“Cumpro minha missão com as virtudes militares”
Chefe da Autoridade Pública Olímpica, general Fernando Azevedo e Silva tem a missão de viabilizar a realização dos Jogos de 2016
Desde novembro passado a Autoridade Pública Olímpica (APO) brasileira, consórcio formado pelo governo federal, além do estadual e municipal do Rio, está sob o comando de um militar, mais precisamente um general na ativa. Cabe ao carioca Fernando Azevedo e Silva, de 59 anos, a missão de viabilizar a realização dos Jogos do Rio em 2016.
“Encaro o desafio (dos Jogos) como venho fazendo há 40 anos. Estou cumprindo minha missão, com as virtudes militares”, avalia. Entre elas, destaca a transparência, segundo entrevista por telefone concedida ao EL PAÍS nesta terça-feira, no mesmo dia em que foi divulgada a primeira matriz de responsabilidades dos Jogos.
Azevedo e Silva tomou posse na APO em novembro do ano passado, após o pedido de exoneração de Márcio Fortes, que alegou motivos pessoais para deixar o cargo. Fortes tinha um perfil mais político, tendo chefiado o Ministério das Cidades. O mandato de Fortes, que chegou a ser aprovado pelo Senado, vigoraria até julho de 2015.
Já Azevedo e Silva ganhou destaque durante a quinta edição dos Jogos Mundiais Militares, no Rio de Janeiro, em 2011, quando o país ficou em primeiro no quadro geral de medalhas, com 114 no total. Ex-diretor do Departamento do Desporto Militar do Ministério da Defesa e ex-responsável pela Comissão de Desportos do Exército, ele aposta em sua experiência no evento como credencial para um bom desempenho em 2016.
“Como diretor de Desporto Militar, visava a preparação para os Jogos Militares e a inserção também para os Jogos Olímpicos de Londres. Temos um projeto de inserção das forças armadas nas modalidades de alto rendimento”, avalia o general, que também ocupou o posto de presidente da Comissão Desportiva Militar do Brasil.
Apoiado pelo programa de incorporação de atletas de alto rendimento nas Forças Armadas, o Brasil teve cerca de 20% da delegação brasileira composta por oficiais nos Jogos de 2012 na capital britânica. Entre eles a judoca Sarah Menezes, incorporada à Marinha em 2009 e que ganhou o ouro na categoria ligeiro (até 48 kg) no torneio.
No que diz respeito a legados, o general destaca não apenas o das conquistas de medalhas, antecipando metas como a do Brasil entre os dez primeiros no geral e entre os cinco nos Paralímpicos. Azevedo e Silva prevê ainda dois legados após os Jogos de 2016: um tangível e o outro intangível. “O Rio vai ficar bem acima do padrão em que já se encontra”, completa.
Na parte intangível, está a formação de jovens por meio de uma série de instalações. E, na tangível, dois centros de treinamento de excelência, nos bairros da Barra e Deodoro, ambos na zona oeste carioca. Este último, por exemplo, vai ser tornar um enorme espaço de recreação para a comunidade, segundo ele.
Dada a sua disciplina, um tema que poderia causar desconforto é a incógnita criada desde que tiveram início as manifestações populares de junho do ano passado. Os protestos contra a Copa do Mundo, por exemplo, já arrancaram o ano de 2014 em São Paulo reunindo mais de 2.000 manifestantes contra os gastos milionários do evento.
Mas Azevedo e Silva mostra tranquilidade. “A manifestação é uma coisa da democracia. O que não pode é inviabilizar a realização dos Jogos”, diz. “A minha preocupação é fazer uma coordenação e monitoramento para viabilizar a estrutura para os Jogos, para que estes mexam com o orgulho de todo brasileiro”, conclui.
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