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A Ucrânia faz ‘lobby’ contra a Rússia na América Central

O embaixador ucraniano na região adverte que os aliados de Moscou poderiam imitar no futuro sua falta de respeito às fronteiras

O embaixador ucraniano para a região, Ruslán Spírin.
O embaixador ucraniano para a região, Ruslán Spírin.Álvaro Murillo

Os renovados vínculos da Rússia com alguns países da América Central e a vontade por buscar apoios para o conflito vigente com a Ucrânia ativaram os alertas da diplomacia deste país, que intensifica o lobby para manter os apoios políticos e lança uma dura advertência. “Os aliados pró-Rússia na América Latina poderiam imitar sua falta de respeito com as fronteiras. Se estão o apoiando, é porque estão de acordo com o que faz e em qualquer momento podem ser eles os que decidam ver as fronteiras como se viam no século XII”, disse o embaixador ucraniano no México, Ruslán Spírin, concorrente para a Guatemala, Belize, Costa Rica e Panamá, durante sua viagem à Costa Rica para participar do discurso de posse presidencial de Luis Guillermo Solís.

Não é gratuito seu pouso em solo costarriquense. Spírin sabe que a Costa Rica mantém um conflito jurídico territorial com a Nicarágua, o principal aliado de Moscou na região centroamericana e tem convênios que implicam a presença de forças russas em seus mares e negócios de compra de armas, como denunciaram autoridades costarriquenses depois da visita do chanceler Sergei Lavrov a Manágua, há duas semanas.

Spírin não se encarrega da relação da Ucrânia com a Nicarágua nem de El Salvador porque isso é feito por seu colega em Cuba (“são regimes similares”, opinou). No entanto, afirmou que a região completa é de interesse para seu país agora que anda pelo mundo em busca de mercados e relações comerciais. “Obviamente nossos sócios maiores agora estão na União Europeia, mas a América Latina é uma região muito valiosa e, como parte dela, a América Central nos interessa porque temos sócios importantes, como a Costa Rica, e possibilidades de projetos conjuntos com outros países, como o Panamá”.

Os negócios com os fertilizantes, aço, produtos farmacêuticos e agroindustriais são, segundo Spírin, possibilidades abertas com o mercado da América Central. Além disso, disse, há um projeto aeroespacial avançado com o México e a opção de estabelecer no Panamá uma sede para os aviões de carga ucranianos Antonov que voltem pelo continente. “Buscamos diversificação das relações econômicas. Quando perdemos o mercado da Rússia (pelo conflito), precisamos abrir espaços aqui na América do mesmo jeito que eles estão buscando, acho, porque perderam o mercado da Ucrânia; tenho certeza de que precisam de algo”.

O diplomata, que também assistiu ao encontro de presidentes do México e de países do Caribe, nos dias 29 e 30 de abril em Mérida, fez questão de criticar a Rússia porque considera enganador seus argumentos sobre a aproximação com a região. “Se eles dizem que não está acontecendo nada com a América Central, significa que está ocorrendo outra coisa”, disse em seu último dia na Costa Rica, país que decidiu em abril eliminar o requisito de visto para os cidadãos russos, com o fim de atrair seus turistas.

O advogado Enrique Castillo, que deixou o cargo de chanceler costarriquense na quinta-feira passada, acusou a Nicarágua de abrir as portas à Rússia, inclusive com o suposto estabelecimento de bases militares, mediante acordos bilaterais que implicam na negociação de armas.

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