_
_
_
_

Libertados os observadores da OSCE retidos na Ucrânia

Kiev se mostra decidida a seguir a ofensiva para reduzir a rebelião pró-russa

Luis Doncel
Axel Schneider, um dos inspetores libertados, em Slavyansk.
Axel Schneider, um dos inspetores libertados, em Slavyansk.V. MAXIMOV (AFP)

Os rebeldes pró-russos libertaram neste sábado os sete inspetores militantes da OSCE retidos na Ucrânia. Terminam assim oito dias de tensão nos quais os líderes ocidentais -com uma especial insistência por parte da Alemanha- exigiram a libertação sem que houvesse alguma condição em troca e apontaram as autoridades de Moscou como as responsáveis por libertá-los. A equipe, formada por quatro alemães (entre eles um tradutor), um checo, um polonês e um dinamarquês, aterrissa na tarde deste sábado em Berlim, onde serão recebidos pelos ministros da Defesa dos quatro países.

A libertação dos militares, enviados para a Ucrânia em uma missão liderada por um coronel alemão, elimina um foco de tensão, mas coincide com o agravamento do conflito depois da morte de meia centena de ativistas pró-russos na cidade de Odessa.

A princípio, os rebeldes que capturaram a equipe da OSCE (Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa) descreveram os retidos como prisioneiros de guerra. Depois de alguns dias exibindo dureza, o autoproclamado prefeito popular da cidade de Slaviansk, Vyacheslav Ponomaryov, acabou por libertá-los depois que o presidente russo, Vladímir Putin, enviou um negociador. "Como prometi, celebramos ontem meu aniversário, e eles se foram. Já disse que eram meus hóspedes", disse à agência Reuters. "Fomos bem tratados. Mas não pode ser dito que éramos seus convidados", respondeu um dos libertados nas declarações ao canal alemão n-tv.

Ponomaryov apresentou a libertação como um ato de boa vontade, mas a pressão ocidental foi fundamental. "A Rússia deve assumir as suas responsabilidades. E para isso, temos que encarar os fatos. Ainda não libertaram os prisioneiros da OSCE. Este é um passo importantíssimo", avisava na sexta-feira de Washington a chanceler Angela Merkel, imitada por seu anfitrião, o presidente Barack Obama. Em uma declaração conjunta, os ministros alemães de Assuntos Exteriores e de Defesa mostraram sua alegria pela libertação e agradeceram as manobras a Vladímir Lukin, o enviado de Putin à zona para solucionar o conflito.

A retenção dos inspetores da OSCE teve repercussões no debate político alemão nesta semana. O antigo chanceler Gerhard Schröder recebeu uma onda de críticas por uma fotografia tirada na segunda-feira passada em que abraçava calorosamente o presidente russo em uma festa organizada em sua honra em São Petersburgo. Philip Missfelder, porta-voz de política exterior do partido democrata-cristão, que também assistiu ao ágape, sentiu a necessidade de se defender no popular diário Bild na sexta-feira passada. "Pudemos falar com Putin sobre a libertação dos prisioneiros. Acho que é melhor aproveitar estas possibilidades para dialogar", disse depois da enxurrada de críticas recebidas.

Os oito inspetores da OSCE -um sueco doente por complicações da diabetes foi libertado no domingo passado por motivos humanitários- faziam parte de uma missão militar organizada sob o guarda-chuva da Convenção de Viena, um acordo assinado pelos 57 membros da OSCE (incluindo a Rússia) em 1990 para fomentar o controle de armas e a confiança entre países.

Há outros observadores desta organização em solo ucraniano, mas os retidos se diferenciam por ser militares e por informar diretamente a seus ministros de Defesa. O Governo da Ucrânia solicitou em março que militares desarmados de outros países inspecionassem o terreno pelas suspeitas de movimentos militares incomuns. Diferentemente da missão de observadores civis, o envio de militares ocorreu somente através de acordos bilaterais e não requer o consenso entre todos os membros da OSCE. É por isso que a Rússia considerava uma “provocação” e uma “irresponsabilidade” a presença de militares da UE em solo ucraniano.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_