Dois supostos jihadistas franceses são presos em Iêmen
Al Qaeda responde com atentados em Sanaa, capital do país, à ofensiva das autoridades contra seus feudos Um ataque contra o palácio presidencial deixa cinco guardas mortos
Um porta-voz militar anunciou nesta sexta-feira a prisão de dois jihadistas franceses que estavam lutando na Al Qaeda no sul do Iêmen, segundo a agência de notícias estatal Saba. Além disso, o Exército assegura ter matado outros dois supostos membros da organização, um especialista em explosivos do Daguestão e outros da Arábia Saudita. Desde o final de abril, o Governo lançou uma ofensiva contra os feudos dos insurgentes, que responderam com diversos atentados; o último esta tarde contra o palácio presidencial em Sanaa, capital do país, matou cinco soldados que faziam guarda, informa a France Presse.
Os franceses, identificados como Murad Abdullah Abbad e Taha al-Issawi, são de origem tunisiana. De acordo com a informação oficial, os serviços de segurança deteve os dois nesta sexta na província de Hadramut quando tentavam escapar por meio de um aeroporto local.
Os franceses, identificados como Murad Abdullah Abbad e Taha al-Issawi, são de origem tunisiana
Embora não seja incomum a presença de jihadistas estrangeiros no Iêmen, é a primeira vez que se anuncia a detenção de cidadãos franceses. As autoridades insistem com frequência na presença de forasteiros entre os dirigentes e militantes da Al Qaeda na Península Arábica (AQPA), o grupo surgido da fusão dos ramos no Iêmen e na Arábia Saudita. O presidente Abd Rabbuh Mansur Al-Hadi chegou a dizer, inclusive, que cerca de 70% dos membros da organização vinham de outros países.
AQPA tem aproveitado da debilidade do Estado desde os protestos que agitaram o país na primavera árabe em 2011 para se fortalecer no sul. Desde o final de abril, o Exército iemenita iniciou uma ofensiva para colocar fim ao controle desse grupo sobre a região montanhosa de Al Kur, onde confluem as províncias de Shabwa, Abyan e Bayda. Na primeira delas foi onde terminaram mortos ontem o especialista em explosivos e o saudita, identificado como Turki Abdel Rahman.
Os EUA e seus aliados temem que a AQAP, o ramo mais ativo do grupo terrorista, aproveite a crescente desestabilização do Iêmen para realizar novos atentados contra alvos internacionais
Durante este sábado, as tropas governamentais enfrentaram os militantes instalados em uma colina na estrada principal da comarca de Al-Mahfad (Abyan). Segundo o relato oficial, os insurgentes fugiram deixando três mortos e dois feridos, que foram detidos.
Em represália, o grupo atacou hoje o palácio presidencial em Sanaa e tentou assassinar sem sucesso o ministro de Defesa, Mohamed Nasser Ahmad, segundo informou Reuters. Ahmad voltava de uma visita a um dos feudos da AQAP recuperados pelos soldados no início desta semana. Desde o início da ofensiva, as forças iemenitas parecem contar com o apoio de aviões não tripulados (drones) norte-americanos, embora nem Washington nem Sanaa confirmem.
Os EUA e seus aliados temem que AQAP, o ramo mais ativo do grupo terrorista, aproveite a crescente desestabilização do Iêmen para realizar novos atentados contra alvos internacionais. O país, um dos mais pobres do mundo, ainda enfrenta um movimento separatista no sul e uma revolta no norte.
Por outra parte, as autoridades iemenitas expulsaram do país um dos dois únicos jornalistas estrangeiros acreditados, Adam Baron do Christian Science Monitor. Segundo as autoridades, uma crescente onda de ataques contra cidadãos de outros países o colocavam em risco.
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