estavam repletos de desfalques que impediram o técnico Marcelo Bielsa de montar um time que pudesse vender cara a derrota. “Scolari não queria o Chile”, disse Oscar, “porque é uma seleção sul-americana que nos conhece e sabe como jogamos”. Pelo estilo de jogo das duas equipes, o que se prevê é uma partida difícil de se desenrolar. “Será um jogo muito tático, eles pressionam muito e nós, também. Haverá uma batalha de muita luta pelos espaços no meio de campo”, assegura Luiz Gustavo, que aponta Arturo Vidal como destaque. “Conheço bem ele, pela passagem que teve no Bayer Leverkusen. Joguei contra ele muitas vezes. É um jogador que gosta de dominar sua área de ação quando defende e quando ataca. “É difícil saber onde pode estar a chave do jogo, com duas equipes tão agressivas e pretendem chegar tão rápido ao ataque. O Chile será um rival complicado e pode ser que tente jogar uma partida de ataque e contra-ataque. O contragolpe pode ser decisivo”, opinou o volante Ramires.

“O Chile evoluiu muito seu jogo nos últimos anos. Estamos vendo os jogos deles desde que o campeonato começou, porque não temos apenas que treinar e jogar, temos de ficar atentos a todos os adversários e agora começa a Copa de verdade, não podemos cometer erros”, disse Daniel Alves. O lateral-direito terá pela frente Alexis Sánchez. “Não pensem que sei como pará-lo, temos que estar atentos a ele”, brincou sobre seu possível duelo com o companheiro de Barcelona. “Os chilenos correm tanto que parecem jogar com mais jogadores”, afirmou o zagueiro David Luiz, que fica pensativo quando perguntado sobre um dos fatores que se prevê no jogo de sábado, a catimba. “Nós somos jogadores profissionais, já sabemos disso e como fazer para ganhar esse tipo de jogo.

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