A ala da oposição que convocou o protesto se desvincula da violência
"Queremos mudar esse regime que oprime os venezuelanos", afirmam dois líderes opositores
Os líderes da oposição venezuelana María Corina Machado, Leopoldo López e Antonio Ledezma compareceram diante a imprensa na noite desta quarta-feira para se desvincular dos fatos violentos ocorridos horas antes no centro de Caracas, quando um protesto estudantil contra o Governo de Nicolás Maduro desatou confrontos com a polícia que causaram ao menos três mortes.
"Nos retiramos às 14h20. Sempre dissemos que acompanharíamos os estudantes. Mas eles foram vítimas de uma emboscada momentos depois. Maduro disse que a polícia não se mobilizaria contra jovens, mas não respeitou o compromisso. A Venezuela sabe quem são os violentos”, disse Ledezma, prefeito metropolitano de Caracas, ao acusar os grupos que apoiam o chavismo de serem os responsáveis pela violência.
A coletiva de imprensa foi quase clandestina. No passado, as declarações da oposição recebiam generosos espaços ao vivo por meio da televisão local. Mas a partir de abril, com a venda do último canal combativo, a Globovisión, a oposição ficou sem um meio de comunicação com a sua audiência. A rádio e a televisão privadas mal tratam do que os líderes opositores falam. Foi uma decisão fruto de um tácito acordo entre a direção do canal e o Governo, que assegurou estabilidade política em troca de viabilidade para o negócio. Os sinais são transmitidos graças a uma concessão do Estado venezuelano.
A opositora Mesa da Unidade condenou sem reservas a violência
López, Machado e Ledezma reconheceram o cerco informativo e, ao longo dos 45 minutos do encontro, deixaram claro que vão ocupar as ruas até a mudança de Governo. “Estamos em luta, serenos e firmes. Não vamos ficar de joelhos. Querem tirar de nós a Venezuela, mas vamos dar a vida por ela”.
Machado ainda disse: “ao regime convém a violência. Temem a mobilização cívica e pacífica.” Mais tarde acrescentou: “Diante de um Governo despótico, a resposta é a rua e a organização cidadã. Dizemos que seguiremos na rua por que nosso propósito é mudar esse regime que oprime os venezuelanos”.
Leopoldo López falou sobre os rumores de sua prisão: “Não temos medo por que estamos do lado correto da história, dos que são vítimas da insegurança e não têm resposta”.
Os três líderes fazem parte de uma asa que decidiu que não é possível esperar as eleições de 2019, quando se celebrarão novas eleições presidenciais, para dar um golpe de leme ao rumo do país. A opositora Mesa da Unidade, a coalizão de partidos políticos da que fazem parte, condenou sem reservas a violência ocorrida. “Somos gente de paz”, disse seu secretário executivo, Ramón Guillermo Aveledo. “Se propomos uma mudança é para que os venezuelanos possamos viver em paz, sem exclusões”.
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