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CRISE NA UCRÂNIA

Os rebeldes pró-Rússia se armam e avançam no leste da Ucrânia

Os ativistas contrários à Kiev tomam edifícios públicos em várias cidades

Pilar Bonet
Um homem armado vigia a delegacia tomada ante o olhar dos vizinhos.
Um homem armado vigia a delegacia tomada ante o olhar dos vizinhos.ANATOLIY STEPANOV (AFP)

A rebelião do Leste da Ucrânia contra o poder central em Kiev se estende e se arma. Neste sábado, os ativistas da autodenominada República Popular de Donetsk (RPD), que até agora controlava apenas o edifício da Administração Provincial ocupado em 6 de abril, tomaram vários edifícios públicos na localidade de Slaviansk, a mais de uma centena de quilômetros ao norte de Donetsk. Segundo fontes dos manifestantes, trata-se de três delegacias de polícia, a sede local do Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) e a prefeitura.

As autoridades da Ucrânia consideram os acontecimentos do sábado “uma manifestação de agressão exterior por parte da Federação Russa”, segundo o ministro do interior, Arsén Avákov, em sua página de Facebook, na qual confirmou que o Conselho de Segurança Nacional e Defesa havia se reunido em caráter de urgância em Kiev. “Os grupos de forças do Ministério do Interior e do Ministério de Defesa cumprem o plano operativo de reação”, manifestou Avákov, sem dar detalhes.

O ministro disse também que estavam acontecendo tiroteios na localidade de Kramatorsk (a cerca de 17 quilômetros ao sul de Slaviansk), onde desconhecidos estavam assaltando a sede da polícia, que revidava a agressão. Em Krasni Liman, ao norte de Slaviansk, houve um ataque dos rebeldes que, segundo Avákov, portavam fuzis de produção russa AK de um modelo que “se encontra apenas em poder das Forças Armadas da Federação Russa”. Em Slaviansk foi destruída a torre de comunicação móvel.

As autoridades centrais equipararam as manifestações pró-Russas no Leste da Ucrânia a “terrorismo”, e, caso decidam sufocar a rebelião de forma imperativa, ainda estão analisando qual é a capacidade real para isso, dado o problema de lealdade das tropas de intervenção especial (as antigas Berkut), responsabilizadas pelos sangrentos confrontos de fevereiro em Kiev.

Em Donetsk capital, as tropas de intervenção especial anunciaram ontem que se negam a cumprir ordens de desalojar os edifícios ocupados. Um grupo de representantes destas unidades, com o uniforme com fitas de São Jorge (símbolo pró-Rússia), intervieram diante da delegação provincial do Ministério do Interior e em frente à administração provincial, para deixar claro que não iriam atuar contra o povo e que, caso aconteça uma reação, “defenderiam a população”.

Pela noite, o Governo provisório da RPD considerava a possibilidade de pedir às ex-Berkut que guardassem o edifício que ocupa. Para isso, se dispunha a iniciar conversas com essas unidades especiais, cujos representantes voltavam a suas bases depois de sua declaração pública.

A ofensiva em escala regional começou pela manhã na unidade policial de Slaviansk, onde os invasores tomaram 20 fuzis e 400 pistolas Makarov. Depois foi tomada a sede local do Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU). A prefeita, Nelia Shtepa, anunciou que sua cidade fará o referendo para decidir se a província deve se tornar independente da Ucrânia e se unir à Rússia.

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