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Francisco, três vezes protagonista

A vida do pontífice argentino serve de inspiração para um documentário e dois filmes O primeiro estreia três dias após as canonizações de João Paulo II e João XXIII

O papa Francisco.
O papa Francisco.ANDREAS SOLARO (AFP)

Há papas com as portas fechadas e papas com as portas abertas. A maioria dos pontífices –Bento XVI é o último exemplo— têm que governar o Vaticano e pastorear os fiéis. Só alguns sucessores de Pedro conseguem ultrapassar as fronteiras do catolicismo e se tornar, por uma razão ou outra, em líderes mundiais, figuras midiáticas ou referências espirituais inclusive para quem vê a fé como uma barreira. Está claro que Jorge Mario Bergoglio é um deles. Mas também o foram os dois papas, tão diferentes entre si, que serão canonizados no próximo domingo em Roma. De fato, João XXIII, João Paulo II e Francisco são os únicos papas que a revista Time dedicou o reconhecimento de “homem do ano” desde sua fundação em 1923.

Isso sim, o flerte de Francisco com a opinião pública foi ainda mais rápido que o de um papa tão midiático e tão viajante como João Paulo II. Durante uma jornada sobre as iminentes canonizaciones celebrada na Universidade Pontificia da Santa Cruz, Giovanni Maria Vian, o diretor do l’Osservatore Romano, lembrou que João XXIII apareceu na capa da Time como homem do ano em 1962, quatro anos após ser eleito, e João Paulo II em 1994, quando já tinha 16 anos de pontificado. Francisco mal precisou de alguns meses e, ao ritmo que leva, não seria estranho que repetisse. A isso contribui sem dúvida –tal como sublinhou em seu momento Nancy Gibbs, chefe de redação de Time — o uso em massa de Internet: “A tecnologia se faz viral e transforma o mundo menor e as vozes individuais ficam mais altas”. Mas também não há assunto que afete ao preocupado homem corrente de hoje –a falta de trabalho, a desigualdade, o desamparo dos velhos, a incerteza dos jovens, a voracidade do sistema econômico— que não encontre em Bergoglio palavras claras de ânimo ou reivindicação. Daí que, mal um ano após sua eleição, até o cinema se dispõe a acolher em suas salas diversos aspectos da vida do papa argentino. E não só com um projeto, senão com três.

O primeiro chegará às telas só três dias após as canonizações. Trata-se de um documentário biográfico, dirigido por Miguel Rodríguez Arias e Fulvio Iannucci, intitulado Francisco de Buenos Aires: A revolução da igualdade. É um percurso pela vida de Bergoglio desde a infância até sua chegada ao papado, parando-se com especial atenção nos terríveis anos da ditadura argentina. “O papa Francisco”, declarou Rodríguez, “lembra-nos a figura de João XXIII dentro da Igreja, mas também, quanto ao mundo político, a Gandhi ou a Mandela; um homem para a história”.

Nos outros dois projetos estão envolvidos dois conhecidos diretores italianos, Liliana Cavani e Daniele Luchetti. O filme de Cavani também se centrará principalmente nos anos da ditadura, baseando no livro La lista de Bergoglio, publicado pelo jornalista Nello Scavo, que sustenta que o então pai provincial dos jesuítas na Argentina salvou dezenas de pessoas das garras dos militares. “A trama do filme”, segundo Cavani, “será muito humana, mas também dura, e oferecerá uma matéria de reflexão profunda. Assim como o livro de Scavo, quer esclarecer as duras insinuações [uma atitude morna de Bergoglio ante a ditadura] que circularam justo após sua eleição como papa”. O filme dirigido por Daniele Luchetti tem como título provisório Call me Francesco e enfrentará a figura de Francisco desde o ponto de vista de um laico.

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