“Não é justo dizer que não somos favoritos”
O piloto alemão se apoia na capacidade da Red Bull de aprimorar o carro e Fernando Alonso não se compromete: “Não tenho nem ideia sobre em quem apostar”
Os boxes do circuito de Albert Park, em Melbourne, onde no domingo se reinicia o Mundial de Fórmula 1, pareciam nesta quinta-feira pela manhã com a loja da IKEA. As empilhadeiras das diferentes equipes iam e vinham, algumas carregadas ao máximo com caixas ainda por desembalar, como a Red Bull, e outras um pouco mais ágeis. A movimentação estava agitada no paddock com a finalidade de ter tudo pronto na medida do possível, diante a estreia mais indefinida de que se tem recordação em muito tempo. Se a maioria dos protagonistas concorda em indicar a Mercedes como principal candidata a ganhar a primeira corrida do calendário, ninguém se atreve a prever quem levará o prêmio no final da temporada. O potencial que a Red Bull exibiu nos últimos anos pode lhe permitir dar uma virada em uma situação que a priori se apresenta muito delicada para a escuderia do búfalo vermelho, e ninguém sabe com exatidão como está a competitividade da Ferrari, que durante a pré-temporada poderia ter guardado alguma carta.
Os resultados das provas internas levaram a Mercedes e seus clientes (Williams, McLaren e Force Índia) a serem apontadas como favoritas. Ao mesmo tempo, parece que as equipes que dependem do material (basicamente a unidade de potência) fornecido pela Renault (Red Bull, Lotus, Caterham e Toro Rosso) têm medo que alguma peça arrebente de modo inesperado. Nesse sentido,a tônica dos testes se mantém: muito trabalho e muito pouco tempo para fazê-lo e comprovar se o caminho definido está certo.
Uma boa forma de visualizar como estão as coisas em cada box começa com uma olhada nos carros que começarão a rodar amanhã, e em compará-los com os protótipos empregados nos últimos ensaios, há duas semanas, no Barein.
“A estrutura inteiriça será muito diferente do que vimos então porque durante o inverno tivemos muitos problemas e demos muito poucas voltas”, disse Vettel. “As caixas que vocês viram devem ser de comida porque o Ferrari será idêntico”, respondeu Alonso, que é considerado um dos corredores mais ciumentos do paddock no que se refere a qualquer informação sobre seu carro. “Teremos algumas melhorias, mas a base é a mesma que a do Barein”, disse Hamilton.
Mudanças também na cronometragem
Como se não bastasse a série de novidades no regulamento técnico, a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) aprovou nesta quinta-feira um conjunto de mudanças que serão aplicadas imediatamente na cronometragem, começando já neste sábado. Para evitar na medida do possível que alguns pilotos decidam não sair na última fase da classificação (Q3), e desse modo reservem um jogo extra de pneus para o domingo, a Pirelli oferecerá um conjunto extra a cada corredor, que deverá ser devolvido no final da prova, tendo sido utilizado ou não. Além disso, essa última eliminatória terá seu tempo aumentado em 2 minutos (de 10 para 12), os mesmos que perderá a Q1 (de 20 a 18 minutos). Por fim, os dez classificados para a Q3 começarão a corrida com os pneus que conseguiram seu melhor tempo na Q2, em vez de fazê-lo com os utilizados na Q3.
Se normalmente é muito difícil conseguir que os pilotos façam comentários quando chega o momento de fazer apostas, a conjuntura atual e a quantidade enorme de mudanças que entrarão no regulamento lhes permite se esgueirarem um pouco mais. No entanto, ninguém gosta de ser descartado logo de cara. “Não é justo dizer que não somos favoritos ao título, porque ainda há muito tempo. A pré-temporada não foi a ideal e não estamos na melhor condição para disputar esta corrida. Mas há dois anos Fernando chegou aqui e ficou a 1,5 segundo da pole, e apesar de mais lento lutou até o último momento”, argumentou o tetracampeão mundial. “Não tenho ideia sobre em quem apostar, nesse momento é muito difícil dizer se somos competitivos ou não em relação aos demais”, concluiu Alonso.
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