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Os EUA e o Iêmen lançam uma operação “sem precedentes” contra a Al Qaeda

Dezenas de pessoas morrem em três dias de bombardeios Há suspeitas do uso de 'drones' nos ataques O Ministério do Interior anuncia 55 mortos só no domingo

Ángeles Espinosa
Caminhonete supostamente atingida por um 'drone' norte-americano.
Caminhonete supostamente atingida por um 'drone' norte-americano.EFE

Várias dezenas de pessoas morreram no sul do Iêmen durante uma operação “sem precedentes” contra o bastião do grupo Al Qaeda na Península Arábica (AQPA) iniciada no último sábado e que ainda continua em andamento. O Ministério do Interior iemenita informou hoje a morte de 55 integrantes da AQPA só nos bombardeios de domingo a um de seus campos de treinamento. O comunicado assegura que entre eles há três destacados dirigentes terroristas, mas não especifica seus nomes, nem menciona vítimas civis. Também não informa dos mortos em outros ataques nos quais se suspeita que tenham participado aviões não tripulados (drones) dos Estados Unidos.

Um míssil disparado de um desses aparelhos destruiu nesta manhã um carro no qual viajavam três supostos militantes da Al Qaeda, na província de Shabwa (sudeste), segundo testemunhas citadas pelas agências de notícias. A imediata chegada de um helicóptero para recolher os corpos carbonizados fez com que nas redes sociais se especulasse que, entre eles, se encontrava o de um chefe local da AQPA, mas não houve confirmação oficial a respeito. O ataque foi o terceiro na operação que tem durado dias seguidos.

No sábado, dez supostos terroristas morreram ao ser atingidos por outro míssil enquanto viajavam em uma van na vizinha Bayda. O projétil também matou três civis cujo carro passava no momento pelo local, segundo a agência estatal Saba.

Mas o eixo da ofensiva foram os bombardeios de ontem a um campo de treinamento da Al Qaeda na região montanhosa de Wadi Ghadina, na província de Abyan, dos quais, além de drones norte-americanos, participou a aviação iemenita. Segundo o site do Ministério da Defesa, vários dos 55 mortos no local eram estrangeiros. A AQPA, que reúne desde 2009 as ramificações locais da Al Qaeda no Iêmen e na Arábia Saudita, conta com um grande número de cidadãos deste último país. Washington considera essa franquia a mais ativa do grupo no mundo.

“Essa operação sem precedentes foi executada depois [do recebimento] de informações segundo as quais a Al Qaeda preparava atentados contra instalações vitais, militares e de segurança, e contra interesses estrangeiros no Iêmen”, declarou um alto responsável iemenita não identificado e citado pela Saba.

As fontes iemenitas estão focadas na intervenção de suas tropas. Segundo o citado responsável, caças MiG-29 do Exército iemenita participaram do bombardeio de Wadi Ghadina, e que se prolongou durante três horas. Além disso, comandos das forças especiais se dispersaram nas redondezas para perseguir os militantes que tentavam escapar dos ataques, de acordo com um servidor público que falou com a rede de televisão CNN.

O presidente iemenita, Abed Rabbo Mansur Hadi, anunciou a concessão de uma medalha de honra à unidade antiterrorista, depois de agradecer e elogiar o trabalho desempenhado durante a ofensiva. Para Hadi, que assumiu há dois anos a presidência, depois da revolta popular que forçou o fim do mandato de Ali Abdullah Saleh, é importante que a luta contra a Al Qaeda se sinta como um esforço iemenita. O grupo terrorista aproveitou a fraqueza do Governo central para se estabelecer na região montanhosa de Al Kur, para onde confluem as citadas províncias de Shabwa, Abyan e Bayda.

Como é habitual nesses casos, nem o Iêmen nem os EUA confirmaram o controvertido uso de drones, que as organizações internacionais de direitos humanos equiparam a execuções extrajudiciais. Os analistas também questionam sua eficácia. Mas, desde 2009, esta tem sido uma prática recorrente da CIA, que utilizou o seu primeiro drone armado no Iêmen para matar um membro da Al Qaeda em 2002. Nos últimos cinco anos, o centro de estudos norte-americano New America Foundation documentou o seu uso em 107 ocasiões, nas quais causou entre 753 e 965 mortes, incluindo a de pelo menos 81 civis.

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