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Descoberta uma estrela irmã do Sol a 110 anos-luz de distância

Os traços químicos e a dinâmica do astro indicam que ambos se formaram na mesma nuvem de gás e pó, há mais de 4,5 bilhões de anos

Localização no céu da estrela HD 162826, irmã do Sol.
Localização no céu da estrela HD 162826, irmã do Sol.McDonald Observatory

Um astro situado a cerca de 110 anos-luz de distância da Terra, na constelação de Hércules, foi identificado por uma equipe internacional de astrônomos como “o primeiro irmão do Sol” a ser encontrado. Ambas as estrelas devem ter se formado na mesma nuvem de gás e pó, mais de 4,5 bilhões de anos atrás. “Queremos saber onde nascemos”, afirma Iván Ramírez, cientista da Universidade do Texas, em Austin, e líder da equipe. “Se pudermos averiguar em que parte da galáxia se formou o Sol, poderemos determinar as condições do Sistema Solar primitivo, e isso nos ajudaria a compreender por que estamos aqui.”

A estrela em questão, denominada HD 162826, é 15% mais maciça que o Sol e não se distingue a olho nu no céu, embora seja fácil de encontrar com binóculos no Hemisfério Norte, perto da estrela Vega. Em sua órbita não há nenhum planeta gigante, tipo Júpiter, mas os pesquisadores, que apresentam suas conclusões na revista The Astrophysical Journal, não descartam que possa haver planetas menores. Quanto à distância a que está, os 110 anos-luz da Terra, convém recordar que a estrela mais perto de nós, chamada Próxima Centauri, está a 4,2 anos-luz.

O Sol, a HD 162826 e milhares de outras estrelas teriam se formado por efeitos gravitacionais em uma nuvem de gás e pó na galáxia, mas os objetos formados teriam se dispersado e agora podem estar em diferentes partes da Via Láctea, explica Ramírez. “Algumas estrelas, como a HD 162826, estão ainda nas proximidades do Sol, outras estarão muito mais longe”, acrescenta.

Os pesquisadores seguiram a pista de 30 estrelas identificadas por diversos grupos científicos como candidatas a parentes do Sol. Em especial, a equipe de Ramírez estudou 23 desses astros com o telescópio Harlan J.Smith, do Observatório McDonald (Universidade do Texas), e os outros sete, os visíveis do Hemisfério Sul, com o telescópio Clay Magellan, do observatório de Las Campanas (Chile). As análises espectroscópicas da luz dessas estrelas permitiram identificar as características químicas cruciais (os elementos ítrio e bário foram fundamentais). Além disso, os astrônomos investigaram a dinâmica orbital dessas estrelas para conhecer seus movimentos, e disto se ocuparam dois especialistas da equipe, A.T. Bajkova, do observatório Pulkovo, de São Petersburgo (Rússia), e V.V.Bobylev, da Universidade Estatal de São Petersburgo. A combinação das informações obtidas nessas duas linhas de trabalho confluiu na identificação da HD 162826 como irmã do Sol.

Ramírez adianta que esse trabalho pode levar a outros semelhantes, que conduzam à localização de mais astros familiares. Além disso, observa o pesquisador em um comunicado da Universidade do Texas, há alguma probabilidade “pequena, mas não zero”, de que as estrelas irmãs possam ter em suas órbitas planetas que abriguem vida.

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