Cameron intensifica sua campanha para afastar Juncker da Comissão
O britânico enfatiza que os Estados, e não a Eurocâmara, devem eleger o presidente
O primeiro ministro britânico, David Cameron, intensifica sua campanha para que o líder do Partido Popular Europeu, Jean-Claude Juncker, não seja nomeado presidente da Comissão Europeia. Apesar de haver, em outras ocasiões, tratado Juncker de "federalista da velha-guarda", o líder britânico insiste em que sua crítica não se baseia em atacar de forma pessoal o luxemburguês, "um veterano político europeu, com grande experiência". Em sua opinião, os chefes de Governo dos países-membros devem centrar-se em "encontrar o melhor candidato a presidente da Comissão. Alguém que possa levar a UE pelos caminhos da reforma, que promova o crescimento e o emprego", escreve em um artigo publicado em vários jornais europeus. E em sua opinião, essa pessoa não é Juncker.
Cameron sustenta que à luz do novo método de eleição – os tratados estabelecem que ao designar o presidente da Comissão, o Conselho deve ter em conta os resultados eleitorais – antes das eleições "os principais partidos políticos fizeram um pacto de bastidores para, depois do pleito, unir suas forças e apoiar o candidato do partido que obtiver o maior número de assentos", escreve e enfatiza que "esta ideia nunca foi aprovada pelo Conselho Europeu", nem ratificada pelos Parlamentos nacionais.
Acrescenta o britânico que os eleitores não foram às urnas para eleger o presidente da Comissão, mas seus representantes na Eurocâmara. Cameron defende em seu artigo a autonomia do Conselho Europeu – e, portanto, dos Estados-membros – para designar o candidato à presidência da CE e acusa o Parlamento Europeu de estar tergiversando os tratados ao querer não só votar o candidato, mas defini-lo de antemão. Na quinta-feira, o líder dos socialistas europeus, Martin Schulz, e também presidente da Eurocâmara, se posicionou a favor de apoiar Junker e de formar uma grande coalizão à alemã.
"Agora alguns membros do Parlamento Europeu [em alusão a Schulz, o promotor do sistema Spitzenkandidaten] inventaram um procedimento no qual escolhem e elegem o candidato", escreveu Cameron. "Segundo os tratados, aos chefes de governo corresponde sugerir o candidato à presidência da Comissão Europeia, para o qual devem 'considerar' o resultado das eleições europeias. Logo os deputados do PE devem escolher esse candidato em votação secreta", diz Cameron.
Cameron ressalta que "Jean Claude Juncker não estava em lugar algum nas papeletas eleitorais. Nem sequer na Alemanha – por isso a ideia dos candidatos teve mais difusão – mais de 15% da população sabia que Juncker era candidato", acrescenta no artigo.
Juncker foi o candidato à presidência da Comissão do PPE, o mais votado nas eleições de 25 de maio, ao que não pertencem os conservadores britânicos, já que em 2009 Cameron decidiu tirar seu partido do bloco popular europeu para formar o grupo antifederalista "Conservadores e Reformistas" junto com os eurocéticos checos, poloneses e outros sócios menores da Croácia, Dinamarca, Hungria, Holanda, Itália, Letônia e Lituânia.
O partido “Conservadores e Reformistas Europeus” aceitou na quinta-feira, depois de uma votação secreta, os eurocéticos alemães, o partido Alternativa pela Alemanha (AfD), em seu grupo parlamentar no PE, algo que pode piorar as relações entre a primeira-ministra alemã Angela Merkel e o primeiro-ministro britânico. Cameron, que havia manobrado para bloquear a entrada do AfD, viu como seu poder diminui dentro do grupo que formou.
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