As fotos manipuladas de Fidel Castro
A agência AP decide eliminar de seu arquivo sete imagens cedidas pelo Governo cubano e que haviam sido alteradas
Aparecem Fidel Castro à direita e Cristina Fernández de Kirchner à esquerda, sentados em um salão na residência do líder cubano; Fidel falando com Cristina, frente a frente, e a esposa dele, Dalia Soto del Valle, sentada no meio de ambos. Esta e outro grupo de fotografias tiradas em 26 de janeiro último e distribuídas pelo Governo de Havana, foram alteradas digitalmente, segundo informou nesta segunda-feira à tarde a agência de notícias Associated Press, para apagar da orelha esquerda do octogenário líder cubano um aparelho auditivo para a surdez.
“Concluímos que algumas das fotografias oficiais de Fidel Castro foram manipuladas. Remover elementos de uma fotografia é completamente inaceitável e é uma clara violação dos padrões da AP”, disse nesta segunda-feira Santiago Lyon, vice-presidente e diretor de fotografia da agência, através de um comunicado no qual a empresa informa sua decisão de eliminar sete imagens oficiais de Fidel Castro de seu arquivo e de submeter a análise outras 150 fotografias cedidas por Havana nos últimos anos.
As fotos às quais Lyon se refere foram entregues pela agência estatal Estudios Revolución durante a celebração do recente cúpula da CELAC (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) em Havana; a entidade se encarrega de distribuir fotografias oficiais da nomenclatura cubana aos serviços de imprensa oficiais e internacionais que, por sua vez, retransmitem este material a seus clientes em todo mundo.
“A política da agência de notícias é utilizar fotografias cedidas só quando não há outra opção e nesse caso, submetê-las a uma cuidadosa análise para comprovar uma possível manipulação”, acrescenta o comunicado da agência.
Foi durante uma dessas revisões que os editores notaram a primeira anomalia em uma imagem de uma reunião entre Fidel Castro e o presidente de Equador, Rafael Correa, datada de 29 de janeiro passado. “AP adquiriu as imagens originais em alta resolução do arquivo de Alex Castro, filho do líder cubano. A original mostra claramente um cabo fino escorregando no ouvido de Fidel Castro, que não aparece nas fotos alteradas, distribuídas através da Estudios Revolución”, explicou a agência.
Alex Castro captou a maioria das imagens de seu pai, agora com 87 anos, que foram publicadas e distribuídas pelas agências oficiais cubanas desde 2006, quando o estado de saúde obrigou Fidel Castro a ceder o poder a seu irmão Raúl e se retirar da vida pública. O filho do ex-presidente cubano disse à AP que não estava a par de que suas fotografias fossem manipuladas.
Naquele momento, a agência decidiu não transmitir a imagem de Fidel Castro e Rafael Correa. Mas retransmitiu a fotografia onde aparecem Castro e a presidenta Kirchner, junto com outras que, depois de serem revisadas, mostram sinais similares de manipulação. A Associated Press informou ao Governo cubano de sua decisão de eliminar esse material, mas não recebeu nenhuma resposta pública.
Um escândalo similar ocorreu no fim de janeiro na República Dominicana, quando o fotógrafo da agência espanhola EFE Orlando Barría advertiu que a Conferência do Episcopado Dominicano (CED) alterava a foto de um grupo para eliminar dela a cabeça do ex-núncio Josef Wesolowski –investigado no Vaticano por pederastia- e no lugar colocar a de outro sacerdote. A CED admitiu em 6 de fevereiro, através de um comunicado, que manipular as imagens tem sido seu costume desde pelo menos cinco anos. "Seja colocando os bispos novos, ignorando os falecidos ou os que por alguma outra causa deixam de pertencer à Instituição (…) até que possamos realizar uma nova fotografia com a presença de todos os bispos”.
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.