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A perda de gelo na Groenlândia se acelera pelo aquecimento

Na zona Nordeste da grande ilha do Ártico, a massa gelada reduz-se em 10 gigatoneladas ao ano

Um glaciar da Groenlândia.
Um glaciar da Groenlândia.henrik egede-lassen

A camada gelada do nordeste da Groenlândia, que permanecia estável desde ao menos o último quarto do século XX, está se reduzindo a um ritmo acelerado. Na última década, e devido ao aquecimento, a massa de gelo ali diminui em 10 bilhões de toneladas ao ano, o que tem um impacto nada depreciável no aumento global do nível do mar. A conclusão foi de um grupo de cientistas que analisou os dados da rede de meia centena de estações GPS na região, que permite pesar o gelo que calca a base rochosa; quando o gelo se funde, a rocha que tem embaixo responde se elevando. Além disso, combinaram esta informação com os registros de quatro satélites norte-americanos e europeus.

Já se conhecia a notável perda de gelo em quase toda a borda da Groenlândia, exceto no Nordeste, uma zona especialmente fria onde a deslocação das geleiras para o mar estava freado na costa precisamente pelos blocos gelados do Ártico. Mas essa barreira costeira está se reduzindo, enquanto se acelera o avanço dos glaciais de toda a bolsa de Zachariae. Além disso, o aquecimento na zona provoca a redução da camada gelada e a mesma fusão do gelo acelera seu avanço, afirmam Shfaqat A. Khan, cientista da Universidade Técnica da Dinamarca e líder da equipe, que apresenta sua descoberta na revista Nature Climate Change.

“Este estudo demonstra que a perda de gelo no Nordeste se está acelerando, o que significa que todas as margens da camada gelada da Groenlândia são instáveis”, resume Michael Bevis, da Universidade do Estado de Ohio (EUA). Khan e seus colegas utilizaram os dados da elevação do gelo de Groenlândia, de 1978 a 2012, para estimar as mudanças de grossura perto da costa e assim descobriram a instabilidade do Nordeste há uma década, quando o incremento das temperaturas do ar na região dispararam a dinâmica da redução dos glaciais.

Para dar uma ideia do alcance do fenômeno, a Universidade do Estado de Ohio assinala que o gelo de Zachariae se retirou uns 20 quilômetros nos últimos dez anos, enquanto uma das geleiras mais dinâmicas de Groenlândia, a Jakobshavn, no Sudoeste, retrocedeu 35 quilômetros em 150 anos.

A bolsa do Zachariae representa 16% do gelo da grande ilha ártica, pelo que o degelo acelerado terá um impacto nada depreciável no aumento subida do nível do mar na escala planetária. E o modelo de projeção do clima, até agora, conta com um degelo pouco significativo nessa região, advertem os pesquisadores em seu artigo. “A camada gelada da Groenlândia é um dos principais contribuintes do aumento global do nível do mar nos últimos 20 anos, dando conta de 0,5 milímetros de acréscimo por ano do total de 3,2 milímetros anuais ano”, explicam. Agora, os novos dados sugerem que “a contribuição da Groenlândia à elevação do nível do mar pode ser inclusive maior no futuro”, aponta Bevis. Por isso, este achado é preocupante, adverte Khan.

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