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IMPASSE UCRANIANO

Homens uniformizados disparam contra ativistas do Maidán na Crimeia

As vítimas iam gravar um vídeo da ocupação em um escritório de recrutamento em Simferópol quando seu carro foi atingido por disparos

Uma manifestação a favor da permanência da Crimeia na Ucrânia, neste domingo em Simferópol.
Uma manifestação a favor da permanência da Crimeia na Ucrânia, neste domingo em Simferópol.ALEXEY FURMAN (EFE)

Um grupo de homens uniformizados supostamente pertencentes às tropas russas disparou contra um carro de ativistas do Maidán (praça da Independência de Kíev) em Simferópol, a capital da região autônoma separatista ucraniana da Crimeia, segundo a agência Unian.

"Começaram a disparar contra os pneus. Algumas balas atingiram o corpo do automóvel. Dispararam rajadas (...). Ainda bem que não deram na parte dali, mais acima (do carro)", relatou o ativista Alexéi Tamrázov. O tiroteio aconteceu no momento em que os membros do movimento Ucrânia Convosco tratavam de gravar com uma câmera de vídeo a ocupação pelos uniformizados de um escritório de recrutamento militar local.

Segundo Unian, no início os ativistas perguntaram aos ocupantes do edifício sobre "o que estavam fazendo", ao que os indivíduos armados responderam dando um prazo de cinco minutos para se retirar; caso contrário, ameaçaram prendê-los.

Depois de se dar conta de que os gravavam, os "homenzinhos verdes" (como ironicamente chamam na Ucrânia aos militares que falam russo sem insígnias que invadiram a península de Crimeia) abriram fogo com metralhadas contra o carro dos ativistas.

Em Sebastopol, onde está a frota russa no mar Negro, houve choques entre partidários da reunificação com Rússia e quem se opõem a ela, depois de uma manifestação de falantes de ucraniano pelo aniversário de 200 anos do nascimento do poeta ucraniano Taras Chevtchenko. Uma centena de homens armados com porretes e chicotes, alguns mascarados  e com jalecos à proca de balas atacaram os agentes que protegiam a manifestação.

Numerosos caminhões militares sem matrículas de identificação e carroças de transporte blindados seguem chegando, segundo o Serviço de Guarda fronteiras da Ucrânia, majoritariamente pró-Rússia, na península da Crimeia, que por sua vez prepara a passo forçado para o referendo sobre sua reunificação com a Rússia.

Mas os incidentes não se limitaram à península da Crimeia. Em Lugansk (no leste da Ucrânia) um grupo de manifestantes pró-russos dispersou violentamente um motim de apoio às novas autoridades ucranianas na cidade e bloqueou a sede da administração regional, segundo vários depoimentos, recolhidos pela agência Unian. Uma meia hora depois que começassem as duas manifestações, os pró-russos atacaram seus oponentes empurrando da praça maior da cidade.

Ao redor de 3.000 manifestantes, que apoiam Moscou em seu conflito com as novas autoridades ucranianas, cercaram o prédio da administração ante cerca de 150 agentes de segurança que não intervieram. A fonte acrescentou que alguns ativistas conseguiram subir ao telhado do edifício da administração para retirar a bandeira ucraniana e içar a bandeira tricolor russa com aplausos e gritos de euforia.

Os manifestantes, que tomaram o controle sobre as entradas do prédio, exigiram a destituição do novo governador da região de Lugansk, Mijaíl Bolótskij. Os participantes desse motim não reconhecem as novas autoridades da Ucrânia, que chegaram ao poder depois de derrubarem o presidente Víktor Yanukóvich, refugiado agora na Rússia.

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