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Os cinco presos de Guantánamo

Os talibãs levavam anos tentando negociar sua libertação

Yolanda Monge

Os cinco presos afegãos de Guantánamo transferidos no sábado para o Catar em troca da liberdade do soldado americano Bowe Bergdahl não foram escolhidos às pressas. Os talibãs levavam anos tentando negociar sua libertação. Os cinco são homens que antes de sua captura tinham algum tipo de poder dentro das fileiras talibãs, ainda hoje dirigidas pelo mulá Omar, homem com o qual vários destes réus de Guantánamo tiveram relação direta. A cadeia de comando que existia no momento de sua captura continua em grande medida em pé, o que para os críticos desta troca de prisioneiros é um motivo de grande preocupação.

A bordo de um avião C-17, os cinco presos chegaram no sábado ao Catar com a proibição de poder viajar durante um ano e o compromisso do Governo de Doha de mantê-los sob estreita vigilância, submetidos a uma espécie de prisão domiciliar. Todo cuidado é pouco, já que no passado existiram casos de prisioneiros liberados que voltaram para as fileiras do jihadismo, como aconteceu com Ibrahim Bin Shakaran, marroquino morto quando liderava um comando extremista que operava na Síria e tinha laços com a Al-Qaeda.

A última lista com o número total de presos mantidos em Guantánamo tinha 149 nomes, incluídos os cinco trocados agora pela liberdade de Bergdahl. Estes são seus nomes e suas breves biografias.

Mulá Mohamed Fazl

Um dos primeiros homens capturados no Afeganistão, foi transferido ao centro de detenção em janeiro de 2002. Fazl, um dos membros fundadores do Talibã, foi subindo na hierarquia até ocupar o cargo de chefe do Estado-Maior durante o regime talibã no Afeganistão. A ONG Human Rights Watch o acusa de ter supervisionado a matança de milhares de muçulmanos xiitas perto de Cabul entre 1998 e 2001.

Abdul Haq Wasiq

Acusado também pelo Human Rights Watch de cometer assassinatos em massa durante o regime talibã. Foi subdiretor de espionagem e chegou a ser considerado um dos confidentes mais próximos do mulá Omar. Segundo os militares de Guantánamo, “utilizou seu escritório para apoiar a Al-Qaeda” e foi uma peça fundamental “no esforço dos talibãs para formar alianças com outros grupos fundamentalistas islâmicos”.

Khirullah Said Wali Khairkhwa

Ex-governador da província de Herat, tem 47 anos e foi também ministro do Interior. Próximo do mulá Omar, teve estreitos laços com o atual presidente afegão, Hamid Karzai, que colaborou brevemente com o Governo talibã de Cabul na década de noventa. É descrito como um dos homens “diretamente associados” com o falecido líder da Al-Qaeda Osama bin Laden e acusado de ser “o chefão das drogas opiáceas” do país.

Mohamed Nabi Omari

Durante seus interrogatórios em Guantánamo, disse ter colaborado com a CIA na caçada ao mulá Omar. Uniu-se ao Talibã depois dos anteriores e sua alegada colaboração com a inteligência dos EUA pode trazer-lhe problemas em sua nova vida no Catar. Nabi foi chefe de segurança dos talibãs em Qalat, na província de Zabul, no sul do Afeganistão. É acusado de ter laços com a rede fundamentalista islâmica Haqqani.

Mulá Norullah Nori

Quando as tropas do EUA entraram no Afeganistão, em outubro de 2001, Nori era um alto comandante na estratégica província de Mazar-i-Sharif, no norte do Afeganistão. Era considerado um dos principais líderes dos talibãs presos em Guantánamo.

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