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Um site colaborativo mapeia onde falta água em São Paulo

Governo do Estado nega a interrupção do abastecimento. Toda a Grande São Paulo e diversas cidades do interior têm algum foco de falta d’água

Marina Rossi
Capa do site que aponta os focos de falta de água em São Paulo.
Capa do site que aponta os focos de falta de água em São Paulo.

Falta água no Estado de São Paulo. E enquanto o site da Sabesp, a companhia de abastecimento do Estado, tira do ar a página de acompanhamento dos níveis dos mananciais e o governador do Estado de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) nega que exista racionamento de água, um site se dispõe a apontar as cidades e bairros do Estado que estão sofrendo com a falta d'água. 

Afetados pelo baixo nível do Sistema Cantareira, o reservatório de água responsável pelo abastecimento de 55% da Região Metropolitana de São Paulo (que compreende 39 municípios) que está, desde o início do ano, com sua reserva baixa, os usuários do site Faltou água apontam o endereço e a frequência – nos últimos meses, todos os dias, nas últimas semanas, de vez em quando... - da falta de água. Com as informações enviadas, o mapa da Grande São Paulo fica cada vez mais pintado de bolas laranjas, nos focos da regiões afetadas pela interrupção do abastecimento.

“O Governo do Estado nega o racionamento, mas é inegável a crise de abastecimento. Se tivermos dados suficientes, poderemos cobrar as nossas autoridades!”, informa o site, que, no final da tarde desta quarta-feira, já contabilizava mais de 6.400 likes. "Foram raros os dias em que tivemos água depois das 22h. Em alguns dias parou até antes (desse horário). E volta sempre perto das 6h", dizia Bruna Cavallini Rodrigues. "Estou desde domingo (18/05) sem água e até agora não tenho respostas aceitáveis. A Sabesp diz que enviou uma equipe, mas até agora nada", dizia Cristiano Monegatto.

A ideia de enfrentar racionamento de água ronda o Estado de São Paulo desde o início do ano. O verão, que normalmente é uma época chuvosa, foi mais seco neste ano, reduzindo a reserva da Cantareira a níveis históricos. Na semana passada, o volume de água do reservatório ficou abaixo de 10% pela primeira vez na história, segundo o site G1. Ainda assim, Alckmin seguia descartando a implantação de racionamento de água neste ano, que é um ano eleitoral.

Até agora, a única medida efetivamente tomada pelo Governo foi a utilização do volume morto da Cantareira, o que significa que, desde a quarta-feira da semana passada, dia 14, o reservatório com 400 milhões de metros cúbicos de água situado abaixo das comportas do Sistema Cantareira está sendo usado para tentar garantir o abastecimento na Grande São Paulo. Essa medida fez com que o nível de água aumentasse 18,5%.

Com o uso do volume morto, o secretário de Saneamento e Recursos Hídricos do Estado de São Paulo, Mauro Acre, afirmou à Folha de S. Paulo que não há risco de racionamento de água até março de 2015 e disse que a implantação de um rodízio é “o pior dos mundos para todo mundo e em particular para os consumidores”.

Além da utilização do volume morto, o Governo vem tentando incentivar a economia de água por meio de bônus. Os moradores que reduzem o consumo recebem um desconto de 20% na conta final. Ainda assim, a medida não foi suficiente e deve ser implementada uma multa de 30% na conta para os usuários que tiverem consumo maior em relação à média mensal de consumo no ano passado. A medida deve valer a partir de junho, mês em que a cidade de São Paulo receberá milhares de pessoas para a Copa do Mundo.

Pesquisa

Uma pesquisa realizada pelo Data Popular e divulgada na terça-feira da semana passada, dia 06, aponta que 23% das pessoas que vivem no Estado de São Paulo enfrentaram falta de água nos últimos três meses. Na região metropolitana esse índice sobe para 35%.

Ainda segundo o levantamento, 25% dos paulistas de baixa renda já sofreram, nos últimos três meses, com a falta d’água, enquanto entre os que recebem mais de 10 salários mínimos (mais de 7.240 reais por mês) esse percentual ficou em 12%.

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