A NSA coleta milhões de imagens de rostos de pessoas na Internet
Os Estados Unidos utilizam as fotos e os vídeos em programas de reconhecimento facial com fins de inteligência
A novela sobre os longos tentáculos da Agencia Nacional de Segurança segue em alta. A NSA intercepta milhões de imagens de rostos de pessoas que circulam por Internet e que utiliza para programas de reconhecimento facial com fins de inteligência, segundo publicou neste domingo o diário The New York Times a partir de documentos de 2011 obtidos pelo ex-analista da agência Edward Snowden. Trata-se do primeiro vazamento desde que na quarta-feira a rede NBC divulgasse a primeira entrevista concedida por Snowden a um canal de televisão, na qual se considerou um patriota por revelar a espionagem em massa dos Estados Unidos.
Há alguns meses o jornal The Guardian publicou que a NSA e sua equivalente britânica interceptava imagens de usuários do Yahoo! feitas desde as câmeras frontais de computadores. A informação do Times vai bem mais longe e revela uma prática muito estendida nos últimos quatro anos em enquadramento dos esforços da NSA de tirar proveito do enorme fluxo de fotografias que circulam em e-mails, mensagens de texto, redes sociais ou videoconferências; e que considera similar a outros métodos de espionagem, como a interceptação de telefonemas telefônicas.
Em 2011 a agência interceptava “milhões de imagens ao dia”, incluindo cerca de 55.000 de reconhecimento facial de qualidade, que geram um “tremendo potencial”, segundo um documento filtrado, que destaca a oportunidade que contribuiu para conhecer a vida diária e a biografia de determinados indivíduos. O jornal revela que a maioria das imagens corresponderiam a cidadãos estrangeiros obtidas através da Internet, satélites e cabos.
A NSA busca tirar proveito ao enorme fluxo de fotografias que circulam em e-mails, mensagens de texto, redes sociais ou videoconferências
Mesmo assim, não se conhece o número total de fotografias reunidas pela NSA, que ficam registradas em um programa diferente da obtenção do telefonema, incluídas as conversas telefônicas que estão autorizadas na conhecida como Seção 215, a disposição da Lei Patriótica. A reforma do programa de recompilação em massa de telefonemas telefônicos está sendo objeto de debate no Capitólio após o presidente norte-americano, Barack Obama, prometer limitar seu alcance.
A lei norte-americana não estabelece uma proteção específica de privacidade às imagens faciais e segundo os especialistas existe uma lacuna legal significativa. Um porta-voz da NSA citado pelo jornal disse que a agência precisaria da aprovação dos tribunais para obter fotografias de norte-americanos, ao se considerar um conteúdo de comunicação e como já ocorre com os grampos telefônicos e de e-mails. Mas as comunicações entre norte-americanos e cidadãos no exterior poderiam ser consideradas uma exceção.
A agência governamental intensificou seu projeto de identificação facial depois de dois atentados frustrados contra os Estados Unidos em 2009 e 2010, o de um homem que explodiu uma bomba que levava escondido a bordo de um avião que voava a Detroit e a frustrada detonação de um artefato em um carro na Times Square em Nova York.
Existe uma lacuna legal nos EUA
Segundo o diário, a NSA tem a capacidade de cruzar imagens registradas em diferentes bancos de dados. Por exemplo, fotografias faciais que intercepta de videoconferências através de Internet com imagens do registro de terroristas mais procurados pelos EUA, informação de passageiros de linhas aéreas e fotografias das carteiras de identidade de cidadãos estrangeiros registrados em bancos de dados internacionais. Tudo isso permite identificar um determinado indivíduo embora mude de aspecto físico.
A NSA, de acordo com os documentos filtrados pelo Times, estava tendo acesso a bancos de dados oficiais no Paquistão, Irã e Arábia Saudita para completar ainda mais sua capacidade de espionagem nesses países. Por exemplo, conseguiu localizar um campo de treinamento de milicianos no Paquistão ao comparar fotografias obtidas por satélites de espionagem com imagens pessoais no exterior interceptadas pelos EUA.
O porta-voz assegurou que a agência não tem acesso às fotografias das carteiras de motoristas e os passaportes de cidadãos norte-americanos, mas evitou comentar se tem acesso ao banco de dados do departamento de Estado de fotografias de cidadãos estrangeiros que solicitaram um visto de residência nos EUA. Também não quis analisar se a NSA obtém imagens de norte-americanos através de redes sociais na Internet, como o Facebook.
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