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Alemanha bloqueia a venda de material militar para a Rússia

Berlim proíbe a empresa Rheinmetall de entregar aeronaves para a simulação de combate avaliadas em 390 milhões de reais

Angela Merkel, em Berlim.
Angela Merkel, em Berlim.TOBIAS SCHWARZ (REUTERS)

O Governo alemão adotou nesta quarta-feira uma simbólica medida de reação à atuação russa na Crimeia. Seis dias depois da velada declaração de guerra econômica anunciada pela chanceler Angela Merkel diante do plenário do Bundestag, o ministro da Economia e vice-chanceler, Sigmar Gabriel, deu ordens de paralisar a venda de um centro dotado de aeronaves para a simulação de combate para o Exército russo que devia ser feito pelo consórcio Rheinmetall no país.

“Na situação atual, o Governo não considera adequado o envio de um centro de treinamento de combate para a Rússia”, manifestou o ministério da Economia. Em sua fala diante do Bundestag, Merkel advertiu a Rússia dos “danos políticos e econômicos em massa” que se produziriam se não mudasse sua atitude política na Ucrânia.

Rheinmetall tinha se comprometido a construir ao longo do ano uma instalação altamente sofisticada na qual cerca de 30.000 soldados ao ano poderiam ser treinados em técnicas de combate modernas. Segundo os contratos vigentes, o centro, que devia treinar soldados da infantaria e contingentes de divisões de tanques, devia entrar em funcionamento no decorrer do ano.

Segundo Rheinmetall, o centro de treinamento reunia as técnicas mais modernas para treinar os soldados e oficiais do Exército russo. O projeto tinha um custo de 120 milhões de euros (390 milhões de reais).

Em seu discurso, Merkel disse que se Rússia não mudasse seu curso, em breve entraria em vigor uma segunda etapa de sanções, que contempla um congelamento das contas bancárias que têm políticos, militares e oligarcas no estrangeiro e dos vistos para viajar. No caso de Rússia prosseguir com sua política de desestabilização da Ucrânia entrará em vigor uma terceira etapa. “Poderia ser afetada de diferentes formas a cooperação econômica”, advertiu o chanceler.

As sanções que podem ser implementadas pela Alemanha contra Moscou têm deixado em alerta os principais consórcios alemães, que temem que uma longa e construtiva relação econômica possa acabar em desastre. Mais de 6.000 empresas têm representação na Rússia com investimentos estimados em mais de 20 bilhões de euros e cerca de 300.000 postos de trabalho na Alemanha dependem das boas relações econômicas entre Berlim e Moscou.

A forte dependência mútua entre os dois países influiu na posição diplomática do governo de Merkel, que, quando estourou a crise, evitou aprovar sanções contra a Rússia e tentou a via diplomática para buscar uma solução. Mas a atitude intransigente adotada pelo governante russo convenceu Berlim a se mover no terreno do confronto.

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