_
_
_
_

O despejo de um acampamento opositor em Caracas ressuscita os protestos

A repressão da Polícia e da Guarda Nacional ao desmantelar quatro acampamentos de estudantes reacende a luta nas ruas da Venezuela, que havia diminuído nas últimas semanas

Distúrbios nas ruas de Caracas.
Distúrbios nas ruas de Caracas.Carlos Garcia Rawlins (REUTERS)

A consequência mais imediata do despejo do acampamento opositor na madrugada da quinta-feira em Caracas foi a reativação dos protestos na rua contra o Governo do presidente Nicolás Maduro. Até esse cerco, levado a cabo por membros da polícia e da Guarda Nacional Bolivariana, as manifestações pareciam ter diminuído, consumidas pelo cansaço e o temor à repressão.

Na quinta-feira ao final da tarde, o bairro de Los Palos Grandes foi palco de novos combates entre manifestantes e a polícia, que culminaram com um servidor público da Polícia Nacional Bolivariana assassinado, outros dois feridos por bala e o incêndio da sede do Fundo de Desenvolvimento Microfinanceiro (Fondemi). Maduro condenou a violência em um discurso retransmitido por ordens oficiais pouco depois, através da rede de emissoras de rádio e televisão do país.

Em uma tentativa de desmentir o chamado caráter pacífico dos acampamentos da oposição, o Ministério Público, próximo ao chavismo, revelou nesta sexta-feira os resultados dos exames toxicológicos aplicados em alguns estudantes presos na quinta-feira. A promotora Luisa Ortega Díaz disse que 49 pessoas de 190 avaliadas deram positivo nas provas antidroga. No dia anterior, o ministro do Interior e Justiça, Miguel Rodríguez Torres, mostrava em uma coletiva de imprensa maços de dólares norte-americanos e restos de droga como supostas provas do caráter do protesto opositor. “Dá pena comprovar como muitos jovens estavam submetidos à degradação humana”, agregou o ministro durante o funeral do policial assassinado.

Nas principais cidades do país centenas de pessoas voltaram às ruas nesta sexta-feira sem desordem como na véspera. Os estudantes, por exemplo, protestaram em uma das portas da Universidade Central da Venezuela porque negaram aos 243 estudantes presos o direito de contratar advogados. “Isto constitui uma ilegalidade e uma amostra da política repressiva contra quem protestamos pacificamente por nossa liberdade e a democracia. A defesa de nossos parceiros estudantes, que foram presos arbitrariamente, humilhados e feridos por policiais e militares, será assumida pelos defensores públicos, isto é, por um advogado pago pelo regime”, expressaram em um comunicado.

O fim de semana terá novas manifestações. Os universitários anunciaram a convocação de uma marcha neste sábado com motivo do Dia das Mães até a sede da Nunciatura Apostólica. E na segunda-feira, os opositores relembrarão os três mortos nas manifestações. Desde 12 de fevereiro milhares de venezuelanos saíram às ruas para exigir o fim do Governo de Maduro, considerado pela oposição como o culpado pela inflação, próxima a 60% ao ano, pela escassez de bens básicos e pela delinquência.

A ONU condenou a violência na Venezuela e criticou a falta de informação sobre o paradeiro de manifestantes presos. “Estamos preocupados pelos relatórios a respeito do uso excessivo da força pelas autoridades em resposta aos protestos”, manifestou um porta-voz da Oficina do Alto Comissário para os Direitos Humanos em Genebra. Apesar de ter admitido alguns excessos policiais na repressão aos violentos protestos, o Governo negou veementemente que na Venezuela se violem os direitos humanos.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_