_
_
_
_
_

A Europa busca no México a redução da sua dependência energética da Rússia

O ministro de Exteriores espanhol propõe que o seu país sirva de ponte para atrair gás mexicano e reconduzi-lo à União Europeia

Jan Martínez Ahrens
O ministro de Assuntos Exteriores espanhol, no México.
O ministro de Assuntos Exteriores espanhol, no México.José Méndez (EFE)

O México tem a matéria prima; a União Europeia, a necessidade; e a Espanha a forma de satisfazer a ambos. Sob essa premissa, a diplomacia espanhola colocou em seu ponto de mira as enormes reservas de gás mexicano. O objetivo é que Madri faça uso de sua grande capacidade de regaseificação para atrair o excedente energético do país americano, o reconduzir à UE e, desse modo, reduzir a sua dependência da Rússia em um “momento geoestratégico chave”, segundo o ministro de Assuntos Exteriores espanhol, José Manuel García-Margallo, de visita ao México para preparar a cúpula bilateral que será realizada entre 9 e 10 de junho em Madri.

O ministro assinalou que a crise ucraniana destacou a grande debilidade europeia em matéria energética -24% do gás consumido na UE procede da Rússia. “Embora a Espanha não seja afetada, há de se reduzir essa dependência. Nosso país, com sete plantas regaseificadoras, pode processar até 100 bilhões de metros cúbicos ao ano, mas só consome 31 bilhões. Esse excedente de capacidade deve ser aproveitado para atrair o gás mexicano, tratá-lo na Espanha e servir ao resto da Europa. Seríamos a ponte entre ambos”, detalhou Margallo.

O interesse espanhol pela produção mexicana coincide com a abertura próxima à iniciativa privada estrangeira da exploração de jazigos no país americano. Essa reforma energética, promovida pelo presidente, Enrique Peña Nieto, e cujos detalhes ainda são debatidos no Parlamento, aumentará a produção em um momento em que a busca europeia por novas fontes de fornecimento se acelerou. “O México é uma oportunidade e, desde já, tentaremos que nossas empresas possam participar nas explorações a serem abertas no futuro”, disse Margallo, que recusou se pronunciar sobre a tensão entre a Pemex e a Repsol. “São empresas privadas e respondem a seus acionistas. O Governo espanhol não interfere”, avaliou.

A visita ao México, que inclui um encontro com Peña Nieto, coincide com um “momento brilhante”, segundo o ministro, da relação entre os dois países: “Tanto o diálogo político em fóruns como a ONU ou o G-20, como as relações econômicas, vão a todo vapor. A Espanha, com 23,7 bilhões de euros por ano, é o segundo maior investidor no México, atrás apenas dos EUA. E o México investe 20,8 bilhões por ano em nosso país”.

Na cúpula de Madri será reforçada a aliança estratégica entre os dois países mediante a assinatura de convênios que reúnem de segurança (com formação de agentes e cruzamento de dados sobre criminalidade) até a cultura e o intercâmbio de talentos acadêmicos. Peña Nieto e o primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, assinaram a declaração política para renovar a relação de associação estratégica entre ambos os países, assim como acordos de cooperação em matéria de telecomunicações, infraestrutura, desenvolvimento industrial e energia. Também estão contemplados acordos de cooperação em direitos autorais, patrimônio cultural subaquático e cooperação cultural.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_