OTAN escolhe novo secretário-geral em meio ao conflito com a Rússia
O antigo primeiro-ministro da Noruega Jens Stoltenberg substituirá o dinamarquês Rasmussen no comando da Aliança do Atlântico
![Lucía Abellán](https://imagenes.elpais.com/resizer/v2/https%3A%2F%2Fs3.amazonaws.com%2Farc-authors%2Fprisa%2Fedf41fa9-ff1c-4e26-a54a-2a73e563e5b5.jpg?auth=46e5d0084352962bc59788c5c734f33691e83ce3c263e96f1124698bad2cf2d1&width=100&height=100&smart=true)
![Jens Stoltenberg, que foi primeiro-ministro norueguês, em junho passado.](https://imagenes.elpais.com/resizer/v2/7PUBG4EYFKBVNFHGFX7R3DJXTQ.jpg?auth=dd43818ea11738c52d6543ee1ae672fa3afa65036213e9c0923c757a82acec11&width=414)
Em meio ao estremecimento causado pela ameaça russa, os países membros da OTAN conseguiram entrar em acordo para nomear o novo secretário-geral da organização. O antigo primeiro-ministro norueguês Jens Stoltenberg substituirá o dinamarquês Anders Fogh Rasmussen no próximo mês de outubro, segundo informou a Aliança do Atlântico em um breve comunicado.
Stoltenberg ocupou o cargo de primeiro-ministro na Noruega de 2005 até setembro passado (já desempenhou essa função em um breve período entre 2000 e 2001). Para suceder a Rasmussen, este trabalhista de 55 anos recebeu o apoio primordial dos Estados Unidos, Alemanha e do Reino Unido. Todos os demais países também respaldaram a sua eleição, formalizada hoje pelo Conselho do Atlântico Norte.
A nomeação de Stoltenberg, que não tomará posse até próximo dia primeiro de outubro, ocorre em um momento de mudança na OTAN. Depois de muitos anos centrada em missões exteriores, como a do Afeganistão (e, em muita menor medida, na Líbia em 2011), a organização volta a se ocupar das ameaças que pairam sobre alguns de seus países membros. A anexão da Crimeia à Rússia acendeu todos os alarmes dos aliados e está obrigando a propor uma série de medidas desconhecidas há muito tempo.
Durante seu mandato, iniciado em 2009, Rasmussen se caraterizou por uma retórica e por medidas muito moderadas, que só nas últimas semanas, desde a russificação da Crimeia, começaram a se intensificar. Depois do fim da Guerra dos Bálcãs, na qual a OTAN interveio decisivamente, esta organização adquiriu um perfil bem mais discreto, que coincidiu com uma etapa de fortes cortes orçamentários na área de defesa. A missão no Afeganistão, que foi encerrada neste ano, ficará como principal legado de Rasmussen na cúpula da organização.
A incógnita sobre o sucessor manteve-se o tempo suficiente para que Rasmussen, de 61 anos, recebesse nesta semana pela primeira vez uma visita em Bruxelas do presidente norte-americano, Barack Obama. Pouco antes dessa reunião, celebrada na passada quarta-feira, Obama aproveitou para elogiar o trabalho do presidente dinamarquês (também antigo primeiro-ministro de seu país) na Aliança do Atântico.
Por suas responsabilidades políticas anteriores e sua procedência nórdica, Stoltenberg apresenta um perfil muito similar ao de Rasmussen, embora procedam de distintos ramos políticos (o próximo secretário-geral, dos trabalhistas noruegueses e o atual, dos liberais). Com a presença de um norueguês, o comando da organização recai desta vez sobre um europeu alheio à União Europeia.
Dentro desta nova etapa de confrontação com a Rússia, a OTAN tem um encontro marcado na próxima semana, com a reunião dos ministros de Assuntos Exteriores dos países aliados, que devem decidir as medidas a ser adotadas para enfrentar esse desafio. Entre elas, o envio de tropas ao leste do continente para fazer frente a qualquer movimento inesperado por parte da Rússia.